sábado, 23 de fevereiro de 2013

NA VOLTA TUDO IGUAL OU PIOR ELES CONTINUAM A ACABAR COM O BRASIL




Bom dia amigos do blog, leitores, admiradores e também a aqueles que não gostam do que digo ou escrevo, todos vocês merecem minha total atenção, e quero informá-los que estou de volta, infelizmente com as mesmas perspectivas ruins sobre a política de nosso Brasil.

Passam-se os dias, os meses e os caciques na aldeia mor chamada Brasília, continuam não se importando com o povo deste país, a eles só é importante aquilo que lhes proporciona riqueza e bem estar a custa do erário público, dinheiro do povo brasileiro, com seus salários aviltantes perante o que ganha a classe trabalhadora, cujo partido que se diz dos trabalhadores tornou-se o maior ninho de ladrões que já habitaram o governo federal, liderados pelo líder máximo, Lula o possuidor de diversas alcunhas nenhuma delas dignas de respeito, que já iniciou sua investida eleitoreira junto aos seus seguidores infames para que não corram o perigo de deixar o governo em 2014, começaram bem antes do tempo porque as perspectivas não são boas, enquanto navegaram nas ondas calmas do crescimento proporcionado pelos ajustes feitos no governo FHC estavam tranqüilos, agora já tendo que maquiarem os números da economia entre outros, sentem-se ameaçados de perderem a hegemonia de sua liderança junto ao povo tolerante, sentem-se ameaçados porque o Brasil das Maravilhas, criado pelos marqueteiros a seu serviço está se mostrando o que é a realidade e o que é fantasioso, suas criações publicitárias já não superam o que constatamos em nosso dia a dia, preços subindo, inflação quase sem controle, industria quase parando, enfim o caos se aproximando e o pior, somos os grandes culpados pela situação, oposição partidária não existe, o grande partido de oposição está calado, sem atitude, sem forças tentando esconder seus próprios erros, não tendo voz para combater esta “nojeira” que se tornou o Congresso e o Executivo neste país.

Um Congresso que elege para seu comando alguém acusado de fraudes sucessivas para esconder seu envolvimento antiético, não pode ser valorizado, um Congresso que compactua com tamanha desfaçatez, não poder ser confiável, um Executivo que vive de propaganda  para tornar seus feitos, que diga-se não são realizados, obra primas de realizações sem torná-las reais e importantes não é um Executivo para ser elogiado e aclamado, como conviver com tanta inércia, tanta incompetência é o que me pergunto, onde estão as lideranças civis deste país que não fazem nada para tentar mudar uma situação tão degradante, com a corrupção encravada nos mais significativos órgãos governamentais, com nossa maior Empresa indo a bancarrota por má gestão e pelo aparelhamento pelos partidos no poder, uma empresa que antes dava lucros substanciais passou a dar prejuízos enormes, incalculáveis, até quando isto vai continuar, não sei, espero que até o povo tomar consciência do que está realmente acontecendo neste Brasil dos brasileiros, não dos petistas e companheiros.

YOANI xCUBA x ESQUERDA BRASILEIRA

Não falem mal do regime Cubano, ele é o exemplo a ser seguido pela “cumpanheirada” petista e aliados, tratem mal quem falar do regime Cubano, ele é o exemplo de povo unido, com alta renda per capita, com modernidade e tecnologia para todo seu povo, um país altamente classificado em todos os índices humanitários, que não reprime as vozes dissidentes, que não prende aqueles que não concordam com este mesmo regime, que permite o livre transito de seus habitantes para qualquer país sempre que assim o quiserem e desejarem, enfim que tem todas as virtudes que estamos buscando com o governo petista e da “cumpanheirada”, assim faremos nosso povo verdadeiramente feliz e satisfeito, todos iguais, todos satisfatoriamente atendidos nos hospitais, na educação, na economia, na segurança, com políticos honestos e que trabalham para e pelo bem do povo, esta é CUBA de Fidel Castro e seu irmão, o país a ser decantado e admirado por todos nós, assim não devemos aceitar que alguém venha de lá nos dizer que tudo isto não é verdade, que tudo isto é diferente, que a realidade  não é real, não, não podemos aceitar que venham nos dizer que estamos fantasiando, que somos admiradores de um país totalmente diferente, com sua gente acuada pelo regime, passando necessidades das mais sublimes para o ser humano, mentira, mentiras devemos gritar, ameaçar a quem diz estas “coisas” de um país tão importante e sublime, sim, é assim que devemos tratar pessoas como Yoani, que só veio nos dizer mentiras e falsidades, dizer que em Cuba não há democracia, ora grande mentira, mas esperem, isto quem diz e afronta assim Yoani não sou eu e sim os partidos de esquerda brasileiros entre eles o PT, o PCdoB, o PCB e tantos outros que mostraram a cara na visita desta moça ilustre e corajosa que lutou durante anos para ter o direito de sair de Cuba e visitar outros países, que com a ajuda de verdadeiros democratas no mundo afora conseguiu levar ao mais distantes recantos do planeta as verdades deste país de mentiras tão idolatrado por nossos “esquerdistas”, ou melhor pelos fascistas e comunistas de carteirinhas que estão aí enrustidos nos partidos ditos de esquerda que querem levar o Brasil no caminho e na direção deste grande país, CUBA de Fidel Castro, pensem nisto brasileiros e decidam se assim o querem.

Juarez Capaverde


I-



Entrevista

Yoani: 'Tentam me calar porque divulgo a Cuba real'

A blogueira cubana Yoani Sánchez descreve um sistema de saúde à beira do colapso e uma economia na qual, para sobreviver, é preciso roubar do estado

Branca Nunes e Duda Teixeira


“Solidariedade, pluralidade e, principalmente, o desejo de voltar”. Apesar das manifestações hostis de um grupo de simpatizantes da ditadura dos irmãos Castro que enfrentou na passagem pelo Brasil, a frase resume a lembrança que Yoani Sánchez levará do país. O recado aos baderneiros ligados a partidos de esquerda é igualmente conciso: ela sugere que morem em Cuba para conhecer a “realidade de um mercado racionado, dualidade monetária, falta de liberdade e impossibilidade de se manifestar na rua”.
Com os intermináveis cabelos castanhos presos num rabo de cavalo, saboreando uma pastilha para aliviar a rouquidão e com a expressão serena de quem efetivamente acredita no que diz, a jornalista cubana relatou nesta sexta-feira à reportagem de VEJA um pouco do cotidiano dos moradores da ilha no Caribe. Leia trechos da entrevista.
Como a senhora viu as manifestações hostis dos últimos dias? Por um lado me sinto feliz por estar num país onde existe liberdade democrática e pluralidade. O problema é quando essas manifestações impedem e boicotam algo tão pacífico quanto a apresentação de um documentário ou uma sessão de autógrafos. Acho contraditório usar um espaço democrático para impedir que alguém se expresse livremente.
A senhora ficou amedrontada? Não, porque conheço esses métodos do meu país: a coação e a difamação. Infelizmente, nos últimos anos vivi situações semelhantes em Havana e outras cidades.
Eles conhecem a realidade cubana? Lamentavelmente, a maioria não conhece meu país, minha história ou meus textos. Eles acreditam numa Cuba estereotipada, uma ilha de esperança, com liberdade para todos. Cuba não vive um comunismo, mas um capitalismo de estado. Recomendaria que cada um deles morasse um tempo em Cuba para viver na pele a realidade de um mercado racionado, dualidade monetária, falta de liberdade, impossibilidade de se manifestar na rua. Depois desse tempo, duvido que continuem a defender o governo cubano. Tentam me calar porque divulgo uma Cuba menos parecida com o discurso político e mais parecida com a rua. Uma Cuba real.
Que Cuba é essa? Uma Cuba linda, mas difícil. É importante diferenciar Cuba de um partido, de uma ideologia, de um homem. Ela é muito mais do que isso. É um país onde as pessoas precisam esconder suas opiniões com medo de represálias, onde muitos jovens querem emigrar por falta de expectativa, onde o estado tenta controlar todos os detalhes da vida. Onde colocar um prato de comida em cima da mesa significa submergir-se diariamente à ilegalidade para conseguir dinheiro.
Muitas pessoas de vários países costumam elogiar o sistema de saúde e o sistema educacional de Cuba. Esses elogios são pertinentes? Nos anos 70 e 80, Cuba viveu o florescimento de toda a estrutura de saúde e educação. Foram construídas escolas e postos de saúde em toda parte graças aos subsídios soviéticos. Quando a União Soviética caiu, Cuba teve que voltar à realidade econômica. Os professores imigraram por causa dos baixos salários, a qualidade diminuiu e a doutrina aumentou. Exatamente como na área da saúde. Hoje, quando um cubano vai a um hospital, leva um presente para o médico. É um acordo informal para que o atendam bem e rápido. Levam também desinfetante, agulha, algodão, linha para as suturas. O governo usa a existência de um sistema gratuito de saúde e educação para emudecer os críticos, silenciar a população. Não passo todos os dias doente ou aprendendo, quero ler outros jornais, viajar livremente, eleger meu presidente, poder me manifestar, protestar.
Como funciona o sistema de aposentadoria em Cuba? Esse é um dos setores mais pobres. Um aposentado ganha cerca de 15 dólares conversíveis por mês. Como a maioria dos cubanos não vive do salário, mas do que pode roubar do estado dentro do local de trabalho, quando se aposenta ele perde essa fonte de renda. Em Havana é possível ver muitos velhos vendendo cigarros nas ruas. 
Que tipo de racionamento existe em Cuba e como ele funciona? Cada cubano tem direito a uma cota mensal de alimento com preços subvencionados pelo estado. Estudos dizem é possível se alimentar razoavelmente bem por duas semanas com essa cota. Nela existe arroz, açúcar – que por sinal é brasileiro –, um pouco de café, azeite e, às vezes, frango. Para sobreviver a outra metade do mês os cubanos precisam ter os pesos conversíveis. O salário médio na ilha é de 20 dólares. Um litro de leite custa 1,80 dólares. Por isso, as pessoas apelam para a ilegalidade: roubam do estado e vendem no mercado negro, prostituem-se, exercem atividades ilegais, como dirigir taxis ou vender produtos para os turistas. Graças a isso e às remessas enviadas pelos cubanos exilados é possível sobreviver. Uma revolução que rechaçou esses exilados agora depende deles.
A senhora disse que os gritos de ordem dos manifestantes brasileiros já não se escutam mais em Cuba. Qual lhe surpreendeu mais? “Cuba sim, ianques não”, por exemplo. É uma expressão fora de moda. Em Cuba não usamos mais a palavra ianque para os americanos. Ela é usada apenas nos slogans políticos. Falamos yuma, que não pejorativo. Ao contrário, mostra um certo encanto em relação a eles. A propaganda oficial, de ataques aos Estados Unidos e ao imperialismo, criou um sentimento contrário ao esperado. A maioria dos jovens hoje é fascinada pelos americanos. Até acho ruim esse enaltecimento por outro país, mas é uma realidade.
O que os cubanos nascidos depois da revolução acham de figuras como Fidel Castro e Fulgêncio Batista? Nasci em 1975, quando tudo já estava burocraticamente organizado. Na escola, apresentavam Fidel como o pai da pátria. Era ele quem decidia quantas casas seriam construídas, o que iríamos vestir. Na juventude, Fidel passou a ser uma figura distante. Diferente dos nossos pais, que viveram uma fascinação pela figura de Fidel, minha geração é mais crítica. O Fulgêncio Batista era o ditador anterior. A revolução tirou um ditador do poder e se converteu em uma ditadura.
As gerações mais antigas continuam fiéis à revolução? Existem os que creem realmente na revolução, sem máscaras nem oportunismo, um pequeno grupo. Os que já não creem, mas não querem aceitar que se equivocaram, porque entregaram a ela seus melhores anos, e aqueles que deixaram de acreditar no sistema e se transformaram em pessoas críticas. 
Em 2007, o governo brasileiro deportou os boxeadores cubanos Guilhermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que tentavam o exílio na Alemanha. Qual sua opinião sobre isso? O governo brasileiro teve um triste papel neste caso, de cumplicidade. Quando os atletas retornaram, o governo cubano fez um linchamento público na imprensa oficial, com vários insultos. Fidel Castro falou na televisão que um deles foi visto com uma prostituta na praia. Os filhos e a mulher desse homem foram expostos a isso. Foi um episódio bastante lamentável. 
Por que a ditadura cubana ainda tolera suas críticas? Penso que a visibilidade que alcancei me protege. Sou vigiada constantemente, meu telefone é grampeado e existe uma série de mecanismos e estratégias para matar a minha imagem. Se não podem matar a pessoa, matam sua imagem. 
A senhora é frequentemente acusada de receber dinheiro de governos contrários a Cuba para manter seu blog. Qual a origem desses rumores? Faz parte da estratégia de difamação: não discutir as ideias, mas a pessoa. Para ter um blog é preciso muito pouco dinheiro. O meu está num software livre, o wordpress, e fica hospedado num servidor da Alemanha que custa 36 euros por ano. Em 2006, um amigo alemão pagou vários anos a esse servidor. Quanto à conexão, aprendi alguns truques. Por exemplo, vou a um hotel e compro um cartão de conexão que custa 6 dólares a hora. Como preparo quatro ou cinco textos em casa, programo para que sejam publicados em dias diferentes. Com esse método, consigo me conectar mais de cinco vezes com um único cartão. No twitter, publico via mensagem de texto.
Que lembranças levará do Brasil? Muita solidariedade, pluralidade e, principalmente, o desejo de voltar. O pão de queijo também me encantou. Vou levar uma mala cheia deles para Cuba.



II-



Cuba

Esquerdistas voltam a interromper evento com Yoani


Blogueira cubana teve de abandonar bate-papo e sessão de autógrafos em uma livraria em São Paulo. "Eles gritam porque não têm argumentos", disse

Jean-Philip Struck

Um grupo de manifestantes esquerdistas voltou a impedir de maneira agressiva na noite desta quinta-feira um evento com a presença da ativista cubana Yoani SánchezDesta vez, uma mesa redonda marcada no auditório de uma livraria paulistana foi cancelada meia hora depois de jovens vestidos com camisestas estampadas por símbolos comunistas passarem a interromper sistematicamente todas as perguntas feitas à blogueira. "Fascista, imperialista, mercenária", gritavam. 
As ofensas só foram interrompidas por gritos do restante do público, que pedia silêncio. Yoani se manifestou diretamente aos agressores. “Gritam quando não têm argumentos”, disse. 
A manifestação foi liderada por membros da União da Juventude Socialista (UJS), um grupo ligado ao PC do B. Antes do evento, nos corredores de um centro comercial da avenida Paulista, os esquerdistas se depararam com o protesto de um grupo estudantes a favor da cubana. Com faixas e cartazes onde se podia ler “Trocamos Yoani por Zé Dirceu” e “Fidel usa Adidas”, eles ironizaram e bateram boca com os membros da UJS.  
O evento previa que o público mandasse perguntas por meio de folhas previamente distribuídas. Depois de cinco minutos, o método teve de ser interrompido porque os militantes não deixavam nem que as perguntas fossem lidas. 
A mediadora do bate papo começou então a ler uma lista de perguntas que está circulando pela internet e são supostamente incômodas para blogueira, mas nem isso satisfez os manifestantes, que voltaram a interromper o evento. “Isso não é um comportamento civilizado”, disse a mediadora. André Tokarski, presidente da UJS, que estava presente no local e ficou visivelmente satisfeito quando Yoani abandonou o auditório (leia entrevista com ele aqui).
Pouco depois, a organização desistiu do evento e uma sessão de autógrafos do livro de Yoani, De Cuba - Com Carinho, foi montada. A cubana não chegou a autografar nenhum exemplar porque o grupo impedia a aproximação de quem havia comprado a publicação. “Isso é um absurdo. Eles falam em liberdade de expressão, mas não deixam a moça falar. Eles não têm a mínima ideia do que é uma ditadura. Em Cuba, eles teriam sido fuzilados por promover uma manifestação dessas”, disse o cubano naturalizado americano Rafael Alvarez, de 60 anos, que fugiu da ilha aos 12 anos e vive em São Paulo há duas décadas.

Eventos  -
Mais cedo, Yoani conseguiu finalmente se expressar pela primeira vez em quatro dias sem ser interrompida. Em um debate realizado pela manhã na sede do jornal O Estado de S. Paulo, em que criticou a mudez do governo brasileiro com relação à questão dos direitos humanos em Cuba. "Há muito silêncio", disse a cubana. "Recomendaria uma posição mais enérgica."

Durante a tarde, ela gravou uma participação no programa Roda Viva, da TV Cultura. Durante a gravação Yoani disse que não acredita que o ditador Raúl Castro vai promover reformas profundas no governo autoritário do país.

“Eu não acredito que o sistema cubano seja capaz ou queira a reforma. É um sistema baseado no imobilismo. É como uma casa velha que já resistiu à falta de manutenção, a dezenas de ciclones, mas na hora em que alguém vai fazer um pequeno reparo, ela desaba por completa. Se Raul Castro reformar, ele mata  sua própria criatura”, disse.

A blogueira também disse não esperar que a população se revolte à exemplo do que aconteceu durante a recente “Primavera Árabe”, quando ditaduras do Oriente Médio foram derrubadas por revoltas populares. Há uma frase em Cuba que diz que ‘um jovem prefere mostrar sua valentia enfrentando um tubarão a caminho da Flórida, do que enfrentando a repressão’”.

