quinta-feira, 28 de março de 2013

LULA E OS CONCHAVOS - ENEM - A GERENTE? -ECONOMIA E DILMA VAMOS PARA O BURACO-

Bom dia, estamos de volta, hoje trazendo para vocês alguns artigos que dizem muito e que confirma que tudo continua o mesmo neste país dominado pelos petistas infelizmente, o grande líder Lula o Sujo continua o mesmo, usando e abusando da prerrogativa de seu partido estar no poder, para através de acertos nebulosos com empreiteiras que trabalham para o governo, usa-os para manter-se em evidência e fazer conchavos como é de seu feitio, quanto será que está levando nestes arranjos alem do pagamento de suas despesas, ou acham possível um larápio e aproveitador como ele não estar levando nada? Leiam também “ Os filhos do peixe” e saberão até onde chegou o desvio do dinheiro do povo brasileiro por este falastrão e ladrão chamado Lula da Silva.

O mito Dilma, aquela que não é, para superar sua incapacidade que se percebe ao ouvi-la falar quando não está lendo o script previamente escrito, tem se mostrado como o mito criado em torno de si, de ser super exigente, trabalhadora ao extremo, sempre com cobranças de suas metas o que não é verdadeiro, foi  detalhada muito sábiamente no texto de Marco Antonio Villa que transcrevo para vocês, vale a pena lê-lo. Agora ao falar de economia outra vez “trocou os pés pelas mãos” e depois saiu dizendo através de seus assessores que foi deturpado tudo o que disse, culpando como sempre fazem os petistas a imprensa, são mesmo um bando de cretinos a começar por quem deveria ser o maior exemplo para o país, sempre a jogar a culpa em quem não a tem, boa lição deixou o grande líder, joguem sempre aos outros a culpa por seus erros assim ficará a dúvida!

ENEM, mais uma vez estamos assistindo uma série de erros descabidos no ENEM, e sempre a mesma e eterna desculpa do governo para aplacar os erros, também com um Ministro de Educação como o Mercadante, não poderíamos esperar outra coisa, aquele que se formou numa banca composta de pessoas comprometidas com o governo ao qual representava não se poderia esperar mais, apenas justificativas e manobras insustentáveis, isto que se constatou é a sinalização do que teremos no futuro como profissionais, pessoas altamente incapazes o que nos levará ao caos como país, um pais com um povo inculto é um país facilmente dominado pelos tiranos e estamos nos encaminhando para isto tenham a certeza, se não agirmos logo seremos engolidos por esta súcia esquerdistas que se apossou do país e do povo brasileiro.  


Artigo de J.R. Guzzo em Veja mostra a que ponto chegou o PT e seus dirigentes para levantarem a desculpa para seus mal feitos perante o povo, com a corrupção se alastrando em todas as esferas governamentais, tentam de todas as maneiras comparações com governos que se sabe não foram de todo honesto, vale a pena ler pois é uma lição que devemos aprender e guardar na memória.


Juarez Capaverde



Quase metade das viagens de Lula ao exterior foi paga por empreiteiras



Reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo aponta que quase metade das viagens feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após deixar o governo foi custeada por grandes empreiteiras interessadas nos países visitados.


De acordo com o levantamento da Folha, o ex-presidente fez um total de 30 viagens para o exterior desde que deixou a presidência, no início de 2011. Destas, 13 foram custeadas por empreiteiras, sendo que todas elas tiveram como destino países da América Latina e da África.
 

Entre as empreiteiras que bancaram as viagens do ex-presidente estão as gigantes Odebrecht, OAS e Camargo Corrêa. Esta última, por exemplo, custeou a viagem para Moçambique, país no qual a empresa participou de obras em uma mina de carvão que, meses antes, havia sido alvo de protestos populares.


Telegrama obtido pela Folha mostra Ligia Maria Scherer, embaixadora do Brasil em Moçambique, afirmando que "é possível afirmar que, além do óbvio ganho de imagem que a presença do ex-Presidente Lula da Silva naturalmente proporciona, a estada do ex-mandatário contribuiu para alterar, em duas áreas fundamentais, alguns conteúdos das discussões, públicas e no interior do Governo, sobre a atuação do Brasil em Moçambique".


Já na última quinta-feira (21), matéria do Estadão informava que viagem de Lula à África, encerrada nesta semana, havia sido custeada por construtoras. Segundo a assessoria do Instituto Lula, as palestras foram para convidados das empresas. O transporte e a hospedagem também foram custeados por elas. Os pagamentos são feitos à LILS, empresa aberta pelo ex-presidente justamente para receber pelas palestras.


Os filhos do Peixe..

Para sempre relembrar que o CEO do mensalão o Lula e seus filhos da Patrulha Petista, também estão envolvidos em negócios ilícitos

Fundada pela filha de Lula, Lurian, a ONG "Rede 13 Santa Catarina", de Blumenau, recebeu mais de R$ 20 milhões, foi aberta em abril de 2003 e fechada em seguida, em agosto de 2003.

Usada apenas como fachada para pagar as contas de Lurian e... para comprar o seu magnífico apartamento em Florianópolis, o esquema operacional era coordenado por Eurides Mescolotto, que Presidente do BESC e ex-marido de Ideli Salvatti .


Quatro anos depois de se associar à gigante de telefonia Oi, a Gamecorp, empresa que tem entre seus sócios um filho do presidente Lula, acumulou prejuízo de R$ 8,7 milhões até 2009 e dívidas que somam mais de R$ 5 milhões.


Com BNDES e fundos de pensão como principais acionistas, a Oi é a única grande cliente da Gamecorp, que faz conteúdo para TV veiculado pela OiTV e pela Sky --que não tem a tele como sócia.







‘O mito da presidente workaholic’


MARCO ANTONIO VILLA

Ao longo dos últimos dois anos, os propagandistas de Dilma Rousseff construíram vários figurinos, todos fracassados pela dura realidade dos fatos. O último foi o da presidente workaholic. Trabalharia diuturnamente, seria superexigente, realizaria constantes reuniões com os ministros, analisaria detidamente os projetos e cobraria impiedosamente resultados. Porém, os dados oficiais da sua agenda, disponibilizados na internet, provam justamente o contrário.

Em agosto despachou com 17 ministros. Um terço deles, apenas uma vez (como Aldo Rebelo e Celso Amorim). Deu preferência a Paulo Sérgio Passos, Gleisi Hoffman e especialmente a Guido Mantega, recebido 9 vezes. Se a a maioria deles não teve um minuto de atenção da presidente, o mesmo não se aplica a Rui Falcão, presidente do PT, e até ao presidente da UNE, Daniel Iliescu, que foram ouvidos a 9 e 22 de agosto, respectivamente.

Dilma pouco se deslocou de Brasília. Numa delas foi a São Paulo, no dia 6. Saiu às 11h30m direto para o escritório da Presidência da República na capital paulista, à época ainda sob a responsabilidade de Rosemary Noronha. Dilma foi se encontrar com Lula. Passaram horas discutindo política. Às 18h40m, retornou a Brasília. Foi a única atividade do dia.

Em setembro recebeu 14 ministros. Os mais assíduos foram os que despacham no Palácio do Planalto (Miriam Belchior, Gleisi Hoffman e Ideli Salvatti; as duas últimas, quatro vezes, e a primeira, três) e Aldo Rebelo (Esportes), três vezes. Uma sequência de 12 dias com pouquíssima atividade chama a atenção. No dia 5 recebeu um ministro (Edison Lobão) às 9h e não há mais qualquer registro. No dia seguinte trabalhou das 10h às 12h. E só. No feriado compareceu ao tradicional desfile. Na segunda-feira, dia 10, só registrou duas audiências, uma às 10h e outra às 15h.

Dois dias depois, foi uma espécie de “quarta maluca”. A presidente teve apenas dois compromissos e nenhum administrativo: às 15h, recebeu o presidente do PCdoB, “o partido do socialismo”, Renato Rabelo, e uma hora depois, mostrando o amplo arco de apoio do governo ─ e haja arco! ─, o megaempresário Jorge Gerdau. E mais nada. No dia seguinte compareceu à posse de um ministro e ao lançamento de um programa de incentivo do esporte de alto rendimento. Na sexta-feira (14), anotou na agenda às 10h um despacho interno e rumou, no início da tarde, para Porto Alegre, onde permaneceu o fim de semana e a segunda-feira ─ neste dia visitando dois estaleiros.

Nada mudou em outubro. Despachou com 19 ministros. Fez uma breve viagem ao Peru, visitou São Luís e São Paulo (duas vezes: uma delas novamente ao escritório da Presidência da República e para mais um encontro com Lula). Se muitos ministros, em três meses, não foram recebidos pela presidente, o mesmo não ocorreu com Renato Rabelo. O presidente do PCdoB teve mais uma audiência, a segunda em dois meses. Dilma teve tempo para ouvir Fernando Haddad, prefeito eleito de São Paulo, no dia 29, e, dois dias depois, o de Goiânia. Ambos do PT. Curiosamente a agenda não registrou ─ caso único ─ onde a presidente esteve nos dias 27 e 28, fim de semana.

Dilma manteve em novembro sua estranha rotina de trabalho. Recebeu 15 ministros. Dois pela primeira vez, nos últimos 4 meses: Paulo Bernardo e Antonio Patriota. Concedeu duas audiências a prefeitos eleitos: de Niterói, Rodrigo Neves, do PT; e Curitiba, Gustavo Fruet, do PDT e apoiado pelo PT. Fez uma longa viagem à Espanha e uma breve à Argentina. Mas três dias se destacam pelas curiosas prioridades: 21, 22 e 23. Na quarta-feira (21), a presidente não recebeu nenhum ministro e não efetuou qualquer despacho administrativo. Dedicou o dia a José Sarney, Gim Argello, Eduardo Braga e ao seu vice-presidente, Michel Temer.

Como ninguém é de ferro, à noite assistiu o filme “O palhaço”. No dia seguinte, a agenda registrou três compromissos, um só com ministro (o dos Portos), a posse do presidente e vice-presidente do STF e um encontro com a apresentadora Regina Casé. E na sexta-feira? Somente duas audiências e no período da tarde.

Dilma incorporou o péssimo hábito de que o mês de dezembro é “de festas”. Fez duas viagens ao exterior (França e Rússia) e despachou com apenas 9 ministros. Antecipou o réveillon para o dia 28, suspendendo as atividades por 13 dias, até 9 de janeiro.

Iniciou o novo ano com a mesma disposição do anterior: pouquíssimos despachos, audiências ou reuniões de trabalho. Em janeiro, despachou com 11 ministros. Lobão foi o recordista: quatro vezes. E, por incrível que pareça, e sempre de acordo com a agenda oficial, concedeu pela primeira vez em um semestre uma audiência para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Melhor sorte teve o ex-jornalista Franklin Martins: esteve duas vezes, em apenas quatro meses, com Dilma.

Nesse semestre (agosto de 2012/janeiro de 2013), nove ministros ─ cerca de um quarto do ministério ─ nunca foram recebidos pela presidente: Marcelo Crivella, Aguinaldo Ribeiro, Garibaldi Alves Filho, Brizola Neto, Gastão Vieira, Maria do Rosário, Eleonora Menicucci, José Elito e Alexandre Tombini (presidente do Banco Central, mas com status de ministro).

Outros não mais que uma vez. Uma reunião entre a presidente e alguns ministros de áreas correlatas nunca foi realizada. Em alguns dias (como a 16 de janeiro), não concedeu nenhuma audiência e nem efetuou despachos internos. Pior ocorreu duas semanas depois, a 30 de janeiro, uma quarta-feira: está sem nenhum compromisso. É uma agenda de uma workaholic?






‘As redações do Enem’, editorial do Estadão

PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA QUARTA-FEIRA

Depois de examinar mais de 30 textos enviados por candidatos que atingiram a pontuação máxima no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), acompanhados da confirmação, pelas universidades federais, de que foram aprovados no vestibular deste ano, o jornal O Globo constatou que muitas redações continham erros de grafia ─ como “rasoável”, “enchergar” e “trousse” ─ e graves erros também de concordância, acentuação e pontuação.

Embora tenham recebido a nota 1.000, no Enem de 2012, essas redações não atenderam às exigências da primeira das cinco competências avaliadas pelos corretores, que exige dos estudantes demonstração do “domínio da norma padrão na língua escrita”. Numa das redações ─ que não recebeu a pontuação máxima, mas obteve nota alta ─ o estudante despreza o tema ─ “movimentos imigratórios para o Brasil no século 21″ — e descreve como preparar um miojo.

Cada competência tem a pontuação máxima de 200 pontos. Como informa o Guia do Participante, distribuído pelo MEC, os 200 pontos relativos à primeira competência só podem ser concedidos aos alunos que apresentarem “poucos desvios gramaticais leves”. Segundo o guia, “desvios mais graves excluem a redação da pontuação mais alta”. Ele é taxativo ao apontar, entre os “desvios gramaticais mais graves”, erros de grafia, de acentuação e de pontuação, como os que foram cometidos nas provas conferidas pelo jornal.

Pelas regras do Enem, essas redações não poderiam receber a pontuação máxima. “A atribuição injusta do conceito máximo a quem não teve o mérito estimula a popularização do uso da língua portuguesa, impedindo os alunos de falar, ler e escrever reconhecendo suas variedades linguísticas. Além disso, provoca a formação de profissionais incapazes de se comunicar, em níveis profissional e pessoal, e de decodificar o próprio sistema da língua portuguesa”, diz Jerônimo Moraes Neto, professor de Linguística Aplicada na UFRJ e na Uerj. “Na vida real, redações como essas jamais tirariam nota máxima, pois contêm erros que a sociedade não aceita. Afinal, pareceres, relatórios, artigos científicos, livros e matérias de jornal que contiverem esses desvios colocarão em risco o emprego de revisores, pesquisadores e jornalistas”, afirma o titular de Língua Portuguesa do Instituto de Letras da Uerj, Cláudio Henriques.

Criticando os modismos pedagógicos, ele lembra que os corretores dos textos do Enem não utilizam a palavra erro, trocada por desvio ─ que seria mais politicamente correta. “A demagogia política anda de braço dado com a demagogia linguística”, adverte. Há dois anos, a imprensa noticiou que o MEC distribuía, por meio do Programa Nacional de Livros Didáticos, obras que toleram ─ e até justificam ─ erros gramaticais. O livro mais polêmico considerava correta, por exemplo, a frase “nós pega o peixe”.

Justificando a distribuição desse livro, as autoridades educacionais disseram, na época, que é preciso aceitar a fala que “o aluno traz de sua comunidade” e que “a cultura dele é tão válida quanto qualquer outra”. No caso dos textos do Enem que receberam pontuação máxima, apesar de estarem repletos de erros gramaticais, elas alegam que a correção de um texto é feita “como um todo”. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais afirma que “a tolerância deve-se à consideração de ser o participante do Enem, por definição, um egresso do ensino médio, ainda em processo de letramento na transição para o nível superior”. Segundo a nota, “um texto pode apresentar eventuais erros de grafia, mas pode ser rico em sua organização sintática, revelando um excelente domínio das estruturas da língua portuguesa”.

Esses argumentos são absurdos. Como admitir que vestibulandos ainda não saibam redigir um simples texto, por se encontrarem num “processo de letramento em transição”? E como aceitar que alguém que tenha “excelente domínio das estruturas da língua portuguesa” cometa erros gramaticais primários? As autoridades se esquecem de que, se continuarem sendo lenientes com deformações da língua portuguesa, o ensino formal não tem mais sentido. Se elas continuarem tolerando erros gramaticais primários, para que serve, então, a escola?


Oliver: O imbecil corrigindo o idiota


 

VLADY OLIVER

Temos aqui o mais novo escândalo comportamental da semana. O Globo solicitou em seu espaço, para publicar como exemplo, redações do ENEM 2012 que receberam a pontuação máxima. A surpresa foi receber dissertações onde podemos encontrar “rasoavel“, “enchergar” e “trousse“, entre outros barbarismos. A explicação para o mais novo capítulo do “nós pega o peixe” consentido é que “um texto pode apresentar erros de grafia, mas pode ser rico em sua organização sintática, revelando um excelente domínio das estruturas da língua portuguesa”.

Acuma ? Quer dizer que isso é isso mesmo ? Fala sério. Também li na blogosfera que nossa ilustríssima “presidenta” cometeu um “estrupo” recentemente, em cerimônia oficial. Seu mentor e conselheiro também cometeu vários “estrupos”, mas foram todos consentidos e consumados no próprio escritório da presidência em São Paulo, com os protagonistas constrangidamente calados até hoje.

A frouxidão que tomou conta de nossas instituições é lastimável. Se é para gritar muito quando um cretino atira um braço incauto decepado pela janela, ou quando um governador do Estado mais rico da Federação perde tempo (o dele e o nosso) sancionando leis inúteis do ponto de vista operacional, o que dizer deste “estrupo” moderno cometido contra a nossa educação?

