MPF apura tráfico de influência em concurso do Senado
Filho de servidor integrante da comissão responsável pelo certame de 2008 passou em terceiro lugar para o cargo de produtor de marketing.
Senado Federal, uma piada!
Há pouco mais de um mês, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), autorizou a realização de um concurso público para o preenchimento de 246 vagas da Casa. A previsão é que o edital seja publicado no primeiro semestre de 2012. O peemedebista, no entanto, precisa primeiro explicar ao Ministério Público Federal (MPF) a contratação de Florian Augusto de Abreu Coutinho Madruga, nomeado por Sarney em junho de 2010 para o cargo de produtor de marketing. A procuradora da República Eliana Rocha instaurou um inquérito civil em junho de 2011 para apurar a suspeita de tráfico de influência na nomeação de Madruga, aprovado em concurso do Senado de 2008.
O pai do rapaz, Florian Augusto Coutinho Madruga, era um dos seis
integrantes da Comissão Especial do Senado responsável pelos
procedimentos técnicos para realização do concurso de 2008. Na época,
ele era chefe de gabinete do então presidente do Senado, Garibaldi Alves
(PMDB-RN), que o designou para a função. Florian filho passou em
terceiro lugar no concurso. De acordo com o edital, o salário inicial
para a vaga é de 12.264 reais. Florian pai hoje é diretor da Secretaria
Especial de Editoração e Publicações, a Gráfica do Senado – velha
conhecida das manchetes político-policiais.
Em agosto deste ano, Eliana encaminhou um ofício a Sarney informando
sobre a investigação e pedindo mais detalhes sobre o caso. O
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, reencaminhou o pedido da
procuradora ao peemedebista dois meses depois. Em resposta, o
advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, recomendou abertura de
investigação. “Considerando que eventual existência de parentesco
próximo entre candidato e membro de comissão de concurso, em tese,
colocaria em risco a lisura do certame, com possível quebra aos
princípios da impessoalidade/isonomia, configurou-se situação que
recomenda imediata realização de procedimento investigativo”, informou o
advogado.
Cascais também levou em consideração o fato de o diretor de Recursos
Humanos, Dilson do Carmo Lima Ferreira, dizer que não sabia “precisar” a
função de Florian pai na Comissão Especial do concurso. Em resposta ao
site de VEJA, o diretor da Gráfica explicou que era um dos responsáveis
por definir o número de vagas, verificar qual empresa seria contratada
para realização do concurso, ouvir as áreas interessadas do Senado para o
preenchimento de vagas e realizar o levantamento junto à Secretaria de
Recursos Humanos sobre a necessidade de recompor os quadros funcionais.
Defesa - “A participação que tive foi meramente burocrática”, afirmou. “Não sei dizer se a inscrição do meu filho no concurso era motivo de impedimento de participar ou não.” De acordo com Florian pai, seu filho só decidiu participar do concurso depois que o edital foi publicado. “Até então não estava definido quem ia ou não participar, se meu filho ou algum outro parente ia participar”.
Florian pai rechaçou as acusações de tráfico de influência no processo
de nomeação do filho e disse que o procedimento é de responsabilidade
exclusiva de Sarney e da Diretoria-Geral do Senado. “O diretor da
gráfica só tem influência na gráfica do Senado, não tem nada a ver com
isso”, justificou. Ele repudiou qualquer participação na elaboração das
provas, de responsabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Florian filho negou influência do pai e disse possuir um “histórico em
aprovação de concursos com ótima colocação”. Ele afirmou, por exemplo,
que foi nomeado para o mesmo cargo na Câmara dos Deputados depois da
aprovação num concurso de 2007, mas que preferiu o Senado. O produtor de
marketing também trabalhou como analista administrativo da Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel), após aprovação em concurso.
A assessoria de imprensa do Senado disse que a nomeação do filho do
atual diretor da gráfica foi realizada devido à demanda por serviços de
publicidade da Casa, uma vez que o Senado não contrata agência de
publicidade externa. A princípio, a assessoria não soube informar se
Florian pai estaria impedido de participar da comissão responsável pelo
concurso, já que o filho estava entre os inscritos.
José Sarney o "Coronel" Presidente do Senado
Senado omite alta de gastos em balanço
Casa ignorou aumento das despesas e publicou um balanço da gestão José Sarney sob o título "Mais econômico, mais ágil e mais transparente"
O Senado decidiu ignorar o crescente aumento de gastos na Casa puxado pelas despesas com pessoal e publicou nesta quarta-feira um balanço da gestão José Sarney (PMDB-AP) sob o título "Mais econômico, mais ágil e mais transparente". Publicado no jornal oficial da Casa, o material de 12 páginas oculta que até o início de dezembro o Senado já tinha alcançado o mesmo volume de despesas de todo o ano de 2010 e que os gastos com pessoal vêm crescendo em ritmo acelerado desde 2009.Segundo dados do próprio Portal da Transparência da Casa, até o dia 14 de dezembro já foram empenhados 2,97 bilhões de reais em despesas, superando em 31 milhões de reais o que foi gasto em 2010. O orçamento total da Casa para 2011 é de 3,3 bilhões de reais.
O crescimento constante dos gastos no Senado é puxado pelas despesas com pessoal. Até a mesma data, na qual não está inclusa ainda integralmente a folha de pagamentos de dezembro, já foi despendido 2,55 bilhões de reais, valor que já é 7 milhões de reais maior do que os gastos de todo o ano passado. O crescimento não é exclusividade deste ano, visto que em 2009, primeiro ano da atual passagem de Sarney pela Presidência, os gastos com pessoal foram de 2,22 bilhões de reais. Segundo a administração do Senado, até o fim de 2011 os gastos com a folha de pagamento vão bater em 2,76 bilhões de reais.
O maior aumento de gastos é com aposentadorias e pensões. A Casa já superou em 2011 a marca de 1 bilhão de reais em despesas na área. No ano passado, esses gastos ficaram em 937 milhões de reais, enquanto em 2009 representaram 730 milhões de reais. Até o fim do ano, a Casa vai gastar mais 112 milhões de reais nessa rubrica.
As despesas com funcionários terceirizados também cresceram em 2011. Foram 62,8 milhões de reais despendidos até o início de dezembro, montante igual ao gasto com locação de mão de obra durante 2010. Estão ainda previstos mais cerca de 9 milhões de reais em pagamentos nesta área relativas a serviços prestados em 2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário