Bom dia, estamos de volta, hoje
trazendo para vocês alguns artigos que dizem muito e que confirma que tudo continua o mesmo
neste país dominado pelos petistas infelizmente, o grande líder Lula o Sujo continua
o mesmo, usando e abusando da prerrogativa de seu partido estar no poder, para
através de acertos nebulosos com empreiteiras que trabalham para o governo, usa-os
para manter-se em evidência e fazer conchavos como é de seu feitio, quanto será
que está levando nestes arranjos alem do pagamento de suas despesas, ou acham possível
um larápio e aproveitador como ele não estar levando nada? Leiam também “ Os
filhos do peixe” e saberão até onde chegou o desvio do dinheiro do povo
brasileiro por este falastrão e ladrão chamado Lula da Silva.
O mito Dilma, aquela que não é, para
superar sua incapacidade que se percebe ao ouvi-la falar quando não está lendo
o script previamente escrito, tem se mostrado como o mito criado em torno de
si, de ser super exigente, trabalhadora ao extremo, sempre com cobranças de
suas metas o que não é verdadeiro, foi detalhada muito sábiamente no texto de Marco
Antonio Villa que transcrevo para vocês, vale a pena lê-lo. Agora ao falar de
economia outra vez “trocou os pés pelas mãos” e depois saiu dizendo através de
seus assessores que foi deturpado tudo o que disse, culpando como sempre fazem
os petistas a imprensa, são mesmo um bando de cretinos a começar por quem
deveria ser o maior exemplo para o país, sempre a jogar a culpa em quem não a
tem, boa lição deixou o grande líder, joguem sempre aos outros a culpa por seus
erros assim ficará a dúvida!
ENEM, mais uma vez estamos assistindo
uma série de erros descabidos no ENEM, e sempre a mesma e eterna desculpa do
governo para aplacar os erros, também com um Ministro de Educação como o
Mercadante, não poderíamos esperar outra coisa, aquele que se formou numa banca
composta de pessoas comprometidas com o governo ao qual representava não se
poderia esperar mais, apenas justificativas e manobras insustentáveis, isto que
se constatou é a sinalização do que teremos no futuro como profissionais,
pessoas altamente incapazes o que nos levará ao caos como país, um pais com um
povo inculto é um país facilmente dominado pelos tiranos e estamos nos
encaminhando para isto tenham a certeza, se não agirmos logo seremos engolidos
por esta súcia esquerdistas que se apossou do país e do povo brasileiro.
Artigo de J.R. Guzzo em Veja mostra a
que ponto chegou o PT e seus dirigentes para levantarem a desculpa para seus
mal feitos perante o povo, com a corrupção se alastrando em todas as esferas
governamentais, tentam de todas as maneiras comparações com governos que se
sabe não foram de todo honesto, vale a pena ler pois é uma lição que devemos
aprender e guardar na memória.
Juarez
Capaverde
Quase metade das viagens de Lula ao exterior foi paga por empreiteiras
Reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo aponta que quase metade das viagens feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após deixar o governo foi custeada por grandes empreiteiras interessadas nos países visitados.
De acordo com o levantamento da Folha, o ex-presidente fez um total de 30 viagens para o exterior desde que deixou a presidência, no início de 2011. Destas, 13 foram custeadas por empreiteiras, sendo que todas elas tiveram como destino países da América Latina e da África.
Entre as empreiteiras que bancaram as viagens do ex-presidente estão as gigantes Odebrecht, OAS e Camargo Corrêa. Esta última, por exemplo, custeou a viagem para Moçambique, país no qual a empresa participou de obras em uma mina de carvão que, meses antes, havia sido alvo de protestos populares.
Telegrama obtido pela Folha mostra Ligia Maria Scherer, embaixadora do Brasil em Moçambique, afirmando que "é possível afirmar que, além do óbvio ganho de imagem que a presença do ex-Presidente Lula da Silva naturalmente proporciona, a estada do ex-mandatário contribuiu para alterar, em duas áreas fundamentais, alguns conteúdos das discussões, públicas e no interior do Governo, sobre a atuação do Brasil em Moçambique".
Já na última quinta-feira (21), matéria do Estadão informava que viagem de Lula à África, encerrada nesta semana, havia sido custeada por construtoras. Segundo a assessoria do Instituto Lula, as palestras foram para convidados das empresas. O transporte e a hospedagem também foram custeados por elas. Os pagamentos são feitos à LILS, empresa aberta pelo ex-presidente justamente para receber pelas palestras.
Os filhos do Peixe..
Para sempre relembrar que o CEO do mensalão o Lula e
seus filhos da Patrulha Petista, também estão envolvidos em negócios ilícitos
Fundada pela filha de Lula, Lurian, a ONG "Rede 13 Santa Catarina", de Blumenau, recebeu mais de R$ 20 milhões, foi aberta em abril de 2003 e fechada em seguida, em agosto de 2003.
Usada apenas como fachada para pagar as contas de Lurian e... para comprar o seu magnífico apartamento em Florianópolis, o esquema operacional era coordenado por Eurides Mescolotto, que Presidente do BESC e ex-marido de Ideli Salvatti .
Quatro anos depois de se associar à gigante de telefonia Oi, a Gamecorp, empresa que tem entre seus sócios um filho do presidente Lula, acumulou prejuízo de R$ 8,7 milhões até 2009 e dívidas que somam mais de R$ 5 milhões.
Com BNDES e fundos de pensão como principais acionistas, a Oi é a única grande cliente da Gamecorp, que faz conteúdo para TV veiculado pela OiTV e pela Sky --que não tem a tele como sócia.
‘O mito da presidente workaholic’
MARCO
ANTONIO VILLA
Ao longo dos últimos dois anos, os propagandistas de
Dilma Rousseff construíram vários figurinos, todos fracassados pela dura
realidade dos fatos. O último foi o da presidente workaholic. Trabalharia
diuturnamente, seria superexigente, realizaria constantes reuniões com os
ministros, analisaria detidamente os projetos e cobraria impiedosamente
resultados. Porém, os dados oficiais da sua agenda, disponibilizados na
internet, provam justamente o contrário.
Em agosto despachou com 17 ministros. Um terço deles,
apenas uma vez (como Aldo Rebelo e Celso Amorim). Deu preferência a Paulo
Sérgio Passos, Gleisi Hoffman e especialmente a Guido Mantega, recebido 9
vezes. Se a a maioria deles não teve um minuto de atenção da presidente, o
mesmo não se aplica a Rui Falcão, presidente do PT, e até ao presidente da UNE,
Daniel Iliescu, que foram ouvidos a 9 e 22 de agosto, respectivamente.
Dilma pouco se deslocou de Brasília. Numa delas foi a
São Paulo, no dia 6. Saiu às 11h30m direto para o escritório da Presidência da
República na capital paulista, à época ainda sob a responsabilidade de Rosemary
Noronha. Dilma foi se encontrar com Lula. Passaram horas discutindo política.
Às 18h40m, retornou a Brasília. Foi a única atividade do dia.
Em setembro recebeu 14 ministros. Os mais assíduos
foram os que despacham no Palácio do Planalto (Miriam Belchior, Gleisi Hoffman
e Ideli Salvatti; as duas últimas, quatro vezes, e a primeira, três) e Aldo
Rebelo (Esportes), três vezes. Uma sequência de 12 dias com pouquíssima
atividade chama a atenção. No dia 5 recebeu um ministro (Edison Lobão) às 9h e
não há mais qualquer registro. No dia seguinte trabalhou das 10h às 12h. E só.
No feriado compareceu ao tradicional desfile. Na segunda-feira, dia 10, só
registrou duas audiências, uma às 10h e outra às 15h.
Dois dias depois, foi uma espécie de “quarta maluca”.
A presidente teve apenas dois compromissos e nenhum administrativo: às 15h,
recebeu o presidente do PCdoB, “o partido do socialismo”, Renato Rabelo, e uma
hora depois, mostrando o amplo arco de apoio do governo ─ e haja arco! ─, o
megaempresário Jorge Gerdau. E mais nada. No dia seguinte compareceu à posse de
um ministro e ao lançamento de um programa de incentivo do esporte de alto
rendimento. Na sexta-feira (14), anotou na agenda às 10h um despacho interno e
rumou, no início da tarde, para Porto Alegre, onde permaneceu o fim de semana e
a segunda-feira ─ neste dia visitando dois estaleiros.
Nada mudou em outubro. Despachou com 19 ministros.
Fez uma breve viagem ao Peru, visitou São Luís e São Paulo (duas vezes: uma
delas novamente ao escritório da Presidência da República e para mais um
encontro com Lula). Se muitos ministros, em três meses, não foram recebidos
pela presidente, o mesmo não ocorreu com Renato Rabelo. O presidente do PCdoB
teve mais uma audiência, a segunda em dois meses. Dilma teve tempo para ouvir
Fernando Haddad, prefeito eleito de São Paulo, no dia 29, e, dois dias depois,
o de Goiânia. Ambos do PT. Curiosamente a agenda não registrou ─ caso único ─
onde a presidente esteve nos dias 27 e 28, fim de semana.
Dilma manteve em novembro sua estranha rotina de
trabalho. Recebeu 15 ministros. Dois pela primeira vez, nos últimos 4 meses:
Paulo Bernardo e Antonio Patriota. Concedeu duas audiências a prefeitos
eleitos: de Niterói, Rodrigo Neves, do PT; e Curitiba, Gustavo Fruet, do PDT e
apoiado pelo PT. Fez uma longa viagem à Espanha e uma breve à Argentina. Mas
três dias se destacam pelas curiosas prioridades: 21, 22 e 23. Na quarta-feira
(21), a presidente não recebeu nenhum ministro e não efetuou qualquer despacho
administrativo. Dedicou o dia a José Sarney, Gim Argello, Eduardo Braga e ao
seu vice-presidente, Michel Temer.
Como ninguém é de ferro, à noite assistiu o filme “O
palhaço”. No dia seguinte, a agenda registrou três compromissos, um só com
ministro (o dos Portos), a posse do presidente e vice-presidente do STF e um
encontro com a apresentadora Regina Casé. E na sexta-feira? Somente duas
audiências e no período da tarde.
Dilma incorporou o péssimo hábito de que o mês de
dezembro é “de festas”. Fez duas viagens ao exterior (França e Rússia) e
despachou com apenas 9 ministros. Antecipou o réveillon para o dia 28,
suspendendo as atividades por 13 dias, até 9 de janeiro.
Iniciou o novo ano com a mesma disposição do
anterior: pouquíssimos despachos, audiências ou reuniões de trabalho. Em
janeiro, despachou com 11 ministros. Lobão foi o recordista: quatro vezes. E,
por incrível que pareça, e sempre de acordo com a agenda oficial, concedeu pela
primeira vez em um semestre uma audiência para o ministro da Saúde, Alexandre
Padilha. Melhor sorte teve o ex-jornalista Franklin Martins: esteve duas vezes,
em apenas quatro meses, com Dilma.
Nesse semestre (agosto de 2012/janeiro de 2013), nove
ministros ─ cerca de um quarto do ministério ─ nunca foram recebidos pela
presidente: Marcelo Crivella, Aguinaldo Ribeiro, Garibaldi Alves Filho, Brizola
Neto, Gastão Vieira, Maria do Rosário, Eleonora Menicucci, José Elito e
Alexandre Tombini (presidente do Banco Central, mas com status de ministro).
Outros não mais que uma vez. Uma reunião entre a
presidente e alguns ministros de áreas correlatas nunca foi realizada. Em
alguns dias (como a 16 de janeiro), não concedeu nenhuma audiência e nem
efetuou despachos internos. Pior ocorreu duas semanas depois, a 30 de janeiro,
uma quarta-feira: está sem nenhum compromisso. É uma agenda de uma workaholic?
‘As redações do Enem’, editorial do Estadão
PUBLICADO NO ESTADÃO
DESTA QUARTA-FEIRA
Depois de examinar mais de 30 textos enviados por
candidatos que atingiram a pontuação máxima no último Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem), acompanhados da confirmação, pelas universidades federais, de que
foram aprovados no vestibular deste ano, o jornal O Globo constatou que muitas redações continham erros de
grafia ─ como “rasoável”, “enchergar” e “trousse” ─ e graves erros também de
concordância, acentuação e pontuação.
Embora tenham recebido a nota 1.000, no Enem de 2012,
essas redações não atenderam às exigências da primeira das cinco competências
avaliadas pelos corretores, que exige dos estudantes demonstração do “domínio
da norma padrão na língua escrita”. Numa das redações ─ que não recebeu a
pontuação máxima, mas obteve nota alta ─ o estudante despreza o tema ─
“movimentos imigratórios para o Brasil no século 21″ — e descreve como preparar
um miojo.
Cada competência tem a pontuação máxima de 200
pontos. Como informa o Guia do Participante, distribuído pelo MEC, os 200
pontos relativos à primeira competência só podem ser concedidos aos alunos que
apresentarem “poucos desvios gramaticais leves”. Segundo o guia, “desvios mais
graves excluem a redação da pontuação mais alta”. Ele é taxativo ao apontar,
entre os “desvios gramaticais mais graves”, erros de grafia, de acentuação e de
pontuação, como os que foram cometidos nas provas conferidas pelo jornal.
Pelas regras do Enem, essas redações não poderiam
receber a pontuação máxima. “A atribuição injusta do conceito máximo a quem não
teve o mérito estimula a popularização do uso da língua portuguesa, impedindo
os alunos de falar, ler e escrever reconhecendo suas variedades linguísticas.
Além disso, provoca a formação de profissionais incapazes de se comunicar, em
níveis profissional e pessoal, e de decodificar o próprio sistema da língua
portuguesa”, diz Jerônimo Moraes Neto, professor de Linguística Aplicada na
UFRJ e na Uerj. “Na vida real, redações como essas jamais tirariam nota máxima,
pois contêm erros que a sociedade não aceita. Afinal, pareceres, relatórios,
artigos científicos, livros e matérias de jornal que contiverem esses desvios
colocarão em risco o emprego de revisores, pesquisadores e jornalistas”, afirma
o titular de Língua Portuguesa do Instituto de Letras da Uerj, Cláudio
Henriques.
Criticando os modismos pedagógicos, ele lembra que os
corretores dos textos do Enem não utilizam a palavra erro, trocada por desvio ─
que seria mais politicamente correta. “A demagogia política anda de braço dado
com a demagogia linguística”, adverte. Há dois anos, a imprensa noticiou que o
MEC distribuía, por meio do Programa Nacional de Livros Didáticos, obras que
toleram ─ e até justificam ─ erros gramaticais. O livro mais polêmico
considerava correta, por exemplo, a frase “nós pega o peixe”.
Justificando a distribuição desse livro, as
autoridades educacionais disseram, na época, que é preciso aceitar a fala que
“o aluno traz de sua comunidade” e que “a cultura dele é tão válida quanto
qualquer outra”. No caso dos textos do Enem que receberam pontuação máxima,
apesar de estarem repletos de erros gramaticais, elas alegam que a correção de
um texto é feita “como um todo”. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais afirma que “a tolerância deve-se à consideração de ser o
participante do Enem, por definição, um egresso do ensino médio, ainda em
processo de letramento na transição para o nível superior”. Segundo a nota, “um
texto pode apresentar eventuais erros de grafia, mas pode ser rico em sua
organização sintática, revelando um excelente domínio das estruturas da língua
portuguesa”.
Esses argumentos são absurdos. Como admitir que
vestibulandos ainda não saibam redigir um simples texto, por se encontrarem num
“processo de letramento em transição”? E como aceitar que alguém que tenha
“excelente domínio das estruturas da língua portuguesa” cometa erros
gramaticais primários? As autoridades se esquecem de que, se continuarem sendo
lenientes com deformações da língua portuguesa, o ensino formal não tem mais
sentido. Se elas continuarem tolerando erros gramaticais primários, para que
serve, então, a escola?
Oliver: O imbecil corrigindo o idiota
VLADY
OLIVER
Temos aqui o mais novo escândalo comportamental da
semana. O Globo solicitou em
seu espaço, para publicar como exemplo, redações do ENEM 2012 que receberam a
pontuação máxima. A surpresa foi receber dissertações onde podemos encontrar “rasoavel“, “enchergar” e “trousse“,
entre outros barbarismos. A explicação para o mais novo capítulo do “nós pega o
peixe” consentido é que “um texto pode apresentar erros de grafia, mas pode ser
rico em sua organização sintática, revelando um excelente domínio das
estruturas da língua portuguesa”.
Acuma ? Quer dizer que isso é isso mesmo ? Fala
sério. Também li na blogosfera que nossa ilustríssima “presidenta” cometeu um
“estrupo” recentemente, em cerimônia oficial. Seu mentor e conselheiro também
cometeu vários “estrupos”, mas foram todos consentidos e consumados no próprio
escritório da presidência em São Paulo, com os protagonistas constrangidamente
calados até hoje.
A frouxidão que tomou conta de nossas instituições é
lastimável. Se é para gritar muito quando um cretino atira um braço incauto
decepado pela janela, ou quando um governador do Estado mais rico da Federação
perde tempo (o dele e o nosso) sancionando leis inúteis do ponto de vista
operacional, o que dizer deste “estrupo” moderno cometido contra a nossa
educação?
Nossa língua, no trato diário, já não é lá essas
coisas. Apanha insistentemente de seus usuários, reféns que somos de uma
educação igualmente capenga e renitente. Nada justifica, no entanto, esse
verdadeiro massacre a que somos submetidos por aqueles que deveriam
representar-nos. Não sou preconceituoso. Mas continuo a acreditar que colocar
um piloto de torno que perde os dedos no caminho na condução de um país só
poderia dar nisso. É claro que aqueles que pensam com os neurônios mais
próximos da crina vão perguntar o que é que o “estrupador” de presidências tem
a ver com a ignorância recorrente desta nação envilecida. Simplesmente tudo. A
indulgência com que se trata essa cachoeira de barbaridades é o mau exemplo
número um oficializado pela fábrica de criar e enaltecer energúmenos em série.
Quero ver quando um médico conhecer “mais ou menos”
uma artéria aorta vier cuidar de você, ou quando um engenheiro “conhecer
aproximadamente” o cálculo estrutural para cuidar de sua casa, como a
conivência com a ignorância crônica que este país insiste em exibir sem
restrições e pudores vai ficar. Política de inclusão de ignorantes? Os caras
não sabem nem falar. E isto aqui é o tal país sem pobreza, cantado em verso e
prosa pela dona dos neurônios mais revoltosos que já vimos? A “estrupadora ?
Vai indo, Brasil. Não me espera não.
J. R. Guzzo: Para defender-se de seu próprio desabamento moral, o PT usa a imagem de um Getúlio Vargas “democrático” e “de esquerda” que nunca existiu
Artigo publicado na edição de VEJA
PASSADO
IMAGINÁRIO
Por
J. R. Guzzo
Uma das últimas modas no PT, no governo e
na procissão de devotos que acompanha o ex-presidente Lula é lembrar
a figura de outro ex-presidente, Getúlio Vargas, para defender-se
do desabamento moral em que todos estão metidos hoje.
A intenção desse novo plano mestre,
mencionado em documentos do partido e tema dos discursos
a serem feitos nas “caravanas” que o ex-presidente planejou para este
ano, é vender ao público a seguinte história: Lula e seu “projeto
para o Brasil” estão sendo agredidos, em 2013, pelo mesmo tipo de
ofensiva que causou a liquidação do governo de Getúlio em 1954.
A primeira reação é fazer uma sequência de
perguntas: “O quê? Quem? Do que é mesmo que estão falando?”. A
segunda reação é constatar que, sim, o estado-maior do PT está dizendo
isso mesmo: um personagem de outro mundo, de uma época morta e
de um Brasil que não existe mais está de volta entre nós.
Ele foi tirado do túmulo numa tentativa
de convencer o público de que episódios de corrupção, sejam lá
quais forem os fatos que comprovam a sua existência, são apenas uma invenção
das forças antipovo para armar “golpes de estado” contra
governos democráticos e dedicados à causa popular, como teria sido o
de Getúlio ─ e como seriam hoje os de Lula e sua sucessora, Dilma
Rousseff.
Aliados
preciosos do PT: Henrique Alves, Renan, Collor, Maluf, fugitivos do Código
Penal…
A última causa popular que empolgou o PT foi a
campanha em favor da eleição do deputado Henrique Alves para a presidência
da Câmara e do senador Renan Calheiros para a presidência do Senado.
Naturalmente, como acontece em quase tudo o que o partido faz hoje em dia, é
uma clara opção para enterrar-se mais ainda na vala comum da baixa
política brasileira; Alves e Renan, sozinhos, valem por um samba-enredo
completo sobre praticamente todos os vícios que fazem a vida pública nacional
ser a miséria que ela é.
Mas, para o PT de 2013, ambos são aliados preciosos
das massas trabalhadoras, junto com Fernando Collor, Paulo Maluf,
empreiteiros de obras, fugitivos do Código Penal, bilionários experientes em
lidar com os guichês de pagamento do Tesouro Nacional, e por aí afora.
Para o governo é tudo gente finíssima, empenhada em
ajudar Lula no seu projeto de salvar o Brasil. O erro, na visão petista,
é apontar o que está errado ─ aí já se trata de uma campanha que a direita
reacionária, golpista e totalitária estaria fazendo contra Lula, como fez
no passado contra Getúlio, com o apoio da “grande imprensa” e de “setores do
Judiciário”.
Sua arma de hoje, igual à de ontem, é o
“moralismo” ─ delito atribuído automaticamente a quem aponta qualquer ato de
imoralidade na vida pública. Getúlio, de acordo com esse sermão, foi um “mártir
do moralismo”. Lula, os condenados do mensalão e toda a companheirada que
frequenta o noticiário policial são as vítimas da direita moralista no
momento.
Vítimas da direita? É curioso, porque aquilo
que se vê parece ser justamente o contrário. Para ficarmos apenas no
caso mais recente da série: que tipo de vítima poderia ser, por
exemplo, a senhora Rosemary Noronha, a ex-chefe do escritório da
Presidência da República em São Paulo e amiga pessoal de Lula,
denunciada há três meses pelo Ministério Público por crimes de corrupção
passiva, formação de quadrilha, falsidade ideológica e tráfico de
influência, junto com 23 outros suspeitos?
Da trinca de irmãos Paulo, Rubens e Marcelo
Vieira, os sócios mais visíveis de “Rose”, o primeiro era tratado
pelo interessante apelido de “Paulo Grana”, conforme se constatou com a
gravação de mais de 25 000 telefonemas trocados entre os membros da
quadrilha. Fizeram de tudo. Conseguiram até mesmo ressuscitar o ex-senador
Gilberto Miranda, dono de um espetacular prontuário aberto ainda nos
tempos do governo José Sarney; imaginava-se que estivesse aposentado, mas
constatou-se agora que continua na vida de sempre, metido com a
privatização de ilhas e áreas públicas em volta do Porto de Santos.
Ao longo desses três meses, Lula não foi capaz de
dizer uma única palavra sobre o caso; não se sabe, na verdade, o que
poderia ter dito. Mas toda a conversa ao seu redor apresenta as Roses, os
Paulos e os Gilbertos como réplicas atuais dos alvos utilizados há sessenta
anos pela campanha contra Getúlio. Moral da história: sem nenhuma
explicação que possa justificar o que fazem no presente, Lula e seus
aliados tentam pescar desculpas em histórias do passado. Como praticamente ninguém
sabe nada sobre elas, podem contá-las do jeito que quiserem.
O normal é imaginar o futuro. O PT de hoje
imagina o passado. Tudo bem, mas há dificuldades claras com esse
conto ─ os fatos, teimosamente, não combinam com a lição que Lula e o PT
querem tirar dele. A primeira dessas dificuldades está na
simples passagem do tempo.
O PT
reinventa um passado que não existiu — um Getúlio “democrático” ou de
“esquerda”. Ele foi o contrário dissoGetúlio Vargas morreu quase sessenta anos
atrás, em agosto de 1954. Só os brasileiros que hoje têm mais de 59 anos
estavam vivos quando isso aconteceu; e quem, a esta altura, pode
estar interessado no assunto? A imensa maioria da população não tem a menor
ideia de quem foi Getúlio, e boa parte dos que sabem alguma coisa a
respeito é indiferente ao personagem e à sua obra; despertam tanto interesse,
hoje em dia, quanto a batalha de Tuiuti ou as realizações do regente
Feijó.
Mais difícil ainda, nessa tentativa de redecorar
Getúlio Vargas como um santo para as massas brasileiras de 2013, é vender
o homem como um político “democrático” ou “de esquerda”. É o contrário,
justamente, do que mostram a razão e os fatos.
Getúlio chegou ao poder em 1930 por meio de um
golpe apoiado pelos militares; derrubou o presidente Washington Luís
e impediu a posse de seu sucessor legal, Júlio Prestes, de quem
havia acabado de perder as eleições presidenciais. Dos dezenove anos que
passou no governo, quinze foram como ditador.
Seu Estado Novo criou uma censura oficial,
legislava por decreto e permitia prisões sem processo. Perseguiu o
movimento comunista brasileiro, que tentara derrubá-lo num
levante armado em 1935, com uma selvageria que nada fica a dever aos
piores momentos da repressão no Brasil.
Aprovou a utilização maciça e sistemática da
tortura contra presos políticos; permanece célebre, até hoje, o pedido do
advogado Sobral Pinto para que fosse aplicado o artigo 14 da Lei de
Proteção aos Animais em favor de seu cliente Harry Berger, militante
comunista que, na condição de ser humano, foi torturado até entrar
em colapso mental. A filosofia de Getúlio sobre esse tipo de
problema, obedecida pela Justiça que o seu governo controlava, era
bem curta.
“Indivíduos
não têm direitos, têm deveres”. E a entrega de Olga Benário à Gestapo de Hitler
“O Estado Novo não reconhece direitos de
indivíduos contra a coletividade”, resumiu ele em 1938. “Os
indivíduos não têm direitos. Têm deveres.” Foi, enquanto pôde, um aliado
virtual da Itália de Mussolini, de quem copiou as leis
trabalhistas, e da Alemanha de Hitler, a quem apoiava negando vistos
a judeus que tentavam refugiar-se no Brasil.
Seu chefe de polícia e homem de
confiança Filinto Müller era um aberto simpatizante do nazismo. Em
1936, ambos entregaram à Gestapo, que a mandou para a morte no campo
de extermínio de Bernburg, a alemã Olga Benario, esposa do dirigente comunista
Luís Carlos Prestes e presa como ele no Brasil; Olga estava grávida no
momento em que foi deportada.
Nenhum presidente na história do Brasil esteve tão
diretamente ligado a um crime de morte, de forma tão comprovada, como
Getúlio Vargas no caso de Olga Benario. E este é o homem que Lula apresenta
hoje como seu herói.
Outro problema sério, que sempre aparece
quando se tenta demonstrar que Getúlio Vargas foi vítima de um golpe
aplicado pela direita brasileira, é encontrar o golpe. Getúlio não
perdeu a Presidência da República por ter sido deposto num golpe da
oposição extremista e conservadora, e sim porque se suicidou.
Políticos veteranos, acostumados a enfrentar
conflitos durante a vida toda, não se matam por causa de discursos da
oposição, manchetes agressivas na imprensa e atos de indisciplina
militar; vão à luta contra quem os ameaça. Não há dúvida de que Getúlio,
em agosto de 1954 e já a caminho do fim de seu mandato, dessa
vez obtido pelo voto, estava numa situação extremamente complicada.
Getúlio
foi vencido por uma combinação fatal de fatores, e se suicidou. Não foi
deposto!
Agentes de seu governo eram acusados de crimes
graves, incluindo o homicídio. Os adversários exigiam sua renúncia;
cartazes com a letra “R” eram colados na fachada das
residências. O principal porta-voz da oposição radical, o deputado e
jornalista Carlos Lacerda, comandava no Congresso, na imprensa e na rua
uma campanha incendiária por sua deposição.
Havia aberta insubordinação militar; oficiais da
Aeronáutica interrogavam na base aérea do Galeão, de forma francamente
ilegal, funcionários de seu governo, e generais assinavam manifestos contra
ele. Getúlio tinha a seu favor a lei, a popularidade e a opção de usar a força
do Estado para enfrentar a desordem criada por seus inimigos. Preferiu se
suicidar com um tiro no peito no Palácio do Catete — aos 71 anos de idade, foi
vencido por uma combinação fatal de amargura, desilusões, cansaço e depressão
em estágio avançado.
O desfecho da história é bem conhecido. Getúlio foi
substituído por seu vice-presidente, Café Filho, exatamente como previsto
na Constituição. Um ano depois, na data marcada pelo
calendário eleitoral, houve eleições livres e Juscelino
Kubitschek, que não tivera a mínima participação na ofensiva contra
Getúlio, foi eleito presidente da República, posto que ocupou até o fim do seu
mandato.
Que raio
de golpe teria sido esse?
Nenhum dos inimigos políticos do presidente
morto, a começar por Lacerda, jamais veio a ocupar cargo algum nos governos que
se seguiram. Que raio de golpe teria sido esse, em que o presidente não é
derrubado e os golpistas não põem o pé dentro do palácio? Mais difícil ainda é
achar semelhanças entre agosto de 1954 e março de 2013. Não existe hoje o
mínimo sinal de indisciplina militar.
O governo tem maioria disparada no Congresso
Nacional, onde acaba de eleger os presidentes das duas casas. Ninguém
pede, nem de brincadeira, a renúncia de Dilma. A principal figura da oposição,
caso se consiga encontrar uma oposição no Brasil, não é um barril de
pólvora como Carlos Lacerda ─ ao contrário, é um político que poderia concorrer
ao título de oposicionista mais camarada do mundo. Uma parte da imprensa,
com certeza, não dá sossego ao governo. Mas não há um único jornalista ou dono
de empresa de comunicação brigando para ser presidente da República.
Os lulistas condenados no mensalão tiveram
sete anos inteiros para preparar suas defesas, e todos os seus
direitos foram respeitados no processo. Ruídos falando em virar
a mesa, até agora, só saíram do próprio PT e de gente como o
malfadado Paulo Vieira, da trinca de “Rose”; foi pego numa
gravação dizendo que os juízes do mensalão “não vão sair de
lá ilesos”, que era preciso “parar o Brasil” e que “o negócio agora é
tumultuar o processo”.
Áreas
inteiras do governo viraram uma espécie de cracolândia para viciados no consumo
ilegal de verbas
Manifestações de rua, só em favor do próprio
governo, com ônibus fretados, lanches grátis e camisetas que o cofre
público, de um jeito ou de outro, acaba pagando.
As forças conservadoras, enfim,
parecem perfeitamente felizes com o governo, entretidas em comprar
helicópteros, touros de raça e peruas Cayenne blindadas.
Estão dentro do ministério e da base aliada.
Segundo o próprio Lula, nunca ganharam tanto dinheiro como em seus
dois mandatos de presidente.
Golpe de direita?
Getúlio?
Lacerda?
Não dá para ver nada disso.
Lula, com o PT atrás, fala em salvar a sua
biografia, seu projeto nacional e a reputação do partido. Teriam
mesmo de fazer essas coisas todas, pois áreas inteiras do governo federal
viraram, nos últimos dez anos, uma espécie de cracolândia para
viciados no consumo ilegal de verbas, favores e
empregos públicos. Para isso, porém, precisam se defender com
base nos fatos do presente. Getúlio Vargas não pode ajudá-los.
Declarações de Dilma na África do Sul amarram as mãos do Banco Central no combate à inflação. Mau sinal…
Ao assegurar hoje em Durban, na África do Sul, que
seu governo não tomará “quaisquer medidas” de combate à inflação que possam
“desacelerar o crescimento da economia brasileira” — como, aliás, o crescimento
já não estivesse desacelerado –, a presidente Dilma Rousseff, na prática,
amarrou as mãos do Banco Central.
Já são conhecidas as intervenções de Dilma em todas
as áreas do governo e a utilização das estatais, por seu governo, como forma de
jogar a inflação para debaixo do tapete, mesmo em prejuízo das metas e da
eficiência das empresas.
Agora, nas declarações feitas a jornalistas durante
reunião dos Brics — os maiores países em desenvolvimento e sigla retirada das
letras iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa,
em inglês) –, Dilma esteve a milímetros de dizer, às claras, que não vai
permitir que o Banco Central aumente as taxas de juros para conter a inflação,
mesmo que, tecnicamente, os especialistas do BC considerem necessária a medida.
Há três anos, a inflação oficial do país tem ficado
próxima ao topo da meta de tolerância — 6,5%, que especialistas consideram um
teto alto demais para padrões internacionais, mesma coisa que ocorre com o
chamado “núcleo da meta”, 4,5%.
No ano passado, o IPCA — índice que mede a inflação
oficial — bateu nos 5,84%. Em 2011, fechou exatamente no teto de 6,5%,
ultrapassando os 5,91% de 2010.
Com a antecipação do debate sobre a eleição
presidencial de 2014 — que só ocorrerá dentro de 19 meses –, parece muito
provável que a presidente faça o possível para “segurar” os juros, pressionando
o BC que, justiça seja feita, teve mais autonomia operacional durante os oito
anos do lulalato.
O então candidato Lula, como parte dos esforços para
ganhar a confiança dos investidores e do mercado em plena campanha eleitoral de
2002, chegou a pedir ao hoje ministro da Fazenda, Guido Mantega, que estudasse
como funcionam os Bancos Centrais independentes do Reino Unido e da Alemanha.
Passou pela cabeça de peças-chaves do lulopetismo adotar a independência do BC
em lei, hipótese que depois foi abandonada.
O fato de o presidente do BC sob o então presidento
Lula ser uma figura de peso como Henrique Meirelles, ex-presidente mundial do
BankBoston, certamente contribuiu para que a autoridade monetária agisse com
mais desenvoltura técnica ao longo de 8 anos. Havia o esforço para baixar os
juros, que de fato caíram, mas, sempre que necessário, mantinha-se ou mesmo se
elevava as taxas.
Sob Dilma, e com um presidente que é funcionário de
carreira do BC, a entidade monetária está visivelmente mais pressionada, por um
lado, e não dispõe de um nome com a influência de Meirelles a dirigi-lo, por
outro.
Perde a luta, indispensável, contra a inflação — a
maior inimiga do poder aquisitivo dos pobres.
Economia
Sobrou de novo pra nós... Dilma acusa imprensa de manipular sua fala
Que o governo tem optado por estimular o crescimento
da economia em detrimento do controle da inflação, não é novidade. Nesta
quarta-feira, no entanto, foi a primeira vez que a presidente Dilma Rousseff
deixou escapar sua heterodoxa preferência pelo Produto Interno Bruto (PIB),
durante conversa com jornalistas em Durban, na África do Sul, onde esteve para
o encontro dos Brics.
Dilma afirmou que não concorda com políticas de
combate à inflação que mirem a redução do crescimento econômico. A fala
repercutiu como pólvora - o que fez o blog do Planalto divulgar uma nota feita
pela presidente desmentindo sua frase. "Foi uma manipulação inadmissível
de minha fala. O combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu
governo", afirmou a presidente.
Dilma também pediu que o presidente do Banco Central,
Alexandre Tombini, conversasse com jornalistas para desfazer o "mal
entendido". À Agência Estado, Tombini afirmou que era preciso que o
"mal entendido fosse desfeito e que não há tolerância em relação à
inflação". Ele até usou o expediente da insubordinação para consertar a
frase de Dilma. "De inflação fala a equipe econômica. Em relação à
política de juros, fala o Banco Central", disse.
De acordo com a nota, Dilma decidiu se pronunciar
após "tomar conhecimento de que agentes do mercado financeiro estavam
interpretando erroneamente seus comentários como expressão de leniência em
relação à inflação". As declarações da presidente reduziram as apostas de
elevação da Selic, a taxa básica de juros da economia. As taxas futuras, que já
caíam desde a abertura do mercado, acentuaram o movimento imediatamente após as
palavras da presidente.
Com as declarações de Dilma, os analistas entenderam
que o governo acredita que a inflação no Brasil seja algo temporário e que o
Banco Central poderá adiar o início do aperto monetário. As palavras de Dilma,
na véspera da divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, também foram
criticadas por alguns agentes, porque atrapalharia o esforço do presidente do
BC, Alexandre Tombini, em ancorar as expectativas do mercado.
De ênfases e ressalvas, crescimento e inflação
Por João Bosco Rabello
O recurso à ênfase serve para sublinhar aquilo que se
considera o principal objetivo de uma fala, programa ou discurso. A
ressalva faz a exceção a uma parte do todo enunciado, afim de preservá-lo
do conjunto da regra. Para que ambos sejam interpretados com o peso
que se quer dar a cada um, é preciso hierarquizá-los , ou seja, a ênfase vem
primeiro por ser o objetivo central do orador.
Esse é um conceito básico da política e do
jornalismo, extensivo à publicidade, ao marketing
e a muitas outras atividades que têm na comunicação eficiente
com o público-alvo de sua mensagem, o desafio permanente a superar. Não é
diferente com a economia, ciência que não combina com a emoção.
A reflexão vem a propósito da irritação da presidente
Dilma Rousseff com o que chamou de “manipulação” de sua fala sobre a economia
brasileira, à saída de um evento oficial na África do Sul ontem. Debitou ao
mercado o efeito negativo dos sinais trocados de seu discurso, em que a
inflação foi a ressalva, quando deveria ser a ênfase.
Esta somente apareceu na entrevista convocada às
pressas, e, ainda assim, depois da ressalva de que não errara no
pronunciamento, mas que fora vítima da má-fé do público-alvo de sua mensagem –
de resto, ansioso por uma palavra sobre o controle da inflação. Mas que ouviu
uma veemente defesa de sua política de crescimento.
Possivelmente traída pelo inconsciente, a presidente
priorizou a resposta aos críticos de sua administração econômica – políticos,
jornalistas, economistas e acadêmicos -, que percebem a influência do processo
eleitoral antecipado na determinação de seu governo de enfrentar com o rigor
desejável – e prudente – a ameaça inflacionária.
Chegou a dizer, ainda na primeira vez, que a inflação
é combate diuturno do governo, mas era uma ressalva empalidecida pela primeira
parte do discurso. O mercado – que é mesmo manipulador por essência -, leu o
que acredita: combate à inflação para valer, só depois de garantida a
reeleição, critério que terá produzido então uma conta negativa, a exemplo do
que seu antecessor fez para elegê-la.
Foi a presidente que construiu a hierarquia de sua
fala: primeiro, a defesa de sua gestão econômica, exercida em favor do
crescimento, mas que produziu o “pibinho”. Depois – e, portanto,
secundário -, o compromisso de combate à inflação, administrada à base de
paliativos. Mais tarde – e para o mercado, bem tarde -, a correção com uma
frase que soou mais filosófica do que real: o combate à inflação “é um valor em
si”.
O componente emocional esteve presente todo o tempo
nas falas da presidente ontem, o que acabou traindo sua preocupação com as
críticas dos adversários de sua política econômica. Valorizou o que lhe era
mais caro: mostrar que está certa. Aí, seu ponto vulnerável.
Pilatos ao lavar as mãos (sem qualquer comparação
histórica), entregando à turba a decisão sobre Jesus, traiu seu ponto fraco, a
incapacidade de decidir. A referência bíblica, como valor psicanalítico, não é
uma homenagem ao pastor Marco Feliciano, mas torna-se válida na medida em que a
presidente foi quem admitiu “fazer o diabo” em campanha eleitoral.
A campanha está em curso e, invocado, o
personagem das trevas fez lembrar que mora nos detalhes.
‘A inflação, o Banco Central e os lírios do campo’
PUBLICADO NO ESTADÃO
DESTA QUARTA-FEIRA
ROLF
KUNTZ
Olhai os lírios do campo. Essa bela exortação, a mais
poética do Sermão da Montanha, bem poderia abrir a ata da última reunião do
Comitê de Política Monetária (Copom), quando os dirigentes do Banco Central
(BC) decidiram, de novo, depender da Providência, em vez de atacar a inflação.