Nossa língua, no trato diário, já não é lá essas coisas. Apanha insistentemente de seus usuários, reféns que somos de uma educação igualmente capenga e renitente. Nada justifica, no entanto, esse verdadeiro massacre a que somos submetidos por aqueles que deveriam representar-nos. Não sou preconceituoso. Mas continuo a acreditar que colocar um piloto de torno que perde os dedos no caminho na condução de um país só poderia dar nisso. É claro que aqueles que pensam com os neurônios mais próximos da crina vão perguntar o que é que o “estrupador” de presidências tem a ver com a ignorância recorrente desta nação envilecida. Simplesmente tudo. A indulgência com que se trata essa cachoeira de barbaridades é o mau exemplo número um oficializado pela fábrica de criar e enaltecer energúmenos em série.

Quero ver quando um médico conhecer “mais ou menos” uma artéria aorta vier cuidar de você, ou quando um engenheiro “conhecer aproximadamente” o cálculo estrutural para cuidar de sua casa, como a conivência com a ignorância crônica que este país insiste em exibir sem restrições e pudores vai ficar. Política de inclusão de ignorantes? Os caras não sabem nem falar. E isto aqui é o tal país sem pobreza, cantado em verso e prosa pela dona dos neurônios mais revoltosos que já vimos? A “estrupadora ? Vai indo, Brasil. Não me espera não.







J. R. Guzzo: Para defender-se de seu próprio desabamento moral, o PT usa a imagem de um Getúlio Vargas “democrático” e “de esquerda” que nunca existiu



UM DITADOR ARMADO -- “O Estado Novo não reconhece direitos de indivíduos contra a coletividade”, disse o ditador Getúlio Vargas em 1938. Getúlio foi um tirano que governou por decreto, sob cuja ditadura se torturava, perseguia-se cruelmente adversários e se instituiu oficialmente a censura à imprensa (Foto: CPDOC/FGV)

Artigo publicado na edição de VEJA
 
PASSADO IMAGINÁRIO

Por J. R. Guzzo

Uma das últimas modas no PT, no governo e na procissão de devotos que acompanha o ex-presidente Lula é lembrar a figura de outro  ex-presidente, Getúlio Vargas, para defender-se do desabamento moral em que todos estão metidos hoje.
A intenção desse novo plano mestre,  mencionado em documentos do partido e tema dos discursos a serem feitos nas “caravanas” que o ex-presidente planejou para este ano, é vender  ao público a seguinte história: Lula e seu “projeto para o Brasil” estão sendo agredidos, em 2013, pelo mesmo tipo de ofensiva que causou a  liquidação do governo de Getúlio em 1954.

A primeira reação é fazer uma sequência de perguntas: “O quê? Quem? Do que é mesmo que estão  falando?”. A segunda reação é constatar que, sim, o estado-maior do PT está dizendo isso mesmo: um personagem de outro mundo, de uma época  morta e de um Brasil que não existe mais está de volta entre nós.

Ele foi tirado do túmulo numa tentativa de convencer o público de que episódios  de corrupção, sejam lá quais forem os fatos que comprovam a sua existência, são apenas uma invenção das forças antipovo para armar “golpes de estado” contra governos democráticos e dedicados à causa popular, como teria sido o de Getúlio ─ e como seriam hoje os de Lula e sua sucessora, Dilma Rousseff.

Aliados preciosos do PT: Henrique Alves, Renan, Collor, Maluf, fugitivos do Código Penal…

A última causa popular que empolgou o PT foi a campanha em favor da eleição do deputado Henrique Alves para a presidência da Câmara e do senador Renan Calheiros para a presidência do Senado. Naturalmente, como acontece em quase tudo o que o partido faz hoje em dia, é uma clara  opção para enterrar-se mais ainda na vala comum da baixa política brasileira; Alves e Renan, sozinhos, valem por um samba-enredo completo sobre praticamente todos os vícios que fazem a vida pública nacional ser a miséria que ela é.

Mas, para o PT de 2013, ambos são aliados preciosos  das massas trabalhadoras, junto com Fernando Collor, Paulo Maluf, empreiteiros de obras, fugitivos do Código Penal, bilionários experientes em  lidar com os guichês de pagamento do Tesouro Nacional, e por aí afora.

Para o governo é tudo gente finíssima, empenhada em ajudar Lula no seu  projeto de salvar o Brasil. O erro, na visão petista, é apontar o que está errado ─ aí já se trata de uma campanha que a direita reacionária, golpista e  totalitária estaria fazendo contra Lula, como fez no passado contra Getúlio, com o apoio da “grande imprensa” e de “setores do Judiciário”.

Sua  arma de hoje, igual à de ontem, é o “moralismo” ─ delito atribuído automaticamente a quem aponta qualquer ato de imoralidade na vida pública. Getúlio, de acordo com esse sermão, foi um “mártir do moralismo”. Lula, os condenados do mensalão e toda a companheirada que frequenta o  noticiário policial são as vítimas da direita moralista no momento.

Vítimas da direita? É curioso, porque aquilo que se vê parece ser justamente o contrário. Para ficarmos apenas no caso mais recente da série: que  tipo de vítima poderia ser, por exemplo, a senhora Rosemary Noronha, a ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo e amiga  pessoal de Lula, denunciada há três meses pelo Ministério Público por crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha, falsidade ideológica e  tráfico de influência, junto com 23 outros suspeitos?

Da trinca de irmãos Paulo, Rubens e Marcelo Vieira, os sócios mais visíveis de “Rose”, o   primeiro era tratado pelo interessante apelido de “Paulo Grana”, conforme se constatou com a gravação de mais de 25 000 telefonemas trocados  entre os membros da quadrilha. Fizeram de tudo. Conseguiram até mesmo ressuscitar o ex-senador Gilberto Miranda, dono de um espetacular  prontuário aberto ainda nos tempos do governo José Sarney; imaginava-se que estivesse aposentado, mas constatou-se agora que continua na  vida de sempre, metido com a privatização de ilhas e áreas públicas em volta do Porto de Santos.

