domingo, 28 de outubro de 2012

O JULGAMENTO DO MENSALÃO NA RETA FINAL - PETROBRAS (PTBRAS) MAIS UM PREJUÍZO, LUCRO ABAIXO DO ESPERADO -

Bom dia, como estamos acompanhando já há muitos dias, o julgamento do mensalão mostrou que todos os condenados o foram por comprovadamente terem as provas nos autos apontado para esta circunstância. Inegáveis e tantas são ditas provas que não havia outra maneira, com exceção dos juízes petistas declarados, de procederem os juízes na forma da lei e condenarem os mensaleiros que claro não gostaram nem um pouco do fato, continuam a "gritar" que estão sendo julgados politicamente e não juridicamente como se isto fosse diferente, mal feitos na política devem ser julgados juridicamente como o estão fazendo os senhores Ministros, tudo dentro da Lei, comprovadamente roubaram dinheiro público, comprovadamente compraram votos de parlamentares, então, o que querem os réus? 


Como são altos dirigentes petistas, alguns se acham no direito de contestarem os resultados, como sempre do alto da arrogância petista não cometem erros ou mal feitos tudo que fizeram o foi em prol dos brasileiros pobres que deveriam sair da pobreza e se tornarem cidadãos como todos os outros que vivem na tal de "elite" como definem suas lideranças, ora, ora, ora, então roubar dos cofres públicos justifica tal abjetivo? Roubar um pacote de bolacha no comércio dá cadeia, então rouibar do povo brasileiro não deve dar? São de fato muito engraçados, por assim dizer, os petistas condenados, se acham acima da Lei e  contra si nada pode ser proclamado contrariamente a seus "principios" ou passado de "revolucionários" que lutaram pela liberdade da ditadura e pela democracia outrora, não me façam rir deste passado que muitas das vezes fizeram e cometeram tantas monstruosidades como os ditadores no poder, ou roubar bancos, matar inocentes é valido em prol de ideais não tão explícitos como o fazem hoje crer, muitos sabemos e outros podem se informar nos livros desta história que tais ideais muitas das vezes eram ideais que nos levariam a um país muito pior do que vivíamos, com a esquerda no poder teríamos vivido de maneira tão ruim e dificil como vivíamos na época, mudando apenas a nomenclatura de ditadura da direita para ditadura da esquerda como as que se viu nos países onde foi implantada, que houveram e ainda há, muitos males perniciosos contra o povo foram impringidos, ou não? 



Basta olharmos aqui bem perto no que se transformou Cuba até os dias de hoje, liberdade para o povo nenhuma, benesses só para os ligados ao governo pelo partido, e o povo, ora o povo que se dane, privado das minimas possibilidades de liberdade plena vivem até os dias atuais sendo punidos para exemplo quando divergem dos poderes e ditames do Estado que tudo pode sem que possa ser constestado, isto era o que queriam os "querrilheiros de esquerda aqui entre nós, hoje chamados de quadrilheiros pelo Supremo liderados por José Chefe de Quadrilha Dirceu e seu vassalo máximo o homem das massas Luis Inácio Lula da Silva, que tem o dom da palavra mas não a inteligência necessária para organizar um plano de tal envergadura, mas que sabia com certeza sabia, e já frisei aqui, deveria estar entre os réus para tambem, ser preso e ir para a cadeia o lugar que merece.Leiam;

Juarez Capaverde





Marco Aurélio votou pela proscrição do país do faz de conta que desmascarou em 2006

Nesta tarde, antes de enunciar seu voto, o ministro Marco Aurélio Mello releu o magnífico discurso que pronunciou em maio de 2006, quando assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral. Coerentemente, condenou por formação de quadrilha os integrantes do alto comando do bando do mensalão.

Graças aos ministros que souberam honrar a toga, foram desmascarados e punidos os liberticidas que tramaram a captura do Estado Democrático de Direito. Neste 22 de outubro de 2012, pode ter começado a agonizar o país do faz de conta descrito por Marco Aurélio no texto abaixo reproduzido:

Infelizmente, vivenciamos tempos muito estranhos, em que se tornou lugar-comum falar dos descalabros que, envolvendo a vida pública, infiltraram na população brasileira ─ composta, na maior parte, de gente ordeira e honesta ─ um misto de revolta, desprezo e até mesmo repugnância. São tantas e tão deslavadas as mentiras, tão grosseiras as justificativas, tão grande a falta de escrúpulos que já não se pode cogitar somente de uma crise de valores, senão de um fosso moral e ético que parece dividir o País em dois segmentos estanques ─ o da corrupção, seduzido pelo projeto de alcançar o poder de uma forma ilimitada e duradoura, e o da grande massa comandada que, apesar do mau exemplo, esforça-se para sobreviver e progredir.

Não passa dia sem depararmos com manchete de escândalos. Tornou-se quase banal a notícia de indiciamento de autoridades dos diversos escalões não só por um crime, mas por vários, incluindo o de formação de quadrilha, como por último consignado em denúncia do Procurador-Geral da República, Doutor Antônio Fernando Barros e Silva de Souza. A rotina de desfaçatez e indignidade parece não ter limites, levando os já conformados cidadãos brasileiros a uma apatia cada vez mais surpreendente, como se tudo fosse muito natural e devesse ser assim mesmo; como se todos os homens públicos, nas mais diferentes épocas, fossem e tivessem sido igualmente desonestos, numa mistura indistinta de escárnio e afronta, e o erro passado justificasse os erros presentes.

A repulsa dos que sabem o valor do trabalho árduo se transformou em indiferença e desdém. E seguimos como se nada estivesse acontecendo. Perplexos, percebemos, na simples comparação entre o discurso oficial e as notícias jornalísticas, que o Brasil se tornou um país do faz-de-conta. Faz de conta que não se produziu o maior dos escândalos nacionais, que os culpados nada sabiam ─ o que lhes daria uma carta de alforria prévia para continuar agindo como se nada de mal houvessem feito. Faz de conta que não foram usadas as mais descaradas falcatruas para desviar milhões de reais, num prejuízo irreversível em país de tantos miseráveis. Faz de conta que tais tipos de abusos não continuam se reproduzindo à plena luz, num desafio cínico à supremacia da lei, cuja observação é tão necessária em momentos conturbados.

Se, por um lado, tal conduta preocupa, porquanto é de analfabetos políticos que se alimentam os autoritarismos, de outro surge insofismável a solidez das instituições nacionais. O Brasil, de forma definitiva e consistente, decidiu pelo Estado Democrático de Direito. Não paira dúvida sobre a permanência do regime democrático. Inexiste, em horizonte próximo ou remoto, a possibilidade de retrocesso ou desordem institucional. De maneira adulta, confrontamo-nos com uma crise ética sem precedentes e dela haveremos de sair melhores e mais fortes. Em Medicina, “crise” traduz o momento que define a evolução da doença para a cura ou para a morte. Que saiamos dessa com invencíveis anticorpos contra a corrupção, principalmente a dos valores morais, sem a qual nenhuma outra subsiste.

Nesse processo de convalescença e cicatrização, é inescusável apontar o papel do Judiciário, que não pode se furtar de assumir a parcela de responsabilidade nessa avalancha de delitos que sacode o País. Quem ousará discordar que a crença na impunidade é que fermenta o ímpeto transgressor, a ostensiva arrogância na hora de burlar todos os ordenamentos, inclusive os legais? Quem negará que a já lendária morosidade processual acentua a ganância daqueles que consideram não ter a lei braços para alcançar os autoproclamados donos do poder? Quem sobriamente apostará na punição exemplar dos responsáveis pela sordidez que enlameou gabinetes privados e administrativos, transformando-os em balcões de tenebrosas negociações?

Essa pecha de lentidão recai sobre o Judiciário injustamente, já que não lhe cabe outro procedimento senão fazer cumprir a lei, essa mesma lei que por vezes o engessa e desmoraliza, recusando-lhe os meios de proclamar a Justiça com efetividade, com o poder de persuasão devido. Pois bem, se aqueles que deveriam buscar o aperfeiçoamento dos mecanismos preferem ocultar-se por trás de negociatas, que o façam sem a falsa proteção do mandato. A República não suporta mais tanto desvio de conduta.

Ao reverso do abatimento e da inércia, é hora de conclamar o povo, principalmente os mais jovens, a se manifestar pela cura, não pela doença, não pela podridão do vale-tudo, que corrói, com a acidez do cinismo, a perspectiva de um futuro embasado em valores como retidão, dignidade, grandeza de caráter, amor à causa pública, firmeza de propósitos no empenho incondicional ao progresso efetivo, e não meramente marqueteiro, do País. Ao usar a voz da urna, o povo brasileiro certamente ouvirá o eco vitorioso da cidadania, da verdade ─ que, sendo o maior dos argumentos, mais dia, menos dia, aparecerá.

Àqueles que continuam zombando diante de tão simples obviedades, é bom lembrar que não são poucos os homens públicos brasileiros sérios, cuja honra não se afasta com o tilintar de moedas, com promessas de poder ou mesmo com retaliações, e que a imensa maioria dos servidores públicos abomina a falta de princípios dos inescrupulosos que pretendem vergar o Estado ao peso de ideologias espúrias, de mirabolantes projetos de poder. Aos que laboram em tamanhas tolices, nunca é demais frisar que se a ordem jurídica não aceita o desconhecimento da lei como escusa até do mais humilde dos cidadãos, muito menos há de admitir a desinformação dos fatos pelos agentes públicos, a brandirem a ignorância dos acontecimentos como tábua de salvação.

Incumbe a cada eleitor perceber que o voto, embora individualizado, a tantos outros se seguirá, formando o grande todo necessário à escolha daqueles que o representarão. Impõe-se, nesse sagrado direito-dever, a conscientização, a análise do perfil, da vida pregressa daqueles que se apresentem, é de presumir – repito – para servir com honestidade de propósito e amor aos concidadãos, dispostos, acima de tudo, a honrar a coisa pública.

O Judiciário compromete-se com redobrado desvelo na aplicação da lei. Não haverá contemporizações a pretexto de eventuais lacunas da lei, até porque, se omissa a legislação, cumpre ao magistrado interpretá-la à luz dos princípios do Direito, dos institutos de hermenêutica, atendendo aos anseios dos cidadãos, aos anseios da coletividade. Que ninguém se engane: não ocorrerá tergiversação capaz de turbar o real objetivo da lei, nem artifício conducente a legitimar a aparente vontade das urnas, se o pleito mostrar-se eivado de irregularidades. Esqueçam, por exemplo, a aprovação de contas com as famosas ressalvas. Passem ao largo das chicanas, dos jeitinhos, dos ardis possibilitados pelas entrelinhas dos diplomas legais. Repito: não haverá condescendência de qualquer ordem. Nenhum fim legitimará o meio condenável. A lei será aplicada com a maior austeridade possível – como, de resto, é o que deve ser. Bem se vê que os anticorpos de que já falei começam a produzir os efeitos almejados. Esta é a vontade esmagadora dos brasileiros.