Nada altera esse fato, nem mesmo a nova linguagem da nota oficial distribuída
na quarta-feira à noite. O comitê, segundo o comunicado, vai “acompanhar a
evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir
os próximos passos”.
Acompanhar os fatos para definir a política é seu
papel, com ou sem a intenção ─ ou a esperança ─ de manter a taxa por um período
prolongado. Os fatos foram acompanhados e nada se fez, por mais de um ano, para
atenuar as pressões inflacionárias. Agora uma nova pergunta é inevitável: para
tomar suas próximas decisões, o pessoal do Copom levará em conta as pressões
efetivas, visíveis no dia a dia, ou olhará simplesmente os índices de preços
administrados pela intervenção do governo? Sem essa intervenção, os indicadores
acumulados até fevereiro já teriam estourado o limite superior da banda ou
estariam muito perto disso. Não há sequer, nessa história, a contrapartida do
crescimento econômico facilitado pela política monetária. A inflação elevada é
pura perda.
Toda a política seguida a partir do fim de agosto de
2011 foi baseada em apostas erradas. Erros de previsão são parte do jogo. A
insistência no erro é outra história. Pode ser uma demonstração de fé: em algum
instante a intervenção divina resolverá os problemas. Nos mercados, a
interpretação foi mais prosaica: a presidente da República mandou baixar os
juros, sua ordem foi seguida e a autonomia operacional do BC foi pelo ralo. Os
erros das apostas são bem conhecidos.
Primeiro, esperava-se uma acomodação dos preços
agrícolas, num cenário de estagnação internacional. As cotações
oscilaram, de fato, mas voltaram a subir, por mais de um motivo, e as pressões
se intensificaram no segundo semestre de 2012. Esse fato foi reconhecido pelo
BC. Segundo, a redução de juros foi justificada também com a expectativa de
austeridade fiscal. Esse foi um ato de fé especialmente notável. Sem surpresa
para as pessoas razoavelmente informadas, essa expectativa foi igualmente
desmoralizada pelos fatos.
Desmoralizada parece uma palavra perfeitamente
justificável, quando se considera a escandalosa maquiagem das contas federais.
Quem apostar em gestão financeira mais cautelosa e responsável em 2013 também
perderá, mas, neste caso, ninguém poderá sequer fingir surpresa.
Curiosamente, o pessoal do Copom há muito tempo
identifica sinais de risco no mercado de mão de obra, com desemprego baixo e
aumento constante da massa de rendimentos. Mas a expansão do crédito, visível a
olho nu e comprovada oficialmente, mês a mês, em relatórios do próprio BC, tem
merecido menor preocupação.
De toda forma, os responsáveis nominais pela política
monetária agiram por longo tempo como se nada preocupante ocorresse nos
mercados. Isso reforçou a suspeita, para dizer o mínimo, de serem outros os
responsáveis reais. Como pensar de outra forma, quando se apresenta o corte de
juros como conquista política e quando o Executivo interfere repetidamente na
formação de preços ─ da gasolina, da eletricidade e de tantos bens de consumo?
A mais recente façanha desse tipo foi a redução da
conta de energia elétrica. Não se pode atribuir o barateamento da eletricidade
a um aumento da oferta ou a uma elevação da produtividade do setor. Todo o
efeito foi produzido por uma decisão fiscal tomada no Palácio do Planalto. O
resultado começou a aparecer há algumas semanas e já foi bem visível no
IPCA-15, divulgado em 22 de fevereiro, e no Índice de Preços ao Consumidor da
Fipe-USP, publicado nesta segunda-feira.
Com a redução da conta de energia, o IPC-Fipe subiu
0,22% em fevereiro. Teria subido praticamente o dobro, 0,43%, sem o efeito da
eletricidade mais barata. A medida oficial de inflação, o IPCA, também foi
afetada pelo corte da conta de eletricidade. O índice aumentou 0,60% no mês
passado, bem menos que em janeiro (0,86%), de acordo com o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). As contas de energia ficaram 15,17% menores
em fevereiro, “refletindo boa parte da redução de 18% do valo das tarifas em
vigor a partir de 24 de janeiro”, segundo o relatório divulgado. Só essa
redução tirou 0,48 ponto do IPCA. Mesmo assim, a alta acumulada em 12 meses
chegou a 6,31%, bem perto do limite superior da margem de tolerância.
Energia mais barata é um benefício para o consumidor,
principalmente se for sustentável, mas política antiinflacionária é assunto
muito diferente. Desonerações, mesmo quando bem executadas, afetam os índices
de forma temporária, porque deixam intactos os fatores de pressão (como o
aumento do crédito e o gasto público excessivo, por exemplo).
A Fundação Getúlio Vargas já advertiu: está-se
esgotando, nos indicadores, o efeito da redução da conta de energia. Isso já se
nota no IPC-S, atualizado semanalmente e sempre relativo a um período de quatro
semanas. Na primeira quadrissemana de março, o aumento geral foi de 0,52%.
Havia ficado em 0,33% no fechamento de fevereiro. A deflação registrada no item
“habitação”, onde se inclui o custo da energia, diminuiu de 1,28% para 0,58%
entre os dois períodos. Outras desonerações (da cesta básica, por exemplo)
poderão frear a alta dos índices, nos próximos meses, mas sempre de forma
temporária e sem mudar as condições propícias à inflação. Alguns preços poderão
cair, mas a tendência geral, sem outras ações, será mantida. O pessoal do BC
sabe disso e seria injustiça imaginar o contrário.
Resta ver se a próximas decisões serão baseadas nas
condições efetivas do mercado, na evolução mais ou menos benigna de índices
administrados ou, mais uma vez, na preferência pela contemplação dos lírios do
campo.
Até
amanhã
As
fotos inseridas nos textos o foram pelo blogueiro. Juarez Capaverde
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