Ao longo desses três meses, Lula não foi capaz de  dizer uma única palavra sobre o caso; não se sabe, na verdade, o que poderia ter dito. Mas toda a conversa ao seu redor apresenta as Roses, os Paulos e os Gilbertos como réplicas atuais dos alvos utilizados há sessenta anos pela campanha contra Getúlio. Moral da história: sem nenhuma  explicação que possa justificar o que fazem no presente, Lula e seus aliados tentam pescar desculpas em histórias do passado. Como praticamente  ninguém sabe nada sobre elas, podem contá-las do jeito que quiserem.

O normal é imaginar o futuro. O PT de hoje imagina o passado. Tudo bem, mas há dificuldades claras com esse conto ─ os fatos, teimosamente, não combinam com a lição que Lula e o PT querem tirar dele. A primeira dessas dificuldades está na simples passagem do tempo.

O PT reinventa um passado que não existiu — um Getúlio “democrático” ou de “esquerda”. Ele foi o contrário dissoGetúlio Vargas  morreu quase sessenta anos atrás, em agosto de 1954. Só os brasileiros que hoje têm mais de 59 anos estavam vivos quando isso aconteceu; e  quem, a esta altura, pode estar interessado no assunto? A imensa maioria da população não tem a menor ideia de quem foi Getúlio, e boa parte dos  que sabem alguma coisa a respeito é indiferente ao personagem e à sua obra; despertam tanto interesse, hoje em dia, quanto a batalha de Tuiuti ou  as realizações do regente Feijó.
 
Mais difícil ainda, nessa tentativa de redecorar Getúlio Vargas como um santo para as massas brasileiras de 2013, é  vender o homem como um político “democrático” ou “de esquerda”. É o contrário, justamente, do que mostram a razão e os fatos.

Getúlio chegou ao poder em 1930 por meio de um golpe apoiado pelos militares; derrubou o presidente Washington Luís e impediu a posse de seu  sucessor legal, Júlio Prestes, de quem havia acabado de perder as eleições presidenciais. Dos dezenove anos que passou no governo, quinze foram  como ditador.

Seu Estado Novo criou uma censura oficial, legislava por decreto e permitia prisões sem processo. Perseguiu o movimento  comunista brasileiro, que tentara derrubá-lo num levante armado em 1935, com uma selvageria que nada fica a dever aos piores momentos da  repressão no Brasil.

Aprovou a utilização maciça e sistemática da tortura contra presos políticos; permanece célebre, até hoje, o pedido do  advogado Sobral Pinto para que fosse aplicado o artigo 14 da Lei de Proteção aos Animais em favor de seu cliente Harry Berger, militante  comunista que, na condição de ser humano, foi torturado até entrar em colapso mental. A filosofia de Getúlio sobre esse tipo de problema, obedecida pela Justiça que o seu governo controlava, era bem curta.

“Indivíduos não têm direitos, têm deveres”. E a entrega de Olga Benário à Gestapo de Hitler
“O Estado Novo não reconhece direitos de indivíduos contra a coletividade”,  resumiu ele em 1938. “Os indivíduos não têm direitos. Têm deveres.” Foi, enquanto pôde, um aliado virtual da Itália de Mussolini, de quem copiou  as leis trabalhistas, e da Alemanha de Hitler, a quem apoiava negando vistos a judeus que tentavam refugiar-se no Brasil.

Seu chefe de polícia e  homem de confiança Filinto Müller era um aberto simpatizante do nazismo. Em 1936, ambos entregaram à Gestapo, que a mandou para a morte no  campo de extermínio de Bernburg, a alemã Olga Benario, esposa do dirigente comunista Luís Carlos Prestes e presa como ele no Brasil; Olga estava  grávida no momento em que foi deportada.

Nenhum presidente na história do Brasil esteve tão diretamente ligado a um crime de morte, de forma  tão comprovada, como Getúlio Vargas no caso de Olga Benario. E este é o homem que Lula apresenta hoje como seu herói.

Outro problema sério, que sempre aparece quando se tenta demonstrar que Getúlio Vargas foi vítima de um golpe aplicado pela direita brasileira,  é encontrar o golpe. Getúlio não perdeu a Presidência da República por ter sido deposto num golpe da oposição extremista e conservadora, e sim  porque se suicidou.

Políticos veteranos, acostumados a enfrentar conflitos durante a vida toda, não se matam por causa de discursos da oposição,  manchetes agressivas na imprensa e atos de indisciplina militar; vão à luta contra quem os ameaça. Não há dúvida de que Getúlio, em agosto de  1954 e já a caminho do fim de seu mandato, dessa vez obtido pelo voto, estava numa situação extremamente complicada.

Getúlio foi vencido por uma combinação fatal de fatores, e se suicidou. Não foi deposto!

Agentes de seu governo eram acusados de crimes graves, incluindo o homicídio. Os adversários exigiam sua renúncia; cartazes com a letra “R” eram colados na fachada das  residências. O principal porta-voz da oposição radical, o deputado e jornalista Carlos Lacerda, comandava no Congresso, na imprensa e na rua  uma campanha incendiária por sua deposição.

Havia aberta insubordinação militar; oficiais da Aeronáutica interrogavam na base aérea do Galeão,  de forma francamente ilegal, funcionários de seu governo, e generais assinavam manifestos contra ele. Getúlio tinha a seu favor a lei, a popularidade e a opção de usar a força do Estado para enfrentar a desordem criada por seus inimigos. Preferiu se suicidar com um tiro no peito no Palácio do Catete — aos 71 anos de idade, foi vencido por uma combinação fatal de amargura, desilusões, cansaço e depressão em estágio  avançado.