B)


                 A condenação do PT



Marco Antonio Villa, O Globo

O julgamento do mensalão atingiu duramente o Partido dos Trabalhadores. As revelações acabaram por enterrar definitivamente o figurino construído ao longo de décadas de um partido ético, republicano e defensor dos mais pobres.

Agora é possível entender as razões da sua liderança de tentar, por todos os meios, impedir a realização do julgamento. Não queriam a publicização das práticas criminosas, das reuniões clandestinas, algumas delas ocorridas no interior do próprio Palácio do Planalto, caso único na história brasileira.

Muito distante das pesquisas acadêmicas — instrumentalizadas por petistas — e, portanto, mais próximos da realidade, os ministros do STF acertaram na mosca ao definir a liderança petista, em 2005, como uma sofisticada organização criminosa e que, no entender do ministro Joaquim Barbosa, tinha como chefe José Dirceu, ex-presidente do PT e ministro da Casa Civil de Lula.

Segundo o ministro Celso de Mello: “Este processo criminal revela a face sombria daqueles que, no controle do aparelho de Estado, transformaram a cultura da transgressão em prática ordinária e desonesta de poder.” E concluiu: “É macrodelinquência governamental.” O presidente Ayres Brito foi direto: “É continuísmo governamental. É golpe.”

O julgamento do mensalão desnudou o PT, daí o ódio dos seus fanáticos militantes com a Suprema Corte e, principalmente, contra o que eles consideram os “ministros traidores”, isto é, aqueles que julgaram segundo os autos do processo e não de acordo com as determinações emanadas da direção partidária.

Como estão acostumados a lotear as funções públicas, até hoje não entenderam o significado da existência de três poderes independentes e, mais ainda, o que é ser ministro do STF.

Para eles, especialmente Lula, ministro da Suprema Corte é cargo de confiança, como os milhares criados pelo partido desde 2003. Daí que já começaram a fazer campanha para que os próximos nomeados, a começar do substituto de Ayres Brito, sejam somente aqueles de absoluta confiança do PT, uma espécie de ministro companheiro. E assim, sucessivamente, até conseguirem ter um STF absolutamente sob controle partidário.

A recepção da liderança às condenações demonstra como os petistas têm uma enorme dificuldade de conviver com a democracia.

Primeiramente, logo após a eclosão do escândalo, Lula pediu desculpas em pronunciamento por rede nacional. No final do governo mudou de opinião: iria investigar o que aconteceu, sem explicar como e com quais instrumentos, pois seria um ex-presidente.

Em 2011 apresentou uma terceira explicação: tudo era uma farsa, não tinha existido o mensalão. Agora apresentou uma quarta versão: disse que foi absolvido pelas urnas — um ato falho, registre-se, pois não eram um dos réus do processo. Ao associar uma simples eleição com um julgamento demonstrou mais uma vez o seu desconhecimento do funcionamento das instituições — registre-se que, em todas estas versões, Lula sempre contou com o beneplácito dos intelectuais chapas-brancas para ecoar sua fala.

As lideranças condenadas pelo STF insistem em dizer que o partido tem que manter seu projeto estratégico. Qual? O socialismo foi abandonado e faz muito tempo. A retórica anticapitalista é reservada para os bate-papos nostálgicos de suas velhas lideranças, assim como fazem parte do passado o uso das indefectíveis bolsas de couro, as sandálias, as roupas desalinhadas e a barba por fazer.

A única revolução petista foi na aparência das suas lideranças. O look guevarista foi abandonado. Ficou reservado somente à base partidária. A direção, como eles próprios diriam em 1980, “se aburguesou”. Vestem roupas caras, fizeram plásticas, aplicam botox a três por quatro. Só frequentam restaurantes caros e a cachaça foi substituída pelo uísque e o vinho, sempre importados, claro.

O único projeto da aristocracia petista — conservadora, oportunista e reacionária — é de se perpetuar no poder. Para isso precisa contar com uma sociedade civil amorfa, invertebrada. Não é acidental que passaram a falar em controle social da imprensa e... do Judiciário. Sabem que a imprensa e o Judiciário acabaram se tornando, mesmo sem o querer, nos maiores obstáculos à ditadura de novo tipo que almejam criar, dada ausência de uma oposição político-partidária.

A estratégia petista conta com o apoio do que há de pior no Brasil. É uma associação entre políticos corruptos, empresários inescrupulosos e oportunistas de todos os tipos. O que os une é o desejo de saquear o Estado.

O PT acabou virando o instrumento de uma burguesia predatória, que sobrevive graças às benesses do Estado. De uma burguesia corrupta que, no fundo, odeia o capitalismo e a concorrência. E que encontrou no partido — depois de um século de desencontros, namorando os militares e setores políticos ultraconservadores — o melhor instrumento para a manutenção e expansão dos seus interesses. Não deram nenhum passo atrás na defesa dos seus interesses de classe. Ficaram onde sempre estiveram. Quem se movimentou em direção a eles foi o PT.

Vivemos uma quadra muito difícil. Remar contra a corrente não é tarefa das mais fáceis. As hordas governistas estão sempre prontas para calar seus adversários.

Mas as decisões do STF dão um alento, uma esperança, de que é possível imaginar uma república em que os valores predominantes não sejam o da malandragem e da corrupção, onde o desrespeito à coisa pública é uma espécie de lema governamental e a mala recheada de dinheiro roubado do Erário tenha se transformado em símbolo nacional.



Marco Antonio Villa é historiador e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos




c)




      EM DEFESA DA DEMOCRACIA 

Merval Pereira, O Globo

A sessão de ontem do Supremo Tribunal Federal não apenas colocou um fecho no processo do mensalão, definindo como ação de quadrilha a relação do núcleo político do PT com os grupos do lobista Marcos Valério e os financiadores do esquema, como indicou que serão pesadas as penas para os principais envolvidos na trama criminosa.

O decano do STF, ministro Celso de Mello, chamou-os de “sociedade de delinquentes”. Marco Aurélio Mello releu discurso histórico que fez ao assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral em 2006, quando definiu os mensaleiros como grupo “seduzido pelo projeto de alcançar o poder de uma forma ilimitada e duradoura”.

Gilmar Mendes destacou que a paz social fica em risco quando se procura desmoralizar a democracia. “Não tenho dúvida de que a gravidade dos fatos atenta contra a paz pública na concepção social. (...) Sem dúvida isso subverte a lógica das instituições colocando em risco a própria sociedade”.

O ministro Luiz Fux baseou seu voto de condenação no fato de que o Supremo já decidira que existia um “projeto delinquencial” de longa duração.

O presidente do Supremo, Ayres Britto, também foi pela mesma linha de considerar que a ação dos grupos em coordenação caracterizava bem uma quadrilha que pôs em risco a paz pública ao atentar contra o estado democrático de direito.

Em maio de 2006, Marco Aurélio Mello faria um discurso de posse tão destemido, em pleno escândalo do mensalão, que, ele revelou ontem, sugeriu que o então presidente Lula não comparecesse à cerimônia para evitar constrangimentos.

Ele disse na ocasião, e repetiu ontem, que o Brasil se tornara o país do “faz de conta”. “Infelizmente, vivenciamos tempos muito estranhos, em que se tornou lugar-comum falar dos descalabros que, envolvendo a vida pública, se infiltraram na população brasileira — composta, na maior parte, de gente ordeira e honesta — um misto de revolta, desprezo e até mesmo repugnância”.

Celso de Mello disse que nunca, em 44 anos de atuação na área jurídica, viu tão caracterizada uma quadrilha quanto neste caso. Comparou a quadrilha do mensalão às quadrilhas que atuam no Rio e ao PCC paulista. “Conspiradores à sombra do Estado, quebrando a tranquilidade da ordem e segurança”.

O decano disse que o que via nesse processo eram “homens que desconhecem a República, que vilipendiaram o estado democrático de direito e desonraram o espírito republicano. Mais do que práticas criminosas, identifico no comportamento desses réus, notadamente, grave atentado à ordem democrática”.

Gilmar Mendes classificou de “naturalista” a interpretação que levou as ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia a negar a existência de quadrilha, e ressaltou que no decorrer do julgamento já fora determinado que a democracia brasileira esteve em risco com os crimes do mensalão.

O ministro Luiz Fux asseverou que na literatura jurídica não há exemplo de um crime praticado em coautoria ao longo de dois anos e que não faz sentido condenar membros dos diversos núcleos do mensalão sem enxergar que essas condutas só puderam ser praticadas graças a uma associação estável entre os réus já condenados.

O presidente do Supremo, Ayres Britto, encerrou a sessão com seu voto, que condenou os mensaleiros por crime de quadrilha. Ele baseou sua decisão no convencimento de que a paz pública foi afetada e que é preciso condenar os culpados para que a sociedade não perca a crença de que seu Estado dará a resposta adequada.

“A paz pública é essa sensação coletiva em que o povo nutre a segurança em seu Estado. O trem da ordem jurídica não pode descarrilhar. Dessa confiança coletiva no controle estatal é que me parece vir a paz pública. A tranquilidade resulta da confiança. (...) O fato é que a sociedade não pode decair da confiança de que o Estado manterá as coisas sob controle. Paz pública é isso.”

Pelo teor dos seis votos que condenaram os réus pelo crime de quadrilha, confirmando a acusação do procurador-geral da República, as penas dos condenados principais serão pesadas.

Haverá um abrandamento a um ou outro réu, como já indicou o presidente do STF em relação à posição secundária de José Genoino na presidência do PT ou dos sócios de Marcos Valério, mas os cabeças do esquema —José Dirceu, Delúbio Soares e Marcos Valério — devem ser condenados com penas agravantes.



d)




    ‘Não troque o certo pelo duvidoso!’

por Maria Helena RR de Sousa

Essas são palavras do maior e mais experiente palanqueiro que este país já viu. Quando se trata de escolher em quem votar, concordo inteiramente com Lula. Aliás, devo essa lição a ele. Votei no novo em 2002.

Acreditei que era obrigação de quem tivera todas as chances na vida aceitar e apoiar um homem que vinha das camadas mais baixas da sociedade, que muito lutara para chegar onde chegou e que era abalizado por intelectuais que eu respeitava.

Deu no que deu.

E deu no que está dando.

O Julgamento do Mensalão, breve intervalo em nossas vidas, uma lição de cidadania, se não abrirmos os olhos se transformará, sim, na infame piada de salão do extravagante Delúbio.

Ou essas manifestações de desagravo a José Dirceu não são um ensaio para a grande piada?

Por que não o homenagearam quando Lula o demitiu da Casa-Civil? O que impediu ‘Os Amigos de 68’ de se reunirem quando Dirceu teve seu mandato de deputado cassado? Por que só agora essa demonstração de amor?

Será para frisar sua surpresa ao ver que os juízes nomeados pela dupla petista não eram vassalos, mas Juízes que mereciam a Toga?

Ou para deixar claro que na opinião deles corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, não são crimes e sim meras infrações?

E ainda vem a Folha de S. Paulo (25/10/2012) e publica um editorial que envergonha nossa Imprensa?

O coração do editorial é perfeito: precisamos de melhores cadeias e presídios, não é possível o Brasil, que se quer um país civilizado, ter masmorras infectas como as nossas.

Mas porque o Governo Federal – sob a direção do PT há 10 anos - deixou de cumprir sua obrigação, não vamos prender os colarinhos brancos? Só vamos trancafiar os pobres e os pretos? Para os 'educados', punições severas, mas em liberdade? É isso, Folha?

Sinceramente, concordo que criminosos de sangue são muito mais perigosos do que corruptos no meio da rua. É verdade. Não vejo nenhum desses infelizes com um AK-47 fuzilando crianças e velhos, nem sequer matando-se uns aos outros.

Mas se formos acreditar neles e em seus admiradores, alguns quando jovens, com sangue na guelra, bem acharam que uns tirinhos não fariam mal a ninguém...

Então, é o que dirão, era em nome de algo maior, de um projeto de governo para acabar com uma ditadura fascista; erradicar a pobreza no Brasil; fazer desta nação um exemplo para o mundo. Tal qual a União Soviética, que Deus a tenha!

Pois bem, chegaram ao Planalto e o que fizeram? Corromperam e foram corrompidos. E não me venham com enredo de novela: ‘o mensalão é uma farsa. Essa gente não roubou’.

Ah, é? Então me digam: quem pagou seus advogados?




e)




             FARSA HISTÓRICA

Merval Pereira, O Globo

Querer transformar em heróis os principais líderes condenados pelo mensalão tem o mesmo tom de farsa da afirmativa de que são “prisioneiros políticos condenados por um tribunal de exceção”.

A defesa de José Dirceu tenta constranger os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) da mesma maneira que a de José Genoino tentou em vão durante o julgamento, confrontando-os com uma história de vida que teria “alto valor social” pela luta política desenvolvida tanto contra a ditadura militar quanto na democracia, com a fundação do Partido dos Trabalhadores.

Seria realmente patético se, em consequência dessa classificação esdrúxula de “perseguidos políticos”, alguns deles pedissem asilo político a “democracias” como a Venezuela ou Cuba, capazes, sim, de compactuar com a farsa que surge da tentativa de repetir a história.

Ou o Equador, como fez, desmascarando-se, Julian Assange do Wikileaks. Cairiam no ridículo se tentassem pedir asilo a uma democracia verdadeira.

Como escreveu Karl Marx, autor que deveria ser conhecido da parte dos réus que tenta dar contornos políticos à roubalheira em que foram apanhados, a história se repete, “a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.

Pois Genoino, ex-presidente do PT, e Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil, tentam trazer para o presente o passado, que para muitos foi heroico, para justificar os crimes que praticaram contra a democracia, a favor da qual dizem ter lutado.

Nada indica que a Guerrilha do Araguaia promovida pelo PCdoB maoista pretendesse instalar no Brasil um governo democrático, nem que José Dirceu, do Molipo (Movimento de Libertação Popular) tenha ido para Cuba aprender democracia.

Mesmo sem entrar nos eventuais méritos que tenham tido na luta política, esses “valores sociais” só fariam agravar a atuação dos dois no episódio em julgamento, pois estariam traindo seus “ideais democráticos”, agindo contra a própria democracia.

O ex-guerrilheiro José Genoino já havia se transformado em um perverso formulador da História ao se dizer vítima de novos torturadores da imprensa, que em vez de pau de arara usariam a caneta para lhe infligir sofrimentos.

Tal desvirtuamento de ideias, transformando a liberdade de expressão e de informação em instrumentos de tortura, mostra bem a alma tortuosa desse político metido em bandidagens a guisa de impor um projeto político “popular”.

Transformar um bando de delinquentes, na definição do ministro Celso de Mello, em heróis é uma tentativa de vitimizar os condenados, dando conotações políticas elevadas ao que não passou de um assalto aos cofres públicos com o objetivo de perpetuar um partido no poder através do desvirtuamento da própria democracia.

No julgamento, alguns ministros, mesmo que sugerindo respeito, ressaltaram que não estavam julgando o passado dos réus, mas os fatos nos autos do processo. Autos produzidos no sistema judiciário democrático, sob a atuação do Ministério Público Federal, um avanço da Constituição de 1988 (que o PT se recusou a assinar).

Os dois procuradores que atuaram no processo, Antonio Fernando de Souza e Roberto Gurgel, foram nomeados pelo ex-presidente Lula, e sete dos dez atuais ministros do Supremo Tribunal Federal foram indicados por Lula e Dilma.

Sem falar que o PT está no governo há dez anos, e o processo se desenvolveu nos últimos sete anos. Todos esses pontos tornam ridícula a alegação de que os condenados foram vítimas de um complô “da direita” em conluio com a “mídia golpista”.

Até Lula, de fora do processo, mas cada vez mais dentro do projeto de poder beneficiário dos golpes cometidos, saiu-se com a tirada de que já fora “absolvido pelas urnas”, alegando para isso sua reeleição, seus 80% de popularidade e a eleição de Dilma.

Fora o ato falho de admitir que alguma coisa fizera para ser absolvido, Lula teve que ouvir dos ministros, em diversas ocasiões, que eleição não tem o dom de apagar os crimes cometidos.

Essa tentativa por parte de Dirceu de colocar-se como um grande brasileiro com “valor social” tem a ver com a possibilidade de anistia por parte da presidente da República, hipótese aventada para o fim do ano.

Seria um acinte ao STF, um escândalo para a opinião pública e um reforço à percepção de que, no Brasil, quem tem amigos poderosos não vai para a cadeia.



f)



Defesa de Valério diz que Lula foi um dos protagonistas do mensalão



JORNAL HOJE EM DIA / MARCELO PRATES

BRASÍLIA - Em memorial de defesa apresentado nesta segunda-feira no Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, faz ataques do PT e cita o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um dos protagonistas políticos do mensalão. Leonardo afirma que a base de sustentação do então governo petista, com o surgimento do escândalo, deslocou o foco para Valério. No memorial, o nome de Lula e de Valério aparecem sempre em maiúsculas.


Após condenação, José Dirceu diz que nunca chefiou quadrilha

"A classe política que compunha a base de sustentação do Governo do Presidente LULA, diante do início das investigações do chamado “mensalão”, habilidosamente, deslocou o foco da mídia das investigações dos protagonistas políticos (Presidente LULA, seus Ministros, dirigentes do PT e partidos da base aliada e deputados federais), para o empresário mineiro MARCOS VALÉRIO, do ramo de publicidade e propaganda, absoluto desconhecido até então, dando-lhe uma dimensão que não tinha e não teve nos fatos", afirmou Marcelo Leonardo no documento.

O advogado disse também que o réu que não era do mundo político foi transformado em peça principal do enredo político e jornalístico.
"Quem não era presidente, ministro, dirigente político, parlamentar, detentor de mandato ou liderança com poder político, foi transformado em peça principal do enredo político e jornalístico, cunhando-se na mídia a expressão “Valerioduto”, martelada diuturnamente, como forma de condenar, por antecipação, o mesmo, em franco desrespeito ao princípio constitucional fundamental da dignidade da pessoa humana", afirmou a defesa.

Leonardo também inclui Lula na relação dos interessados no suporte político "comprado" e diz que o PT é o "verdadeiro intermediário do mensalão". Ele disse também que é injusto Valério ter a pena mais dura, tratamento que, segundo ele, não foi dado aos verdadeiros chefes políticos. O advogado afirma que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, limitou-se a acusar o ex-ministro José Dirceu como chefe de quadrilha.

O advogado argumenta para que sejam consideradas as circunstâncias que se levam em conta na fixação da pena base, como antecedentes, conduta social, personalidade e comportamento da vítima, entre outros. Leonardo rebateu conclusão do relator Joaquim Barbosa de que Valério tem "maus antecedentes", com base em ações penais que o ex-publicitário responde em outras instâncias. "A mera existência de ações penais em andamento, todas posteriores aos fatos objeto desta Ação Penal 470 (mensalão), não pode servir de fundamento para consideração de “maus antecedentes”, com vistas à agravação da pena base", afirmou Leonardo, com base em decisões anteriores do próprio Supremo.

O advogado quer que seu cliente seja tratado como réu primário, pois não respondia por nenhum crime na época do escândalo, e afirmou que Valério foi perseguido por diversos órgãos do governo, como “Polícia Federal, da Receita Federal e do Ministério Público Federal”.

Para reforçar sua tese da boa conduta social de Valério, Leonardo cita vários testemunhos, inclusive do padre Décio Magela de Abreu, pároco de Sete Lagoas (MG). E cita o filho de Valério, que faleceu de câncer.
Leonardo quer que seja considerado o papel de réu colaborador de Valério, no momento da dosimetria das penas. 

A defesa de Valério espera ver reduzida sua pena final em dois terços do total a ser estabelecido pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Marcelo Leonardo, no memorial de defesa, argumentou que, por ter, na sua opinião, atuado como réu colaborador, seu cliente possa ter a pena reduzida. No caso de réu colaborador, se assim for considerado, a previsão é de redução de dois terços.

- O Marcos Valério colaborou com o processo, apresentou relação e listas com nomes de beneficiários. Isso, e outras medidas, o tornam réu colaborador e espero que assim seja entendido pelos ministros - disse Marcelo Leonardo, mais cedo.

O publicitário já foi condenado por peculato, corrupção ativa, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.



g)



                 DIAS DE IRA


PUBLICADO NA EDIÇÃO DE VEJA 

J.R. GUZZO

Com o julgamento do mensalão a caminho da sua fase final no STF, é realmente notável a extrema dificuldade, por parte dos condenados e de quem os apoia, de entender que precisam obedecer ao Código Penal quando estão no governo. Mudar o nome do cachorro não muda o seu temperamento, como todo mundo sabe; mas o PT e suas brigadas acham que, chamando de “vingança” o que é apenas sua derrota diante da Justiça, podem anular a realidade. Tudo o que têm a dizer, desde que a casa caiu, é: “Seja lá o que tenha acontecido, a culpa não é nossa; se a Justiça achou o contrário, é porque se aliou aos nossos inimigos”. Fim da argumentação.

Essa tentativa de colocar-se acima da lógica é ao mesmo tempo tola e inútil. Não consegue, simplesmente, mudar o que já aconteceu, mesmo com a turbinagem que vem recebendo de três homens que estiveram na linha de frente da política brasileira nos últimos 25 anos: o ex-presidente Lula, o ex-ministro José Dirceu e o presidente do PT na época do mensalão, José Genoino. Tudo o que conseguiram foi exibir à luz do sol o que cada um tem, de verdade, dentro de si ─ e o que mostraram não os recomenda, nem como pessoas nem como homens públicos.