Yoani também reclamou da campanha de difamação que vem sofrendo, dentro e fora de Cuba, que repetidamente a acusa de ser uma agente da CIA ou trabalhar para o imperialismo americano.

“É uma estratégia para desviar a atenção. É uma estratégia fabricada. Chega a ser infantil. Quando comecei o blog, vários jornalistas me procuraram, e as pessoas chegavam e me diziam ‘ele é agente da CIA’. Eu ficava com medo e não falava. Mais tarde, quando o governo passou a me acusar da mesma coisa, eu vi que era tudo mentira, que eles eram inocentes como eu”, disse.



III




23/02/2013
às 5:54

Silêncios vergonhosos.


Vocês leram o que disse a direção da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) sobre os atos covardes perpetrados contra a blogueira Yoani Sánchez? Não? Compreendo. É que a ABI não disse nada. Na última vez em que a entidade frequentou o noticiário, tinha cedido seu auditório no Rio para José Dirceu comandar um ato contra o Poder Judiciário brasileiro. Estava presente, desrespeitando a lei, o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Arveláiz.

Vocês leram o que disse a direção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre as ações ilegais que constrangeram a cubana no Brasil? Viram o que afirmou o Conselho Federal sobre o fato de uma embaixada organizar atos de caráter político e confessar que espiões de um país estrangeiro transitam livremente pelo país? Não? Compreendo. É que a OAB não disse nada. Na última vez em que frequentou o noticiário, o comando da entidade enunciou que estava disposto a verificar se a delação premiada é mesmo inconstitucional, como pretendem dois doutores que trabalham para mensaleiros: o notório Kakay (Antonio Carlos de Almeida Castro) e José Luiz de Oliveira Lima (o querido “Juca” de alguns jornalistas), que tem como cliente José Dirceu, aquele que comandou um ato contra o Judiciário em pleno território da ABI.
Essas duas ausências dão conta do estado miserável do que já se chamou “sociedade civil” no Brasil. As duas omissões são igualmente graves porque os ataques à blogueira remetem mesmo à razão de ser de cada uma delas. A principal tarefa da ABI é zelar pela liberdade de expressão e pela preservação dos valores éticos da profissão de jornalista. A filóloga Yoani Sánchez é também jornalista. A palavra é a sua matéria-prima. Em Cuba, luta por um regime de liberdades democráticas, por pluralismo político, por respeito aos direitos humanos. Esses valores constituem a essência da história da associação. A única ABI que expressou seu repúdio às agressões foi a Associação Baiana de Imprensa. A Federação Nacional dos Jornalistas, conforme o esperado, também se calou. Nem poderia ser diferente. A Fenaj tentou criar no país o Conselho Federal de Jornalismo, que colocaria  o trabalho da imprensa sob censura, a exemplo do que ocorre em Cuba, que essa gente ama tanto.
O que dizer, então, da OAB? É a entidade que, em tese, vigia, em nome da sociedade, a, por assim dizer, saúde jurídica do país. Não tem função meramente cartorial. Ao contrário: a Ordem sempre foi um organismo político, buscando zelar, como expressão da sociedade civil, pela qualidade do estado democrático e de direito. Os constrangimentos a que s arruaceiros — PAREM, SENHORES DA IMPRENSA, DE CHAMAR PESSOAS QUE PROMOVEM AQUELA BAIXARIA DE “MANIFESTANTES”! — submeteram Yoani até agora desrespeitam a ordem legal, violam-na. Como é que a OAB ousa — a palavra essa! — ficar muda?
Eis mais um sintoma de uma sociedade em que um campo ideológico está hipertrofiado (tenha ele o nome que se queira dar: esquerda, vigarice, oportunismo) em prejuízo de outro, que está acuado. Que “outro” é esse? O dos defensores da democracia representativa, da ordem legal e democrática, do estado de direito. OAB e ABI já se manifestaram sobre casos com muito menos gravidade do que esse.
Não se trata de superestimar o caso Yoani. A rigor, nem cumpre falar em assegurar a “pluralidade” porque mal se ouviu o que ela tinha a dizer. A questão é ainda anterior: trata-se de assegurar o direito à voz. Se esses vândalos fazem isso agora com uma visitante de um país estrangeiro, não tarda, e estarão fazendo também com os nacionais. 
Por Reinaldo Azevedo






IV-




A selvageria contra Yoani e o método dos brucutus relatados por quem estava lá. Ou: “Eu sou fã do Stálin sim! Stálin matou um monte de alemão!”