O desfecho da história é bem conhecido. Getúlio foi substituído por seu vice-presidente, Café Filho, exatamente como previsto na Constituição. Um ano depois, na data marcada pelo calendário eleitoral, houve eleições livres e Juscelino Kubitschek, que não tivera a mínima participação na ofensiva contra Getúlio, foi eleito presidente da República, posto que ocupou até o fim do seu mandato.
Que raio de golpe teria sido esse?

Nenhum dos inimigos políticos do  presidente morto, a começar por Lacerda, jamais veio a ocupar cargo algum nos governos que se seguiram. Que raio de golpe teria sido esse, em  que o presidente não é derrubado e os golpistas não põem o pé dentro do palácio? Mais difícil ainda é achar semelhanças entre agosto de 1954 e  março de 2013. Não existe hoje o mínimo sinal de indisciplina militar.

O governo tem maioria disparada no Congresso Nacional, onde acaba de  eleger os presidentes das duas casas. Ninguém pede, nem de brincadeira, a renúncia de Dilma. A principal figura da oposição, caso se consiga  encontrar uma oposição no Brasil, não é um barril de pólvora como Carlos Lacerda ─ ao contrário, é um político que poderia concorrer ao título  de oposicionista mais camarada do mundo. Uma parte da imprensa, com certeza, não dá sossego ao governo. Mas não há um único jornalista ou  dono de empresa de comunicação brigando para ser presidente da República.

Os lulistas condenados no mensalão tiveram sete anos inteiros para preparar suas defesas, e todos os seus direitos foram respeitados no processo.  Ruídos falando em virar a mesa, até agora, só saíram do próprio PT e de gente como o malfadado Paulo Vieira, da trinca de “Rose”; foi pego numa  gravação dizendo que os juízes do mensalão “não vão sair de lá ilesos”, que era preciso “parar o Brasil” e que “o negócio agora é tumultuar o  processo”.

Áreas inteiras do governo viraram uma espécie de cracolândia para viciados no consumo ilegal de verbas

Manifestações de rua, só em favor do próprio governo, com ônibus fretados, lanches grátis e camisetas que o cofre público, de um jeito  ou de outro, acaba pagando.

As forças conservadoras, enfim, parecem perfeitamente felizes com o governo, entretidas em comprar helicópteros,  touros de raça e peruas Cayenne blindadas.

Estão dentro do ministério e da base aliada. Segundo o próprio Lula, nunca ganharam tanto dinheiro  como em seus dois mandatos de presidente.

Golpe de direita?

Getúlio?
 
Lacerda?

Não dá para ver nada disso.

Lula, com o PT atrás, fala em salvar a sua biografia, seu projeto nacional e a reputação do partido. Teriam mesmo de fazer essas coisas todas, pois áreas inteiras do governo federal viraram, nos últimos dez anos, uma espécie de cracolândia para viciados no consumo ilegal de verbas, favores e  empregos públicos. Para isso, porém, precisam se defender com base nos fatos do presente. Getúlio Vargas não pode ajudá-los.




Declarações de Dilma na África do Sul amarram as mãos do Banco Central no combate à inflação. Mau sinal…


A presidente Dilma durante sua intervenção em Durban, na África do Su, com Tombini ao fundo: em período eleitoral antecipado, nada de aumentar juros (Foto: Alexandre Joe / AFP)

Ao assegurar hoje em Durban, na África do Sul, que seu governo não tomará “quaisquer medidas” de combate à inflação que possam “desacelerar o crescimento da economia brasileira” — como, aliás, o crescimento já não estivesse desacelerado –, a presidente Dilma Rousseff, na prática, amarrou as mãos do Banco Central.

Já são conhecidas as intervenções de Dilma em todas as áreas do governo e a utilização das estatais, por seu governo, como forma de jogar a inflação para debaixo do tapete, mesmo em prejuízo das metas e da eficiência das empresas.

Agora, nas declarações feitas a jornalistas durante reunião dos Brics — os maiores países em desenvolvimento e sigla retirada das letras iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa, em inglês) –, Dilma esteve a milímetros de dizer, às claras, que não vai permitir que o Banco Central aumente as taxas de juros para conter a inflação, mesmo que, tecnicamente, os especialistas do BC considerem necessária a medida.

Há três anos, a inflação oficial do país tem ficado próxima ao topo da meta de tolerância — 6,5%, que especialistas consideram um teto alto demais para padrões internacionais, mesma coisa que ocorre com o chamado “núcleo da meta”, 4,5%.

No ano passado, o IPCA — índice que mede a inflação oficial — bateu nos 5,84%. Em 2011, fechou exatamente no teto de 6,5%, ultrapassando os 5,91% de 2010.

Com a antecipação do debate sobre a eleição presidencial de 2014 — que só ocorrerá dentro de 19 meses –, parece muito provável que a presidente faça o possível para “segurar” os juros, pressionando o BC que, justiça seja feita, teve mais autonomia operacional durante os oito anos do lulalato.

O então candidato Lula, como parte dos esforços para ganhar a confiança dos investidores e do mercado em plena campanha eleitoral de 2002, chegou a pedir ao hoje ministro da Fazenda, Guido Mantega, que estudasse como funcionam os Bancos Centrais independentes do Reino Unido e da Alemanha. Passou pela cabeça de peças-chaves do lulopetismo adotar a independência do BC em lei, hipótese que depois foi abandonada.

O fato de o presidente do BC sob o então presidento Lula ser uma figura de peso como Henrique Meirelles, ex-presidente mundial do BankBoston, certamente contribuiu para que a autoridade monetária agisse com mais desenvoltura técnica ao longo de 8 anos. Havia o esforço para baixar os juros, que de fato caíram, mas, sempre que necessário, mantinha-se ou mesmo se elevava as taxas.