O remorso, como se diz, sempre vem na hora errada ─ aparece depois da tentação, quando não serve mais para evitar o pecado. No caso do mensalão, para o PT e os seus grão-duques, o remorso não veio nem antes nem depois. Não há, após tudo o que foi provado na suprema corte de Justiça do país, o menor vestígio de arrependimento; ao contrário, os culpados vivem dias de ira. Lula, quando a coisa toda estourou sete anos atrás, pediu desculpas “ao povo brasileiro”. 

Hoje, com a própria pele salva, faz o papel do indignado número 1 ─ na verdade, considera-se vítima, e acha que é ele, agora, quem deve exigir desculpas. São vítimas bem estranhas, essas que Lula representa: se estão no governo federal e mandam em quase tudo neste país, como podem se colocar no papel de perseguidos? O ex-presidente, cada vez mais convencido de que é uma combinação de mártir, profeta e herói de si próprio, diz que sua biografia não será escrita pelos ministros do STF. Tem razão. A biografia de Lula está sendo escrita por ele mesmo ─ os atos que a contaminaram, do mensalão à aliança pública com Paulo Maluf, um foragido da polícia internacional, são de sua exclusiva responsabilidade.

Um segundo membro da suprema trindade petista, José Genoino, também optou por romper com o bom-senso em sua reação às condenações que recebeu. Alegou, e alegaram em seu favor, que não poderia ser condenado porque tem uma vida limpa; no seu entender, foi vitimado de modo “cruel” por “setores reacionários” que controlariam “parcelas do Judiciário” e da imprensa. Mas o que esteve em julgamento não foi a sua honestidade pessoal ─ foi o fato concreto de ter colocado sua assinatura em documentos destinados a executar uma fraude financeira envolvendo milhões de reais. Não foram os “reacionários”, nem os jornalistas, que assinaram esses papéis; foi ele mesmo ─ e se não sabia o que estava fazendo é porque não quis saber. Num conjunto de dez juízes, levou de 9 a 1. Estariam todos errados?

No seu caso ficou, também, uma aula de ingratidão, quando comparou os jornalistas de hoje aos torturadores de ontem. Genoino conheceu muito bem uns e outros, e sabe na própria pele a diferença que existe entre eles; esqueceu, quando veio a adversidade, quem sempre lhe estendeu a mão. Como é bem sabido, o líder petista escreveu durante longo tempo uma coluna no jornal O Estado de S. Paulo. Suas declarações sempre foram publicadas. Foi o político do PT mais respeitado pela imprensa desde que voltou à política. No STF, além disso, recebeu um tratamento de príncipe: a ministra Cármen Lúcia quase pediu desculpas ao condená-lo. Por que, então, o rancor?

Ao terceiro nome da trinca, José Dirceu, sobrou, além de uma condenação por 8 a 2, o título de “guerreiro do povo brasileiro”, entoado pela tropa de choque que precisa usar hoje para poder sair à rua. Que guerra teria sido essa? Pela democracia certamente não foi. Sua guerra, na verdade, foi com o deputado Roberto Jefferson, que mandou para o espaço o sistema de corrupção montado no governo a partir de 2003. Ao entrar no jogo bruto com ele, Dirceu se arriscou ─ e perdeu. “Sai daí, Zé”, ouviu Jefferson lhe dizer, numa frase que ficará para sempre em sua biografia. Saiu, rápido, e sem um único gesto de Lula para defendê-lo. Não foi “linchado”, como diz desde sua condenação. Foi derrotado — só isso.


h)

     OS MENSALEIROS VENCERAM

Guilherme Fiuza, O Globo

O Brasil continua assistindo ao julgamento do mensalão como um filme de época. O STF está prestes a dar as sentenças, e o público aplaude a virada dessa página infeliz da nossa história, quando a pátria dormia tão distraída etc. O problema é que a pátria continua dormindo profundamente.

José Dirceu, o grande vilão, o homem que vai em cana condenado pelo juiz negro, nesse duelo que faz os brasileiros babarem de orgulho, não é um personagem do passado. Está, hoje mesmo, regendo o PT no segundo turno das eleições municipais. Ainda é a principal cabeça do partido que governa o país.

E o eleitorado não está nem aí. A campanha de Fernando Haddad em São Paulo é quase uma brincadeira com o Brasil. Um candidato inventado por essa cúpula petista que só pensa naquilo (se pendurar no poder estatal) consegue uma liderança esmagadora no segundo turno.

O projeto parasitário de Dirceu, que tem Lula como padrinho e Dilma como afilhada, pelo visto não vai sofrer um arranhão com a condenação no Supremo. O eleitor não liga o nome à pessoa.

Fernando Haddad foi um sujeito inexpressivo de boa aparência colocado no Ministério da Educação para fazer política. Sua candidatura é a menina dos olhos de Lula, mais um plano esperto dessa turma que descobriu que pode viver de palanque sem trabalhar.

O fenômeno Haddad conseguiu bagunçar a vida dos vestibulandos por três anos seguidos, com erros primários no Enem, típicos de inépcia e vagabundagem. Se fosse no Japão, o então ministro teria se declarado humilhado e se retirado da vida pública. No Brasil, vira um “quadro” forte da política.

Haddad fez com a pobre educação brasileira o que o PT sempre faz no poder: marketing do oprimido. Defendeu livros didáticos com erros de português, tentou bajular os gays com cartilhas estúpidas, fez demagogia progressista com o sistema de cotas. Enquanto os estudantes se esfolavam no Enem, ele estava nos comícios de Dilma para presidente.

Tudo conforme a lógica mensaleira da agremiação que governa o Brasil há dez anos: usar os mandatos para garimpar votos e arrecadar fundos (para pagar os Dudas lá fora, o que o Supremo já disse que está OK).

O ex-ministro Haddad é filho dos mentores do mensalão, assim como os ministros do STF Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. Nunca se viu espetáculo tão patético na esfera superior do Estado: dois supostos juízes usando crachá partidário e obedecendo às ordens do principal réu. Contando, ninguém acredita.

Esse sistema desinibido de prostituição da democracia vai de vento em popa, porque a pátria-mãe tão distraída resolveu acreditar que a vida melhorou porque Lula é (era) pobre e porque Dilma é mulher.

O Brasil não faz mais questão de nada: nem a entrega do “planejamento” da infraestrutura à quadrilha Delta-Cachoeira comoveu os brasileiros.

O prefeito Eduardo Paes disse que o Brasil está jogando fora a chance de se organizar, e o ministro dos Esportes ficou zangado. A turma do maquinário detesta quando alguém lembra que eles não trabalham.

O ministro Aldo Rebelo é companheiro de partido do seu antecessor, o inesquecível Orlando Silva, rei das ONGs. Nas mãos do PCdoB, o Ministério dos Esportes estava aproveitando a Copa do Mundo no Brasil para montar seu pé-de-meia companheiro — o que é absolutamente normal, dentro da ética mensaleira.

Aí surgem as manchetes intrometidas e Dilma tem que encenar a faxina, a contragosto, cobrindo de elogios o companheiro decapitado e entregando a boca para um colega de partido.

Assim é em todo o primeiro escalão do governo, mas eles ficam muito chateados se alguém lembra que esse esquema malandro não serve para organizar o país para uma Copa, para uma Olimpíada ou para um futuro decente.

Enquanto a pátria continuar dormindo e sonhando com o heroísmo de Joaquim Barbosa, a república mensaleira seguirá em frente. Ninguém deu a menor bola para o escândalo denunciado pelo ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence.

Dilma Rousseff aproveitou o espetáculo no Supremo e cortou a cabeça dos dois conselheiros “desobedientes” da Comissão de Ética da Presidência. Marília Muricy e Fábio Coutinho ousaram reprovar a conduta dos ministros companheiros Carlos Lupi e Fernando Pimentel.

A presidente teve que demitir Lupi, que transformara o Ministério do Trabalho numa ação entre amigos do PDT — partido que o demitido continua comandando, em apoio ao governo popular.

Mas Pimentel, com suas milionárias consultorias fantasmas, vendidas graças aos seus belos olhos de amigo da presidente, continua vivendo de favor no Ministério do Desenvolvimento.

Um dia já houve a expectativa de que Marcos Valério, uma vez apanhado, abriria o bico. Hoje o bico de Valério não vale mais um centavo. O golpe já foi revelado, e a real academia mensaleira continua comandando a política brasileira. Testada e aprovada pelo povo.


II

MANCHETE DO FIM DE SEMANA, INFELIZMENTE A PTBRÁS CONTINUA AMARGANDO PREJUÍZOS DEVIDO AO MAL GERENCIAMENTO PETISTA QUE COLOCOU NA MELHOR EMPRESA BRASILEIRA MILITANTES E PARTIDÁRIOS SEM CONDIÇÕES DE LÁ ESTAREM CRIANDO PROBLEMAS QUE NÃO SE RESOLVEM ANTES DE UMA BOA LIMPEZA INTERNA
Juarez Capaverde

Lucro da Petrobras cai 12% no 3º trimestre, para R$ 5,56 bilhões


Analistas esperavam resultado melhor, entre R$ 5,89 bi e R$ 9,28 bi


DANIELLE NOGUEIRA


RIO E SÃO PAULO – Depois de amargar prejuízo de R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre de 2012, a Petrobras voltou ao azul no terceiro trimestre, com lucro líquido de R$ 5,567 bilhões. O resultado, porém, foi 12,1% abaixo do ganho obtido entre julho e setembro de 2011 (R$ 6,336 bilhões) e veio abaixo do piso das estimativas dos analistas. O mercado esperava lucro líquido entre R$ 5,89 bilhões e R$ 9,28 bilhões.









                    FRASE DO DIA

Estamos a condenar não atores políticos, mas protagonistas de sórdidas práticas criminosas. Esses deliquentes ultrajaram a República. É o maior escândalo da história.

Celso de Melo, o decano dos ministros do STF, sobre os mensaleiros condenados por formação de quadrilha.

II

Não se apegue apenas às promessas do candidato; pergunte-se o que exigirá do seu representante. Deposite na urna o sonho da cidade na qual você quer viver. O seu voto é esse sonho começando a se tornar possível.


Ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)




Até amanhã

            PALAVRAS DO MINISTRO MARCO AURÉLIO DURANTE O JULGAMENTO





As fotos inseridas o foram pelo blogueiro. Juarez Capaverde

domingo, 21 de outubro de 2012

JULGAMENTO AINDA RENDE POLITICAMENTE- LULA APOIA HOJE QUEM CHAMOU DE BANDIDO! - MORDAÇA NA IMPRENSA LIVRE UMA POSIÇÃO FORTE DA ESQUERDA LATINO AMERICANA -

Bom dia, ainda estamos nestes dias históricos do julgamento do mensalão, quiçá dos petistas bandidos e suas intenções quanto a acabar com a democracia do país através do Legislativo comprado com o dinheiro roubado do povo brasileiro. Os Ministros, claro não nominando Lewandowski e Tofolli que lá sentaram portando a carteirinha do PT, estão a mostrar como se passaram os fatos na época da eclosão do escândalo sendo comprovado nos autos a real intenção do PT ao assumir o governo com seu líder Lula o Mentiroso, que era tomar conta das Instituições de forma a poderem na "legalidade" irem implantando a tal de democracia das esquerdas que está se proliferando na América Latina capitaneada por Hugo Chaves e os eminentes cubanos hoje liderados por Raul Castro e assim se perpetuarem no poder de forma definitiva mudando as normas legais a seu modo, ou melhor, ao modo de sempre favorecer seus objetivos em nada democráticos, pelo contrário iriam se apossar do país de forma a ser o partido único, tal qual no fascismo/marxista em seu ideário politico.