Flávio Morgenstern é articulista do site Implicante e tradutor. Ele me envia, acompanhado de fotos e vídeo, um relato da baixaria que aquelas derivações teratológicas dos chimpanzés promoveram contra Yoani Sánchez nesta quinta-feira, na livraria Cultura. Leiam o seu relato.  Ah, sim: já vimos nos jornais e sites muitos cartazes contra Yoani. Os deste post são favoráveis à democracia.
*
Encontrei um pessoal da USP (daquelas pessoas que tomam banho e leem livros) e chegamos com uma hora e meia de antecedência e não havia muitas pessoas por ali. Pegamos nossas pulseiras e, enquanto conversávamos, uma moça se aproximou de nós e perguntou: “Vocês são do Solidariedade?”. Ignorante que sou, perguntei: “O Solidariedade da Polônia?”. Poxa, sou muito burro pra presumir que a cidadã falava do Solidariedade polonês, o movimento que acabou com o comunismo… Essa minha mania de achar que pessoas “politizadas” sabem quem é Leszek Kolakowski ou pelo menos o Lech Walesa… Ela virou as costas sem nem dar tchau.
Fui comprar o livro da Yoani (um imenso pecado! comprar livros! lê-los antes de criticar a blogueira que nenhum deles tentou ler antes de criticar! ter idéias e informações, essa coisa subversiva!), e quando voltei para a entrada da livraria, onde tudo acontecia, o caos já reinava.
Pegamos nossos cartazes e fomos também dar nossa voz.
O que ouvi foram pessoas gritando pela “liberdade” de Cuba. Estranho. Liberdade para quem? Para o Fidel? Para o Raúl? Não ouvi uma palavra sobre liberdade de voto para o povo cubano. Sobre liberdade de expressão. Sobre liberdade de um cubano usar um Facebook ou Twitter (esse regime deve ser tão frágil que tem medo até do Twitter, aquele negócio que serve pra todo mundo ficar comentando o Big Brother Brasil…). Sobre liberdade para… Yoani Sánchez.
Se é liberdade que querem, é liberdade para agredir o outro. Para impedir que alguém que não quer que a totalidade do poder político esteja concentrada unicamente nas mãos deles se manifeste.
Por isso levaram apitos e tambores. Cada vez que alguém pronunciava algo, tentava dar uma entrevista para um repórter ou simplesmente dizer: “Ei, peraí…”, era obtemperado com ruídos primitivos. Schopenhauer certamente tinha razão em determinar que pode averiguar o grau civilizatório de uma pessoa na razão inversa de sua tolerância a ruídos…
Não era só a expressão que tentavam vetar. Também se concentraram com força exatamente na entrada do Cine Livraria Cultura, onde aconteceria a palestra com Yoani, e impediam as pessoas de entrar, ou mesmo de passar pelo centro do corredor. Ora, é essa a “liberdade” que defendem? A liberdade de impedir pessoas de andarem por onde eles determinaram que não querem que elas andem?
Todavia, essa turma está acostumada ao fascismo de massas, em que andam em bando e nem a polícia pode fazer nada contra suas agressões, mas não com pessoas civilizadas, banhadas, vacinadas e usando desodorante, reclamando seus direitos óbvios de poderem existir, andar e falar sem serem impedidas. Gritávamos: “Ô Yoani, pode falar! Aqui não tem Fidel pra te calar!” – mas erramos um pouco. Fidel não estava. O PT, o PCdoB e o PCB estavam.

Aliás, por que essa turminha reclama de Yoani receber salário do El País e prêmios internacionais por criar o blog mais influente da raça humana se eles são financiados por fundos partidários milionários tomados à força do nosso bolso, sem que perguntem se apoiamos ditaduras e ditadores ou não?
O método deles é sempre o da “agressão mínima” – agridem sem partir pra porrada desabrida. Esperam que alguém revide. Eu discuti com um fascistóide que tentava me impedir de andar na frente da entrada. Enquanto isso, disfarçadamente, um menininho pequeno pisava no meu pé a intervalos regulares. Obviamente que a uma pisadinha minha de volta (que, admito, pelo tamanho do menino, deve tê-lo deixado mancado por meia hora), a pancadaria começou, vários chutes foram dados no ar, o empurra-empurra quase virou violência generalizada, até que a velha-guarda, acostumada a protestar só contra velhinhas da “burguesia”, apaziguou ânimos.