Sob Dilma, e com um presidente que é funcionário de carreira do BC, a entidade monetária está visivelmente mais pressionada, por um lado, e não dispõe de um nome com a influência de Meirelles a dirigi-lo, por outro.

Perde a luta, indispensável, contra a inflação — a maior inimiga do poder aquisitivo dos pobres.





Economia

Sobrou de novo pra nós... Dilma acusa imprensa de manipular sua fala


VEJA ONLINE

Que o governo tem optado por estimular o crescimento da economia em detrimento do controle da inflação, não é novidade. Nesta quarta-feira, no entanto, foi a primeira vez que a presidente Dilma Rousseff deixou escapar sua heterodoxa preferência pelo Produto Interno Bruto (PIB), durante conversa com jornalistas em Durban, na África do Sul, onde esteve para o encontro dos Brics.

Dilma afirmou que não concorda com políticas de combate à inflação que mirem a redução do crescimento econômico. A fala repercutiu como pólvora - o que fez o blog do Planalto divulgar uma nota feita pela presidente desmentindo sua frase. "Foi uma manipulação inadmissível de minha fala. O combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu governo", afirmou a presidente.

Dilma também pediu que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, conversasse com jornalistas para desfazer o "mal entendido". À Agência Estado, Tombini afirmou que era preciso que o "mal entendido fosse desfeito e que não há tolerância em relação à inflação". Ele até usou o expediente da insubordinação para consertar a frase de Dilma. "De inflação fala a equipe econômica. Em relação à política de juros, fala o Banco Central", disse.

De acordo com a nota, Dilma decidiu se pronunciar após "tomar conhecimento de que agentes do mercado financeiro estavam interpretando erroneamente seus comentários como expressão de leniência em relação à inflação". As declarações da presidente reduziram as apostas de elevação da Selic, a taxa básica de juros da economia. As taxas futuras, que já caíam desde a abertura do mercado, acentuaram o movimento imediatamente após as palavras da presidente.

Com as declarações de Dilma, os analistas entenderam que o governo acredita que a inflação no Brasil seja algo temporário e que o Banco Central poderá adiar o início do aperto monetário. As palavras de Dilma, na véspera da divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, também foram criticadas por alguns agentes, porque atrapalharia o esforço do presidente do BC, Alexandre Tombini, em ancorar as expectativas do mercado.



De ênfases e ressalvas, crescimento e inflação

Por João Bosco Rabello

O recurso à ênfase serve para sublinhar aquilo que se considera o principal objetivo de uma fala, programa ou discurso.  A ressalva faz a exceção a  uma parte do todo enunciado, afim de preservá-lo do conjunto da regra.   Para que ambos sejam interpretados com o peso que se quer dar a cada um, é preciso hierarquizá-los , ou seja, a ênfase vem primeiro por ser o objetivo central do orador.

Esse é um conceito básico da política e do jornalismo, extensivo à publicidade, ao marketing e a muitas outras atividades que têm na  comunicação eficiente com o público-alvo de sua mensagem, o desafio permanente a superar. Não é diferente com a economia, ciência que não combina com a emoção.

A reflexão vem a propósito da irritação da presidente Dilma Rousseff com o que chamou de “manipulação” de sua fala sobre a economia brasileira, à saída de um evento oficial na África do Sul ontem. Debitou ao mercado o efeito negativo dos sinais trocados de seu discurso, em que a inflação foi a ressalva, quando deveria ser a ênfase.

Esta somente apareceu na entrevista convocada às pressas, e, ainda assim,  depois da ressalva de que não errara no pronunciamento, mas que fora vítima da má-fé do público-alvo de sua mensagem – de resto, ansioso por uma palavra sobre o controle da inflação. Mas que ouviu uma veemente defesa de sua política de crescimento.

Possivelmente traída pelo inconsciente, a presidente priorizou a resposta aos críticos de sua administração econômica – políticos, jornalistas, economistas e acadêmicos -, que percebem a influência do processo eleitoral antecipado na determinação de seu governo de enfrentar com o rigor desejável – e prudente – a ameaça inflacionária.

Chegou a dizer, ainda na primeira vez, que a inflação é combate diuturno do governo, mas era uma ressalva empalidecida pela primeira parte do discurso. O mercado – que é mesmo manipulador por essência -, leu o que acredita: combate à inflação para valer, só depois de garantida a reeleição, critério que terá produzido então uma conta negativa, a exemplo do que seu antecessor fez para elegê-la.

Foi a presidente que construiu a hierarquia de sua fala: primeiro, a defesa de sua gestão econômica, exercida em favor do crescimento, mas  que produziu o “pibinho”. Depois – e, portanto, secundário -, o compromisso de combate à inflação, administrada à base de paliativos. Mais tarde – e para o mercado, bem tarde -, a correção com uma frase que soou mais filosófica do que real: o combate à inflação “é um valor em si”.

O componente emocional esteve presente todo o tempo nas falas da presidente ontem, o que acabou traindo sua preocupação com as críticas dos adversários de sua política econômica. Valorizou o que lhe era mais caro: mostrar que está certa. Aí, seu ponto vulnerável.

Pilatos ao lavar as mãos (sem qualquer comparação histórica), entregando à turba a decisão sobre Jesus, traiu seu ponto fraco, a incapacidade de decidir. A referência bíblica, como valor psicanalítico, não é uma homenagem ao pastor Marco Feliciano, mas torna-se válida na medida em que a presidente foi quem admitiu “fazer o diabo” em campanha eleitoral.

A campanha está em curso e,  invocado,  o personagem das trevas fez lembrar que mora nos detalhes.