Apesar de ser uma ironia, Roberto Jefferson em sua denúncia pautada pela briga do poder frise-se, fez para o Brasil e para o povo brasileiro um bem de tamanha magnitude que tornou-se o "herói" desastrado de uma história em quadrinhos que acabou virando piada nas rodas politicas, suas palavras na CPMI dos Correios tornaram-se a máxima no anedotário brasileiro, mas estas mesmas palavras tambem tiveram a clareza de mostrar as intenções petistas para o país recém tomado pelas urnas nos idos de 2002 e levaram ao agora julgamento do mensalão os quadrilheiros do PT em evidência, infelizmente como já aqui citei diversas vezes, o grande chefe e líder inequívoco Lula o Chantagista não está entre os réus, apesar de estar declinando a imprensa internacional(Argentina) que teria sido absolvido pelo povo brasileiro da acusação a ele feita (sic)? A ele nada foi imputado oficialmente então do que o povo o absolveu? Ou estará hoje se declarando culpado e sabedor de tudo que ocorria? Então deduz-se que sua aparição na TV na época pedindo desculpas era uma deslavada mentira? Um estelionato praticado contra o povo brasileiro pode-se então afirmar por suas palavras atuais, ou não?

Abaixo trago tambem um Editorial do Jornal Estadão que trata das mordaças que a imprensa livre está sendo ameaçada não só no Brasil mas em toda a América Latina onde a democracia das esquerdas está no poder, querem de toda forma acabar com a imprensa livre e com a liberdade de expressão a qualquer cidadão sob pena de punição sumária a todo aquele que discordar e apontar os erros dos governos constituídos, não mais se poderá dizer ou trazer a público as sujeiras patrocinadas por governos corruptos e corruptores públicos que estiverem nos domínios do poder, espero que esta intenção não prospere aqui no Brasil e mais uma vez seja cortada pela raiz de modo a acabar definitivamente com a intenção aqui liderada pelos petistas, felizmente ainda temos um judiciário forte com exceção de alguns Ministros que já se sabe quem são, podemos, pelo menos até este momento, ter uma salvaguarda na Constituição que será defendida com firmeza pelo Supremo neste quesito, oxalá não esteja eu errado. Leiam;
Juarez Capaverde










 ‘Lula confunde ministro do Supremo com supremo ministro da Casa Vil’



REYNALDO ROCHA

“Já fui julgado pelas urnas. A vitória de Dilma Rousseff foi um julgamento extraordinári”. (Luís Ignácio).

Para quem confunde ministro do Supremo com supremo ministro da Casa Vil, essa confusão conceitual não espanta.

Aliás, na Era da Mediocridade (ou Възраст на посредствеността, em búlgaro! Obrigado, Google!) nada mais deveria nos espantar. Exceto não termos previsto isto antes.

Mas o talento ficcional sempre será menor que a estupidez cavalar de quem produz asneiras como quem respira. Ares poluídos.

Assim deixamos de antever o que só o teatro do absurdo pode contemplar.

Resta-nos continuar lidando com o real, e deixar que o reino da fantasia lulopetista continue confundindo via de regra com vagina!

O que se nota – sem ficção – é que Lula está em campanha para 2014. Lula é o candidato escolhido por Lula.

É fácil saber o que pretende. Uma “absolvição” (como a imaginada por Fernando Collor quando eleito senador. Estão cada dia mais parecidos.) que o leve a completar o serviço inconcluso.

O controle social da mídia é um exemplo. Dilma refugou o papel de mãe desse absurdo que anunciaria ao mundo inteiro a chegada da ditadura clepto-sindicalista-amoral.

Notem que o PT ─ que sempre considerou Dilma mera passageira de ocasião, sem influência no partido ─ já avisou: após as eleições voltara a colocar o tema em debate! Ou melhor, em uníssonos zurros de assembleias partidárias.

Alguma vez (um única que seja!) os valorosos e destemidos dirigentes do PT agiram sem o consentimento de Lula? São hienas obedientes.

Obviamente – e não é ficção! –, Lula continua a ordenar que a censura seja implantada.

Qual será a reforma do Poder Judiciário proposta pelo imperador de hospício? A demissão adnutum dos ministros? No popular, na tora? Ou a escolha dos juízes por um Conselho Popular e Democrático que reuniria os advogados a serviço de movimentos populares, sindicatos, ONGs e, claro, do governo?

Lula admitiu que foi condenado. Existem certezas materiais e provas testemunhais, além do julgamento do STF. Seriam somente 43 milhões de brasileiros a condená-lo?

Lula é, acima de tudo, covarde. A palavra é pesada, cruel. Mas verdadeira.

Vendeu a própria honra aos collors e sarneys da vida. Aliou-se a quem prometia erradicar. Manteve a MESMA política econômica, sem jamais admitir tal evidência. Privatizou recorrendo a truques semânticos para não ter de explicar a súbita mudança. Escondeu-se atrás de Dirceus e Genoínos. Usou Delúbio como um novo menino do MEP. Pediu desculpas olhando para o teto. Ao declarar-se traído, colocou na janela o traseiro dos outros.

E agora se esconde na idolatria que deixou de ser política para ser farsesca.

Um covarde em tamanho gigante. Vale-se de  terceiros para fazer o que a covardia determina. Elege adversários e não os enfrenta só. Precisa da máquina, do partido ou do governo. Para ele, é a mesma coisa.

Prefere dar entrevistas em Buenos Aires, Caracas ou Havana a enfrentar aqui no Brasil jornalistas que prezam a profissão. No exterior, as informações são menos numerosas. As indecências são desconhecidas.

A promessa de conceder entrevistas depois de deixar a Presidência foi só mais um gesto covarde. Por que não recebeu o Augusto Nunes? Por que não debateu com FHC?

Covardia em grau extremo, vizinha do pânico histérico.

Assim, de declaração em declaração, vai-se montando o mosaico do verdadeiro fujão.

Que agora sabemos, sabe-se criminoso. E confessa.

Nem era necessário. Nós sabíamos. Sempre soubemos.





b)



             ‘Joaquinzão e Lula’


PUBLICADO NO JORNAL O TEMPO DESTA QUARTA-FEIRA



ANTONIO MACHADO DE CARVALHO

Os ideólogos do petismo se arrepiam com o julgamento do mensalão. Suas preocupações, no entanto, estão longe de sincera revolta contra a prisão eventual de seus próceres. Espíritos de natureza totalitária não se amedrontam com a cadeia. Acham-na, mesmo, uma espécie de provação, como um martírio que legitimaria suas concepções e lhes geraria, adicionalmente, um título a ser executado no futuro com excelentes dividendos materiais e simbólicos. Declarações recentes do professor Delúbio Soares ─ aceitando ser condenado pelo STF como mais uma “missão partidária” a cumprir ─ assim o demonstram.

Esse tipo de gente se diferencia, e muito, das pessoas comuns, que, em sua larga maioria, temem qualquer restrição à sua liberdade ─ menos, é claro, os psicopatas. Jorge Luis Borges dizia, ironicamente, que a prisão não tem efeitos exclusivamente negativos; ela, por incrível que pareça, fez bem à literatura. Entre suas citações favoritas estariam Marco Pólo e Cervantes, cujas obras nasceram dentro dos cárceres. No Brasil, seriam encontrados, também, bons exemplos, como Graciliano Ramos, para ficar somente num dos casos mais notórios.

A intelectualidade petista ─ vá lá o oxímoro ─ assanha-se, ou fica em contraditório e obsequioso silêncio, por perceber o surgimento no Brasil, pelos acasos da história, de outra referência concreta que possa pautar o comportamento dos indivíduos: Joaquinzão! Aqueles ideólogos sabem que, para conquistar e manter o poder, é fundamental capturar o imaginário das pessoas. Por isso, o endeusamento de personalidades como Stalin, Guevara, Fidel, o Kim da Coreia do Norte, e, claro, Lula da Silva. Tributam a tais figuras apodos sublimes: “Guia Genial dos Povos”, “Grande Timoneiro”, “Amado e Poderoso Líder” e, até, “Deus”, como o fez a ministra Marta Suplicy.

A subserviência de alguns é compartilhada no íntimo por todos os seus confrades. A racionalidade embutida em tal processo é simples e pode ser traduzida numa pergunta: igual a quem eu quero ser quando crescer? Nas periferias, uma resposta vem se destacando. Quer-se ser igual aos bandidos; poucos querem ser como a polícia. Inveja-se a riqueza, mesmo efêmera, o poder e o prestígio dos traficantes. No campo político, a referência massacrante vendida há anos é a do menino retirante que se deu bem, que virou presidente de sindicato e, depois, presidente do Brasil, apelando a golpes de esperteza e de velhacaria: uma encarnação de Malasartes.

Eis que os fatos imprevistos encontram um personagem de outro barro apto a dar novo sentido ao imaginário das massas: o ministro Joaquim Barbosa ou, respeitosamente, o Joaquinzão: retirante pobre e estudioso que venceu na vida pelo esforço e pelo trabalho duro. A punição aos mensaleiros sinaliza ao Brasil, felizmente, que outro modelo humano é possível, sem o cinismo desencantado dos espertalhões que nunca acreditaram que a humanidade pudesse dar um passo à frente.



c)


PT quer Sírio-Libanês para Lula e Dilma, mas não para o povo

O PT fez ontem o seu “megacomício” em São Paulo em favor da candidatura de Fernando Haddad. Estiveram presentes Luiz Inácio Apedeuta da Silva, a presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente, Michel Temer e mais sete ministros de estado, entre eles José Eduardo Cardozo (o de Justiça), Aloizio Mercadante (Educação) e Alexandre Padilha (Saúde). O último capítulo de “Avenida Brasil” foi ao ar anteontem. Era para ser uma festança de arromba. Como todo o aparato oficial mobilizado mais a máquina partidária, compareceram ao local, com boa vontade na estimativa, umas três mil pessoas. Daqui a pouco, haverá mais gente nos lançamentos de “O País dos Petralhas II” do que nos comícios do PT.

“Olhem aí… As pesquisas apontam o Haddad na frente, e esse Reinado Azevedo fica ironizando os comícios do PT…” Ironizo mesmo, ué! Trata-se de um número ridículo quando se trata de líderes tão populares, ora! Pode até ser que o petista venha a ganhar a disputa, mas certamente não será porque a população se entusiasmou com ele. Mas não quero falar disso agora, não.  De resto, como diria o Velho Guerreiro, a eleição só acaba quando termina.