Tentei me aproximar mais uma vez. Um cidadão me barrou com o corpo e disse: “Sai daqui, pra cá você não vai vir”. Saquei o celular e comecei a filmá-lo. Lembrei-lhe: “Eu vou para onde eu quiser, por que eu vivo numa democracia, Fidel não vai me censurar aqui não!”. A resposta dele foi, disfarçadamente, dar uma cabeçada (que encostou no celular, mas não em mim, embora foi o momento da minha vida em que mais corri o risco de pegar piolho). Claro, esperava outra resposta. E agride no canto, escondido. Felizmente, filmei tudo.
O curioso é que as poucas pessoas que entraram para ver a palestra sofreram uma revista séria dos seguranças. “Cadê o cartaz? Levanta a camisa! Vira de costas!” Todavia, ao entrar no auditório, toda a turminha da UJS (braço de porrada do PCdoB estava lá, gritando, cheios de cartazes. Meu amigo Thomaz Martins reclamou com o segurança. Aí o discurso mudou: “Ah, a gente não pode fazer nada, você sabe…” Até a PM por lá apenas observava, mas não se mexeu muito nem nos momentos mais tensos.
Enfim, vi apenas fascistas que tentam proibir que o outro fale. Até um aprendiz de genocida com camiseta do Stálin. Outro partiu para cima de um amigo meu gritando: “Eu sou fã do Stálin sim! Stalin matou um monte de alemão!” (sic) Por mais que se odeie Hitler, parece estranho admirar alguém apenas pelas mortes causadas. Ou alguém aí é fã do Churchill por ele ter “matando um monte de alemão”?
Qual o argumento deles para isso? Bem, apitar, gritar e entoar coros como “Quem não pula é fascista!”, seguido de pulinhos. Reinaldo, o sr. está pulando? Pois, se não estiver, serei obrigado a desconfiar que o sr. é um fascista…
Num ponto hei de concordar com os moçoilos. Também gritavam: “A América Latina será toda socialista!”. É, de fato, um perigo. Vide o que diz o mocinho abaixo (para quem é da turma “Sou petista, mas…” e jura que a ditadura cubana não tem nada a ver com o modo de comprar poder político do mensalão petista, suas palavras falam pelo Partido):
Outro ponto em que sou obrigado a concordar com eles é sobre o embargo. Ora, há muitas razões para ele (inclusive a máfia cubana em Miami, que assassina dissidentes a rodo, e nunca vemos essas notícias por aqui quando lemos sobre Cuba). Mas livre comércio é paz. Bacana que algum dia acabem com o embargo. Poderiam instalar um sinal wi-fi gigantesco sobre Cuba, e sobrevoá-la jogando iPhones dos aviões. Quero ver quanto tempo dura essa ditadura.
Agora, por que são contra o embargo (mesmo que o país com o qual Cuba mais comercie hoje seja, justamente, a América! Basta acabar com o nome do negócio, mas essas pessoas também só entendem palavras, não o conceito real que designam)? Por que não são favoráveis logo ao comércio pacífico? Cuba é uma porcaria por causa do embargo? Taí a prova de que o comércio enriquece ao invés de explorar!
Reinaldo, o sr. está pulando? Ainda estou de olho…

Por Reinaldo Azevedo






V-





Reynaldo-BH:    

‘A oposição também é culpada pela decomposição moral do país’

 