‘A inflação, o Banco Central e os lírios do campo’

 

PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA QUARTA-FEIRA

ROLF KUNTZ

Olhai os lírios do campo. Essa bela exortação, a mais poética do Sermão da Montanha, bem poderia abrir a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando os dirigentes do Banco Central (BC) decidiram, de novo, depender da Providência, em vez de atacar a inflação. Nada altera esse fato, nem mesmo a nova linguagem da nota oficial distribuída na quarta-feira à noite. O comitê, segundo o comunicado, vai “acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos”.

Acompanhar os fatos para definir a política é seu papel, com ou sem a intenção ─ ou a esperança ─ de manter a taxa por um período prolongado. Os fatos foram acompanhados e nada se fez, por mais de um ano, para atenuar as pressões inflacionárias. Agora uma nova pergunta é inevitável: para tomar suas próximas decisões, o pessoal do Copom levará em conta as pressões efetivas, visíveis no dia a dia, ou olhará simplesmente os índices de preços administrados pela intervenção do governo? Sem essa intervenção, os indicadores acumulados até fevereiro já teriam estourado o limite superior da banda ou estariam muito perto disso. Não há sequer, nessa história, a contrapartida do crescimento econômico facilitado pela política monetária. A inflação elevada é pura perda.

Toda a política seguida a partir do fim de agosto de 2011 foi baseada em apostas erradas. Erros de previsão são parte do jogo. A insistência no erro é outra história. Pode ser uma demonstração de fé: em algum instante a intervenção divina resolverá os problemas. Nos mercados, a interpretação foi mais prosaica: a presidente da República mandou baixar os juros, sua ordem foi seguida e a autonomia operacional do BC foi pelo ralo. Os erros das apostas são bem conhecidos.

Primeiro, esperava-se uma acomodação dos preços agrícolas, num cenário de estagnação internacional.  As cotações oscilaram, de fato, mas voltaram a subir, por mais de um motivo, e as pressões se intensificaram no segundo semestre de 2012. Esse fato foi reconhecido pelo BC. Segundo, a redução de juros foi justificada também com a expectativa de austeridade fiscal. Esse foi um ato de fé especialmente notável. Sem surpresa para as pessoas razoavelmente informadas, essa expectativa foi igualmente desmoralizada pelos fatos.

Desmoralizada parece uma palavra perfeitamente justificável, quando se considera a escandalosa maquiagem das contas federais. Quem apostar em gestão financeira mais cautelosa e responsável em 2013 também perderá, mas, neste caso, ninguém poderá sequer fingir surpresa.

Curiosamente, o pessoal do Copom há muito tempo identifica sinais de risco no mercado de mão de obra, com desemprego baixo e aumento constante da massa de rendimentos. Mas a expansão do crédito, visível a olho nu e comprovada oficialmente, mês a mês, em relatórios do próprio BC, tem merecido menor preocupação.

De toda forma, os responsáveis nominais pela política monetária agiram por longo tempo como se nada preocupante ocorresse nos mercados. Isso reforçou a suspeita, para dizer o mínimo, de serem outros os responsáveis reais. Como pensar de outra forma, quando se apresenta o corte de juros como conquista política e quando o Executivo interfere repetidamente na formação de preços ─ da gasolina, da eletricidade e de tantos bens de consumo?

A mais recente façanha desse tipo foi a redução da conta de energia elétrica. Não se pode atribuir o barateamento da eletricidade a um aumento da oferta ou a uma elevação da produtividade do setor. Todo o efeito foi produzido por uma decisão fiscal tomada no Palácio do Planalto. O resultado começou a aparecer há algumas semanas e já foi bem visível no IPCA-15, divulgado em 22 de fevereiro, e no Índice de Preços ao Consumidor da Fipe-USP, publicado nesta segunda-feira.

Com a redução da conta de energia, o IPC-Fipe subiu 0,22% em fevereiro. Teria subido praticamente o dobro, 0,43%, sem o efeito da eletricidade mais barata. A medida oficial de inflação, o IPCA, também foi afetada pelo corte da conta de eletricidade. O índice aumentou 0,60% no mês passado, bem menos que em janeiro (0,86%), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As contas de energia ficaram 15,17% menores em fevereiro, “refletindo boa parte da redução de 18% do valo das tarifas em vigor a partir de 24 de janeiro”, segundo o relatório divulgado. Só essa redução tirou 0,48 ponto do IPCA. Mesmo assim, a alta acumulada em 12 meses chegou a 6,31%, bem perto do limite superior da margem de tolerância.

Energia mais barata é um benefício para o consumidor, principalmente se for sustentável, mas política antiinflacionária é assunto muito diferente. Desonerações, mesmo quando bem executadas, afetam os índices de forma temporária, porque deixam intactos os fatores de pressão (como o aumento do crédito e o gasto público excessivo, por exemplo).

A Fundação Getúlio Vargas já advertiu: está-se esgotando, nos indicadores, o efeito da redução da conta de energia. Isso já se nota no IPC-S, atualizado semanalmente e sempre relativo a um período de quatro semanas. Na primeira quadrissemana de março, o aumento geral foi de 0,52%. Havia ficado em 0,33% no fechamento de fevereiro. A deflação registrada no item “habitação”, onde se inclui o custo da energia, diminuiu de 1,28% para 0,58% entre os dois períodos. Outras desonerações (da cesta básica, por exemplo) poderão frear a alta dos índices, nos próximos meses, mas sempre de forma temporária e sem mudar as condições propícias à inflação. Alguns preços poderão cair, mas a tendência geral, sem outras ações, será mantida. O pessoal do BC sabe disso e seria injustiça imaginar o contrário.

Resta ver se a próximas decisões serão baseadas nas condições efetivas do mercado, na evolução mais ou menos benigna de índices administrados ou, mais uma vez, na preferência pela contemplação dos lírios do campo.




Até amanhã





As fotos inseridas nos textos o foram pelo blogueiro. Juarez Capaverde

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