O que chama a minha atenção é outra coisa. Abaixo, reproduzo, em vermelho, texto de Gustavo Uribe, do Globo, sobre o comício petista. As ofensas que Lula dirigiu ao tucano José Serra, aliás, estão na manchete da Folha Online e na submanchete do Globo Online. Vivemos dias assim: Lula ofende alguém e ganha o noticiário. Dilma e Lula satanizaram José Serra. Era fala para ser levada ao horário eleitoral nesta semana.

Em comício na capital paulista neste sábado, a presidente Dilma Rousseff acusou o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, de fazer uma campanha eleitoral de baixo nível e, em uma crítica indireta ao ex-governador de São Paulo, disse que o PT não é “raivoso”. Em ato político em apoio à candidatura de Fernando Haddad, a presidente comparou os ataques a que o candidato do PT tem sido alvo nesta campanha eleitoral aos feitos contra ela na campanha eleitoral de 2010, quando José Serra também era o candidato do PSDB.

“Os mesmos argumentos usados contra mim estão sendo usados contra Fernando Haddad, às vezes sorrateiramente, às vezes abertamente. Eles disseram que eu era um poste, que não tinha competência para governar. Eles usaram de todos os argumentos. A mesma campanha eleitoral de baixo nível que estão fazendo com o Fernando Haddad eles fizeram comigo”, disse a presidente Dilma Rousseff.

Vamos ver. O leitor que não é de São Paulo não tem como saber, então informo. Na televisão, a campanha de Haddad já acusou Serra de ser o responsável pela quase cegueira de um homem. Isso é campanha de alto nível. Já afirmou que a Prefeitura se negou a doar terreno para creche. Documentos provaram ser mentira. Isso é campanha de alto nível. Acusa Serra de ter abandonado a Prefeitura. Ele renunciou para se candidatar ao governo e foi eleito no primeiro turno. Isso é campanha de alto nível. Sustenta que o tucano só governou para os ricos, o que é uma estupidez. Isso é campanha de alto nível.

Quanto à fala da presidente Dilma, dizer o quê? Qual foi a campanha de “baixo nível” de que ela foi vítima? Serra, como candidato de oposição em 2010, tinha críticas ao governo, o que é próprio das democracias. Imaginem se Obama, nos EUA, ousaria acusar Romney de “baixo nível” porque o contesta. Mau caminho, dona Dilma! Se a senhora se abespinhou quando nem era presidente, suponho que vá ameaçar com a palmatória quem ousar criticá-la em 2014.

Dilma está faltando com a verdade. Em 2010, infelizmente, acho que Serra foi bonzinho demais com ela. Suas contradições e a sua incompetência à frente da Casa Civil, que têm desdobramentos ainda hoje no governo meia-bomba, foram pouco exploradas. As precariedades de infraestrutura do país, que não são pequenas, têm uma grande corresponsável: Dilma Rousseff.

O ex-governador de São Paulo também foi alvo de críticas duras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o comparou aos ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor, que não cumpriram o mandato até o final. Em 2005, José Serra deixo a prefeitura de São Paulo para disputar o governo paulista. Segundo o líder petista, José Serra é um “bicho que tem uma sede de poder inigualável” e está cada dia “mais raivoso”. O ex-presidente petista aconselhou ainda o candidato tucano a “ficar quieto e esperar para disputar a sucessão presidencial em 2014 ou 2018″. Segundo ele, José Serra deixou a prefeitura de São Paulo após “não aguentar a primeira enchente”.

“Ele perdeu as eleições e agora não sabe ficar sem um mandato. Ele deveria ficar quieto e esperar para disputar em 2014 ou 2018. Será que ele não sabe que continua a ter enchente e vai cair fora de novo?”, questionou o ex-presidente petista.

Eis aí o alto nível da campanha! A tanto descem uma presidente e um ex-presidente da República. Collor, atual aliado de Lula, foi impichado. Jânio renunciou porque queria dar um golpe. Serra saiu da Prefeitura para se eleger governador no primeiro turno, com mais votos na cidade do que teve na eleição para prefeito, tal era o “descontentamento” da população. De enchente, ademais, o PT entende bem! Serra ao menos estava na cidade, não é? Numa das vezes em que São Paulo estava debaixo d’água, a então prefeita Marta Suplicy estava descasando em… Milão!

Serra, segundo o alto nível de Lula, é “bicho que tem sede de poder”. Lula, como sabemos, é um “bicho” modesto, que se contenta em levar uma vida simples, afastado dos holofotes e do poder do estado. Por isso, em comício em Santo André e em Mauá, anunciou que vai atuar como lobista no governo Dilma para que mande mais verba para aquelas cidades caso petistas sejam eleitos.

Reparem que nem Dilma nem Lula atacaram Kassab. No palanque, na presença dos dois, parece que nem Haddad o fez. O prefeito virou alvo das porradas só no horário eleitoral, sem o endosso visível dos outros dois. Por quê? Porque a presidente conta com os quarenta e tantos votos na Câmara do partido do atual prefeito da Capital. É possível até que o PSD venha a ter um ministério. Não se descarte nem mesmo que possa integrar a base de apoio a Haddad na Câmara caso ele se eleja. Vale dizer: Kassab é usado para atacar a candidatura de Serra, mas será útil depois. O prefeito já disse que tende a apoiar Dilma em 2014. Mais: o PT conta atraí-lo também para a aliança contra Alckmin. Política de alto nível. 

Ao todo, acompanharam o ato político cerca de três mil militantes. O comício eleitoral será usado na última semana do horário eleitoral gratuito do candidato do PT. Ao todo, estiveram presentes sete ministros, entre eles José Eduardo Cardoso (Justiça), Alexandre Padilha (Saúde) e Aloizio Mercadante (Educação). O vice-presidente Michel Temer também subiu no palanque eleitoral e assegurou que a bancada municipal do PMDB será aliada de Fernando Haddad caso seja eleito prefeito de São Paulo. Em discurso, Fernando Haddad também fez ataques a José Serra e o acusou de produzir mentiras na reta final da campanha eleitoral.

“Não podemos deixar a mentira corroer o que construímos até aqui. Eles tratam São Paulo como se fosse uma propriedade privada, o que não é”, afirmou o candidato do PT.

De mentira, Haddad também entende. Em seu programa de governo, diz que vai tirar as Organizações Sociais que gerenciam aparelhos de saúde na cidade. Caso vença e caso cumpra a promessa, será um caos no setor. Questionado, afirmou não ser essa a sua intenção. Vale dizer: seu programa diz uma coisa, e ele, outra.

O PT quer acabar com essas parcerias. Recorreu ao Supremo contra elas. Entre os gestores de hospitais públicos, estão o Albert Einstein e o Sírio-Libanês, que Dilma e Lula conhecem muito bem. Entendo! Quando eles precisaram ter a certeza de um bom atendimento, procuraram um hospital privado de primeira linha — no caso, o Sírio-Libanês. Mas acham, pelo visto, que o povo não tem direito a tamanha regalia. Tem é de se conformar com a tradicional precariedade do serviço público.

Aliás, taí. A campanha de Serra deveria levar esta questão ao horário eleitoral: por que Haddad não quer que o povo tenha o que Lula e Dilma tiveram no Sírio-Libanês: o alto nível?

Por Reinaldo Azevedo



d)




Tudo pelo social!!! Esta mulher puniu trabalho escravo em empreiteira do “Minha Casa, Minha Vida” e foi posta no olho da rua pelo governo Dilma



Vera Lúcia Albuquerque: punição a empreiteira amiga do Planalto por trabalho escravo rendeu-lhe a demissão. Afinal, é um governo “progressista”…

Por Adriano Ceolin, na VEJA:

Na próxima semana, o Diário Oficial da União vai publicar a exoneração de Vera Lúcia Albuquerque, secretária de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho. A servidora ocupava o cargo havia quase dois anos e, nos últimos meses, começou a ser pressionada para não cumprir o seu dever. Em março do ano passado, fiscais do Ministério do Trabalho depararam em Americana, no interior de São Paulo, com uma daquelas cenas que ainda constrangem o Brasil. 

No canteiro de obras de uma empreiteira responsável pela construção de residências do projeto Minha Casa, Minha Vida — o mais ambicioso programa habitacional do governo federal para a população de baixa renda –, foram resgatados 64 trabalhadores mantidos em condições tão precárias que, tecnicamente, são descritas como “análogas à escravidão”. Eles eram recrutados no Nordeste e recebiam adiantamento para as despesas de viagem, hospedagem e alimentação. A lógica é deixar o trabalhador sempre em dívida com o patrão. Assim, ele não recebe salário e não pode abandonar o emprego. É o escravo dos tempos modernos.


Eis o alojamento oferecido pela empreiteira amiga do Planalto aos companheiros de Dilma Rousseff; trabalhadores “deviam” dinheiro à empresa e não podiam deixar o trabalho

Os fiscais de Vera Lúcia encontraram trabalhadores em condições irregulares nos canteiros de obras tocadas pela MRV, a principal parceira do governo no Minha Casa, Minha Vida. Isso colocou a construtora na lista das empresas que mantêm seus empregados em condições degradantes, o que as impede de fazer negócios com a União e receber recursos de órgãos oficiais. 

Assim, em obediência às regras, a Caixa Econômica Federal suspendeu novos financiamentos à MRV, cujas ações perderam valor na bolsa. O que Vera Lúcia não sabia é que muita gente acima dela considera a construtora intocável. Ela conta que começou a receber pressões de seus superiores no ministério para tirar a MRV da “lista suja”. 

A auditora resistiu, mas as pressões aumentaram muito depois de uma visita de Rubens Menin, dono da MRV, ao ministro do Trabalho, Brizola Neto. Desde então, ela passou a ser questionada pelos assessores do ministro sobre a legitimidade da inspeção da obra de Americana. Um deles chegou a insinuar que os fiscais não tinham critérios nem qualificação para autuar as empresas. “Estão querendo pôr um cabresto político na inspeção do trabalho”, disse Vera, dias depois de renunciar ao cargo.

Após a incursão no Ministério do Trabalho, Menin e diretores procuraram Maria do Rosário, ministra da Secretaria de Direitos Humanos, e Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Eles tentaram demonstrar que os problemas apontados pela inspeção já haviam sido resolvidos. Na conversa com a ministra Maria do Rosário, a construtora se ofereceu para aderir ao Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, convenção entre o governo, entidades da sociedade civil e empresas. “Ainda assim, pelas regras, não havia como tirar a MRV da lista”, disse José Guerra, coordenador-geral da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo.

Pressão sobre Vera Lúcia cresceu depois que empreiteiro falou com Brizola Neto (acima), cujo primeiro emprego da vida é ser ministro do… Trabalho!!!

Além da falta de pagamento de salários e da retenção da carteira de trabalho, os fiscais encontraram o alojamento em péssimas condições de higiene, além de comida de má qualidade e estragada. O relatório da fiscalização listou 44 infrações na obra, comprovadas por meio de fotos e depoimentos de trabalhadores. “Os trabalhadores tinham restringido seu direito de locomoção em razão de dívida contraída com o empregador, da retenção de suas carteiras de trabalho e, principalmente, por meio do não pagamento do salário”, diz o relatório. 

Assinado por dois auditores fiscais, o documento afirma que a MRV usou empresas terceirizadas para diminuir custos trabalhistas e aumentar a margem de lucro do empreendimento: “Os contratos de prestação de serviços firmados pela MRV não passam de simulacros”. Os fiscais também registraram o fato de que os proprietários das empresas terceirizadas eram ex-funcionários da própria MRV.


Esse é Rubens Menin, o empreiteiro amigo do Planalto: falou com Brizola Neto, Maria do Rosário e Gilberto Carvalho. E Vera Lúcia caiu! Viva o governo progressista!

Entre 2003 e 2011, o governo flagrou 35 000 trabalhadores mantidos em condições degradantes. A maior parte dos casos ainda ocorre em fazendas do Norte, mas eles já não são mais uma raridade em áreas urbanas. A fiscalização e a inclusão das empresas infratoras no cadastro são os instrumentos mais eficientes para inibir a ação dos exploradores. Vera acredita nisso e não cedeu. Só restou ao ministro Brizola Neto indeferir o pedido de reconsideração feito pela MRV ao ministério. 

A empresa, porém, conseguiu decisão favorável, em caráter liminar, no Superior Tribunal de Justiça. Por essa razão, setores do governo estudam mudanças nos critérios de inspeção. “Há um debate sobre a necessidade de aperfeiçoar os procedimentos de inclusão de empresas na lista, para evitar que eles possam ser questionados na Justiça, como vem ocorrendo”, informa a Secretaria-Geral da Presidência. 

Fica a lição: não apenas a escravidão, mas as demais mazelas do país tendem a se perpetuar enquanto as Veras Lúcias do serviço público forem obrigadas a sair do caminho por se recusarem a trair sua consciência e compactuar com o erro.

Por Reinaldo Azevedo



e)



19/10/2012 às 19:30 \ Política & Cia- Ricardo Setti

MENSALÃO em Post do Leitor: Ao contrário do que acha Lewandowski, a argumentação de Rosa Weber e Cármen Lúcia tende a seguir o relator e condenar Dirceu e outros por formação de quadrilha


"Ao contrário do que entende o ministro LEWANDOWSKI, a argumentação das ministras CÁRMEN LÚCIA e ROSA WEBER é tendente a conduzir à formação de maioria no sentido do voto do relator, com a condenação de José Dirceu, Genoino, Delúbio, Marcos Valério et caterva pelo crime de quadrilha" (Fotos: STF)Ministros do STF Lewandowski, Carmem Lúcia e Rosa Weber


Uma vez mais o respeitado advogado de Brasília Ruy Jorge Caldas Pereira, amigo do blog, traz suas luzes para esclarecer dúvidas que possam surgir entre os leitores sobre aspectos importantes do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal.

No caso, sobre a possibilidade de condenar José Dirceu e outras figuras importantes do escândalo pelo crime de quadrilha ou bando, que o Supremo provavelmente terminará de discutir na próxima semana.

O tipo penal do crime de quadrilha ou bando (artigo 288 do Código Penal), como entenderam as ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia, exige uma associação estável de mais de três pessoas com o fim de cometer uma série indeterminada de delitos.

Ele se configura ainda que se trate da prática de crimes da mesma espécie. Assim sendo, se mais de três pessoas se associam para praticar um único crime, mesmo que se trate de crime continuado, não se tipifica aquele tipo penal, mas mero concurso de agentes.

Diferentemente, se ocorre a associação, de forma estável ou duradoura, para a prática de diversos crimes, ainda que idênticos ou da mesma espécie, estará caracterizado o crime de quadrilha ou bando.

Exemplificando: se mais de três pessoas se associam para praticar fraudes contra a Previdência Social visando a obter o pagamento, a diversos segurados, de benefícios indevidos, ter-se á configurado o crime de formação de quadrilha (exemplo notório é o caso famoso das fraudes praticadas pela quadrilha de Jorgina de Freitas).

É necessário, para o crime de quadrilha, o caráter estável da associação delituosa, não bastando seja ela ocasional ou fortuita. Ressalve-se, no entanto, que não é preciso que se trate de uma organização voltada para a prática indiscriminada de crimes em geral, algo como uma “Crimes S/A”…


José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino: "no caso do 'mensalão', configurou-se, sem qualquer margem de dúvida, a prática do crime de quadrilha ou bando" (Fotos: veja.abril.com.br)
Pode, sim, a quadrilha objetivar uma finalidade específica com a prática dos diversos crimes por ela cometidos e, até mesmo, especializar-se na prática de crimes que atinjam apenas uma ou poucas vítimas, como é o caso das quadrilhas especializadas em fraudes contra a Previdência.

Essa limitação do tipo penal, entretanto, em nada impede o reconhecimento do enquadramento de Dirceu, Genoino, Delúbio, Marcos Valério etc., no crime de formação de quadrilha. Ao contrário, constitui mesmo base para o próprio reconhecimento de que, no caso do “mensalão” configurou-se, sem qualquer margem de dúvida, a prática daquele crime.

Efetivamente, tornou-se claro, ao que se constatou no julgamento da Ação Penal 470, que se formou uma associação delituosa estável (que durou, pelo menos, desde o início de 2003 até seu desbaratamento, com a denúncia de Roberto Jefferson, em 2005 – mais de dois anos, portanto).

E essa associação estava voltada para a prática permanente de diversas infrações penais (corrupção ativa e passiva, peculato, falsidade ideológica, gestão fraudulenta de instituição financeira, crimes eleitorais etc.).

A absolvição de Valdemar Costa Neto, Pedro Corrêa, Enivaldo Quadrado, João Cláudio Genu e Jacinto Lamas, no tocante ao crime de quadrilha – caso se confirme –, decorrerá de se reconhecer, quanto aos crimes de que foram acusados, o caráter não estável, mas apenas ocasional, de sua associação para fins criminosos visando à prática de um crime determinado, o que configuraria mero concurso de agentes.

Dessa forma, ao contrário do que entende o ministro Ricardo Lewandowski, a argumentação de Rosa Weber e Cármen Lúcia é tendente a conduzir à formação de maioria no sentido do voto do relator, quanto ao item relativo ao crime de formação de quadrilha, com a condenação de José Dirceu, Genoino, Delúbio, Marcos Valério et caterva.



g)


O day after do Mensalão, por Ruy Fabiano


Muito bem: o STF reconheceu que houve um mensalão – o mais sofisticado e abrangente ataque aos cofres públicos da história, segundo a Procuradoria Geral da República -, condenaram-se os responsáveis e aguarda-se a pena de cada qual.

Termina aí? Espera-se que não. O Mensalão não foi um acidente de percurso, um caso raro, fora do padrão.

Ele é o próprio padrão, levado ao paroxismo, justamente pelo partido, o PT, que chegou ao poder por ter convencido a população de que poria fim àquele tipo de prática.

O que ele indica é que a política, em seu conjunto, continua enferma, agora em estado terminal. Carece de mudanças profundas, único meio de evitar repetecos.

Neste exato momento, em que se disputa o segundo turno em diversas cidades brasileiras, quantos atos similares estarão sendo praticados, ainda que em escala menor?

Delúbio Soares e Marcos Valério, mais que réus condenados, são arquétipos da política brasileira. Já citei diversas vezes uma fala de Dom Pedro II, a seu ministério, em 1870 – e torno a fazê-lo por sua lamentável atualidade: “Todos os males do país derivam do modo como se fazem as eleições”. Faz 142 anos. Mudou?

Ao tempo da República Velha, havia o célebre voto de bico de pena, em que o eleitor tinha que expor o seu candidato, o que o tornava vulnerável à pressão dos chefes políticos.

Em nome do voto secreto e da lisura eleitoral, fez-se uma revolução, a de 1930. Mas o que mudou? A esperteza é uma metamorfose ambulante. Encontra sempre outros meios de influir.

O dinheiro é onipresente; há a manipulação das pesquisas, do noticiário. Nem mesmo uma decisão tão grave como a do STF é levada a sério por agentes políticos de peso.

José Dirceu, por exemplo. Ele e seu partido fazem pouco da mais alta Corte do país, acusam-na de estar a serviço do conservadorismo e agem como se nada tivesse ocorrido.

José Dirceu, mesmo estando privado de direitos políticos – foi cassado pelo Legislativo e condenado pelo Judiciário -, é cabo eleitoral de Fernando Haddad, candidato do PT à prefeitura de São Paulo, o que leva o Mensalão ao palanque daquela campanha.

Desde a redemocratização, e lá se vão 27 anos, quantas propostas de reforma política já foram apresentadas ao Congresso Nacional? Quantas foram efetivamente votadas? Sempre se vota alguma mudança pontual, em regra um casuísmo, e pronto.

Sabe-se que a legislação partidária é ruim e favorece o caciquismo. Sabe-se que a multiplicidade de partidos no Brasil – são mais de 30 em funcionamento e 57 registrados – provoca a promiscuidade que vemos: venda de horário eleitoral, alianças espúrias, distribuição de verbas milionárias do fundo partidário e, ao final, loteamento de cargos e ministérios.

Sabe-se também que o financiamento das campanhas é espúrio e gera os mensalões. Chegou-se a tal ponto que ninguém se espantava mais com o caixa dois. Achava-se normal.

Foi preciso que a ministra Carmem Lúcia lembrasse que se trata de um crime, já que o advogado de um dos mensaleiros apoiou-se nessa tese para pedir absolvição de seu cliente.

O diagnóstico dos males da política brasileira já está pronto há tempos. Não há quem, nos meios políticos, o desconheça. O que falta é determinação de aplicar os remédios. Quanto a isso, ouvi há dias, de uma senadora, que não há a menor disposição em fazê-lo. É o assunto mais evitado no Congresso.

Se isso é verdade, e se não houver radical mudança, o julgamento do mensalão terá sido em vão, um (mais um) episódio pitoresco da história republicana, a ser arquivado na sequência do impeachment de Collor, da condenação dos anões do Orçamento e de tantos outros da história recente.

Mais uma catarse estéril, a anunciar outras num futuro breve. Vem aí 2014 e, se as regras forem as mesmas, não há dúvida de que as práticas não vão mudar. Haverá mais cautela por parte dos agentes, mas o padrão moral será o mesmo.

Não há o que comemorar no Mensalão. Se a decisão do STF não provocar mudanças profundas, e imediatas, teremos (para variar) mais do mesmo.



Ruy Fabiano é jornalista


h) 


Post do Leitor: O PT transformou o 2º turno em SP numa absolvição esdrúxula dos corruptos condenados pelo mensalão


Post do amigo e leitor Reynaldo-BH

Haddad ou Serra? Sem ser alienado, o que isto importa para um belo-horizontino ou um carioca?

De modo objetivo, em nada. Prefeito é o responsável pela cidade. Pela comunidade local, onde as pessoas vivem. E é neste aspecto que deveríamos escolher o projeto que cuidará de nossas aldeias.

Mas, nestas eleições, a eleição da Prefeitura de São Paulo adquiriu um caráter distorcido e inteiramente artificial.

O PT transformou a eleição de São Paulo em uma vendeta contra a oposição que ousou ser contra.

A escolha de Lula – a bico de pena – em uma continuidade de uma pretensa infalibilidade política aliada a uma adoração popular que se pretende acima do próprio partido.

E o segundo turno, em uma absolvição esdrúxula dos corruptos condenados pelo mensalão.

Para tanto, loteou (pior, ordenou o loteamento dos) ministérios.

Marta Suplicy ganhou o quinhão para apoiar a quem demonstrava sequer respeitar.

Maluf indicou diretor de estatal.

Gabriel Chalita (que Deus nos poupe!), pronto a assumir um ministério.

“Bispo” Macedo ameaçado de perder o ministro da minhoca se não convencesse o esbirro do Russomanno.

Vale tudo!

E assim, uma eleição que definirá a vida da metrópole que não é minha cidade ou o transporte coletivo ineficiente que não me afeta passa a ser uma decisão nacional.

Na qual não posso votar. Nem influir. O PT conseguiu transformar o Brasil em espectador dos delírios lulopetistas com foco em São Paulo.

Passamos a ser passageiros de um trem sem maquinista. Sem passagem. E sem destino.

São Paulo é a maior cidade do Brasil. Mas não é a única. Nem os paulistanos aceitam ver a sua cidade transformada em moeda de troca para projetos de poder. Em troco para alianças espúrias.


"Pouco importa a qualidade de vida de quem mora em São Paulo: vale – para o PT – a eventual docilidade dos paulistanos em referendar a escolha imperial, a nulidade escolhida para ser entronizada pelo 'fazedor de reis' e a absolvição (??) de bandidos condenados" (Foto: EXAME.com)
Pouco importa a qualidade de vida de quem mora em São Paulo: vale – para o PT – a eventual docilidade dos paulistanos em referendar a escolha imperial, a nulidade escolhida para ser entronizada pelo “fazedor de reis” e a absolvição (??) de bandidos condenados.

Assim ficamos imobilizados, nós que não votamos em São Paulo.

Seremos – aí sim, todos nós, brasileiros – usados como prova da genialidade do Supremo Líder (deles) e da inocência dos bandidos de estimação (deles também!). Sem direito a sequer discordar.

São Paulo merece ser respeitada. Escolher um síndico deste imenso condomínio problemático, até pelo tamanho da megalópole.

Jamais desrespeitada pela utilização indevida e imoral que pretende o PT.

Não resta – a meu ver – outro caminho que não denunciar esta aberração. Contra a democracia e a cidadania, turvando e alterando o sentido de uma escolha que não passa pelos motivos do lulopetismo.

A gangue do mensalão (e dos chefes ainda impunes) se mostra na inteireza da baixaria.

A visão de que a agenda do Brasil nasce no diretório nacional do PT ou em um apartamento de São Bernardo é ofensiva aos paulistanos. Que seja repulsiva também.

E que nós por cá, façamos o que nos resta: alertar os eleitores de São Paulo.

Em diversas capitais já demos a resposta. E fizemos nosso trabalho.

Que São Paulo saiba como agir.



i)



Por João Bosco Rabello em seu blog no Estadão

Lula faz campanha para quem chamou de bandido


Em troca do apoio do PDT nacional a Fernando Haddad em São Paulo, o ex-presidente Lula gravou uma declaração de apoio ao prefeito de Macapá, Roberto Góes (PDT), candidato à reeleição. Preso na Operação Mãos Limpas da Polícia Federal, em 2010, Góes passou dois meses na Penitenciária da Papuda em Brasília.

No primeiro turno, Lula não se manifestou sobre a campanha no Amapá. Agora, entretanto, ofereceu-se para uma missão espinhosa, que até o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) – antigo aliado de Roberto – tratou de recusar.

Há dois anos, em discurso inflamado, Lula usou a ação da Polícia Federal no Amapá, que resultou na prisão de Góes, como exemplo do combate implacável de seu governo à corrupção. Quando a Mãos Limpas chegou ao noticiário nacional, Lula elogiou publicamente a PF e bradou que bandidos não ficariam impunes em seu governo.

No mesmo descompromisso de sempre com os fatos, o ex-presidente diz agora que Góes, a quem chama carinhosamente de Roberto – e que faz campanha sob restrição judicial – é depositário da confiança e dos sonhos dos cidadãos de Macapá.

É preciso votar em Roberto, diz ele, para ajudar a construir “um Brasil forte, cheio de vida, onde as pessoas caminham com confiança cada vez maior na realização de seus sonhos”.

A plena confiança na falta de memória do eleitor – que um juiz de Macapá recentemente achou por bem manter desinformado -, leva o ex-presidente a um flagrante daqueles que provoca a chamada “vergonha alheia”.

“Quando tem roubo a gente pega, vocês viram o que aconteceu agora no Amapá. Só tem um jeito de um bandido não ser preso neste país, é ele não ser bandido”, disse ele em 2010, três dias após as prisões do então governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), do ex-governador Waldez de Góes (PDT), do presidente do Tribunal de Contas José Júlio de Miranda Coelho e do presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Amanajás (PSDB).

Roberto Góes, primo do ex-governador, seria preso três meses depois, pela mesma razão: desvio de R$ 1 bilhão em recursos federais, segundo a PF. O inquérito ainda está em tramitação no Superior Tribunal de Justiça e no Tribunal Regional Federal da 1a Região.

Há um mês o blog foi alvo de censura depois de revelar que Roberto Góes fazia campanha sob restrição judicial, já que não podia frequentar bares nem restaurantes à noite, nem se ausentar do município por mais de um mês sem autorização judicial.

O juiz Adão Joel Gomes de Carvalho determinou, em liminar, a retirada da matéria do ar. Após um veemente parecer contrário do Ministério Público, voltou atrás e revogou a própria decisão.



II) MORDAÇA


‘Os inimigos da mídia’, editorial do Estadão

PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA QUARTA-FEIRA



Naquelas partes do mundo com as quais a América Latina aspira a se equiparar, a imprensa e os meios de comunicação em geral vivem tempos atribulados. Os modos convencionais de produzir e difundir informações enfrentam, com diferentes resultados, o desafio sem precedentes da revolução tecnológica que criou a internet. A partir daí, como é impossível ignorar, surgiu o fenômeno mundial da blogosfera e das redes sociais, onde o incessante fluxo de notícias ─ ou o que passa por sê-lo ─ transformou drasticamente as relações entre a mídia (que, na forma clássica, coleta, organiza, expõe e discute os fatos presumivelmente relevantes para a maioria) e o público (que os consumia com escassa ou nenhuma intervenção no processo). Posto em xeque esse padrão, também o modelo tradicional de negócios do setor busca atalhos para se adaptar à mudança, sob os efeitos agravantes da crise das economias desenvolvidas.

Essa espinhosa realidade já contém problemas suficientes para determinar a agenda de qualquer evento que reúna executivos de empresas de comunicação, jornalistas em postos de comando nas redações, analistas e pesquisadores. Mas nesta parte do mundo, a pauta da imprensa inclui forçosamente a questão política das ameaças à sua liberdade. Eis por que, além dos debates sobre o futuro do jornalismo, como os que se travam em toda parte, a 68.ª Assembleia-Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), encerrada ontem em São Paulo depois de cinco dias de atividades, concentrou-se em boa medida no que o ex-presidente Fernando Henrique, falando na segunda-feira, chamou “um ressurgimento do pensamento contrário à democracia”, que se traduz em crescentes pressões contra a imprensa na região. “Governos democraticamente eleitos”, apontou por sua vez o presidente da entidade, Milton Coleman, do Washington Post, “estão tratando de promulgar leis que solapam a liberdade de expressão.”

O quadro latino-americano se tornou mais sombrio, portanto. Extintas as ditaduras nascidas de golpes militares ─ e com a evidente exceção da tirania castrista em Cuba ─, líderes que chegaram ao poder pelas urnas adotam políticas deliberadas de cercear o jornalismo independente, enquanto cumulam de benefícios a mídia chapa-branca ou pura e simplesmente estatal. Na Argentina, Bolívia, Equador, Nicarágua e Venezuela, a pretexto de democratizar o acesso à informação, busca-se institucionalizar o garrote ao redor das organizações noticiosas, a par de outras formas de intimidação, como é o caso da verdadeira guerra de extermínio que a presidente Cristina Kirchner move ao grupo empresarial que edita o Clarín, desde que o mais importante diário argentino cometeu o pecado mortal de opor-se à Casa Rosada no seu confronto com os ruralistas em 2008. É a aplicação do princípio chavista segundo o qual ou o órgão de comunicação se alinha automaticamente com o governo ou é inimigo a ser tratado como tal.

No Brasil, no que dependesse do PT, esse tratamento já estaria em curso, sob o assim chamado “controle social da mídia”, a ser exercido por grupos sociais controlados pelo partido. O mais recente rosnado nessa direção, como se sabe, se seguiu à condenação dos grão-mensaleiros por um imaginário conluio entre o Supremo Tribunal Federal e a imprensa conservadora (ou golpista). A mídia não pode ser um partido político, esbravejam os petistas. Se não opera em regime de concessão, pode ser o que queira ─ e se entenda com o seu público. O Estado, como lembrou o governador Geraldo Alckmin no encontro da SIP, é que não pode ser juiz da imprensa. É o que também parece pensar a presidente Dilma Rousseff, para quem o melhor controle da mídia é o controle remoto em poder das pessoas.

De todo modo, 72% dos diretores de veículos de comunicação no País ─ ante 67% na média da região, numa pesquisa patrocinada pela SIP – entendem que a liberdade de imprensa “é esporadicamente ameaçada ou coagida”; pelos governos em primeiro lugar, mas também por medidas judiciais (como a que há mais de dois anos impede este jornal de noticiar a investigação da Polícia Federal sobre os negócios da família Sarney) e ainda pelo crime organizado.






                 FRASE DO DIA

   Incoerência do PT, em São Paulo falam justamente o contrário?

— Em 1989, o nosso país teve uma eleição presidencial. E se estabeleceu neste país a idéia de que havia um candidato novo. E o povo votou no tal do novo para dirigir o país. O novo era o (Fernando) Collor e vocês sabem o que aconteceu. Agora, estamos vendo em Diadema a mesma fantasia e o mesmo discurso. 



 — criticou o líder do PT em discurso em Diadema a favor do candidato petista???




                          Apesar do discurso, fazem parte do mesmo bando hoje.





Até mais,











As fotos inseridas nos textos o foram pelo blogueiro. Juarez Capaverde