REYNALDO ROCHA

Acompanhei – e incentivei – o pedido de impeachment de Renan Calheiros feito por petição online na Internet. Como reconheceu o próprio autor da ideia, o ato é mais político que jurídico. As leis de iniciativa popular não abrangem esse tipo de solicitação.
O que me moveu foi a criação do fato político. Um senador eleito com 840.000 votos em Alagoas consegue mais de 1.500.000 assinaturas pedindo sua renúncia. Melhor, exigindo.
Resolvi telefonar aos gabinetes de senadores do PSDB para ao menos informa-los do que estava acontecendo na Internet.
Obviamente, não consegui falar com nenhum dos cinco que escolhi: Aécio Neves, Álvaro Dias, Lúcia Vânia, Aloísio Nunes Ferreira e Flexa Ribeiro (por fazer parte da mesa emporcalhada).
Tentei os assessores. Os de Aécio estavam almoçando (às 15 horas). Os de Flexa Ribeiro, ausentes. Fui muito bem atendido pelos assessores de Álvaro Dias, Aloísio Nunes Ferreira e Lúcia Vânia.
Todos solicitaram que enviasse por mail as observações que expus, longamente, nos telefonemas. O de Álvaro Dias até me enviou um mail solicitando o que prometi.
A todos apresentei algumas questões: será necessária uma petição online solicitando que HAJA oposição no Brasil? Questionei a tibieza e covardia dos que apoiaram o Cangaceiro das Alagoas. Expressei minha indignação com o PSDB , que não assume a OPOSIÇÃO REAL que 44% da população do Brasil imaginavam existir. Tratei com TODOS da petição online e da inusitada adesão.
E de todos os assessores ouvi palavras que variavam do desânimo à revolta. Um me informa que o senador pensa até mesmo em mudar de partido. A pergunta que ambos fizemos foi: para qual partido? Outro diz que o chefe foi voto vencido no encontro entre os senadores do PSDB. Todos admitiram que a situação decorrente deste apoio era insustentável. Só um sabia da petição da WEB.
Por que resolvi agir assim? Não creio que argumentos éticos, morais e de decência política façam alguma diferença quando exigidos dos petistas e da base alugada. Eles se sabem podres. E estão confortáveis na pocilga moral em que se escondem, com os focinhos de fora, entre montes de fezes e lama. Seria pregar no deserto. Eu não sou personagem bíblico…
O que nos resta é tentar fazer com que a oposição (mesmo que adormecida e anestesiada) entenda que existe uma parcela cada vez maior dos eleitores que não se sentem infimamente representada pelas oposições consentidas.
Grande parte da responsabilidade pelo estado de decomposição moral, ética e política que vivemos está com a oposição.
O estado de direito só é preocupação de quem não está nos parlamentos. Nós.
O aparelhamento estatal só é uma vergonha para alguns. Nós.
A corrupção só é ofensiva para nós. Eles fazem acordos para que CPI´s poupem os seus (deles).
Os senadores deveriam ter um ombudsman. Ao menos um poderia fazer a experiência! Algum teria coragem?
Um assessor em linha direta com os eleitores. Que pudesse aferir como o trabalho de cada um é visto e avaliado.
Foi uma experiência assustadora. E deprimente, em que pese a atenção (ou mesmo revolta) demonstrada por alguns assessores.
Dias antes do Carnaval, nenhum dos senadores estava em Brasília. Com um PIB em queda, uma inflação disparada, Renan em um Spa, co-presidentes em articulações para a continuidade do pesadelo e um Brasil sem esperanças.
Uma oposição inerte, domesticada, que dá a impressão de concordar com os ladrões e usurpadores do poder, que dominaram o Executivo, tentaram intimidar o Judiciário e compraram o Legislativo.
O distanciamento destes senadores da WEB (blogs, opiniões de comentaristas-eleitores que se expõem diariamente em espaços como este aqui, redes sociais e comunicação intergrupos) é quase didático.
Demonstram não terem consciência da Primavera Árabe, da primeira eleição de Obama, dos indignados da Espanha, da geração à rasca de Portugal, da indignação com os estupros consentidos na Índia entre tantos exemplos.
Parecem ser os senhores do castelo dos horrores. Na Casa do Espanto, já não se espantam com nada. De costas para o país, continuam no dialeto estéril e bolorento: eles entendem tudo. Mas só eles entendem.
Não se trata de ameaça, mas constatação. Quem sequer ouve 1.500.000 brasileiros exigindo que se reveja o tapa que nos foi dado na cara certamente é surdo para qualquer alerta do que acontecerá a cada ano.
Algum dia, um enlouquecido e desequilibrado desconhecido – do qual Renan era assecla! – conseguiu ser presidente do Brasil com um discurso da “não-política” e do desprezo ao Legislativo. Suplantou Ulisses, Brizola e até o Imperador de Garanhuns. E ninguém parece ter aprendido nada.
Não existe vácuo. Muito menos em política.
Temo pelo ovo de serpente que possa estar sendo gestado em algum canto deste país. Que não se culpe os eleitores por outra escolha equivocada.
A culpa será exclusiva de quem, devendo ser oposição, se contenta em ser cronista de vulgaridades falando para um plenário vazio.
A oposição somos nós. Que não queremos mandatos nem cargos públicos.
Exigimos somente um pouco de vergonha na cara!

VI-


‘Não se governa de um palanque’

 editorial do Estadão

PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA SEXTA-FEIRA

Uma das críticas recorrentes e mais contundentes que até notórios simpatizantes como Frei Betto fazem ao Partido dos Trabalhadores é a de que, após chegar ao Palácio do Planalto, em 2003, o partido passou a priorizar seu ambicioso projeto de perpetuação no poder, a ele condicionando o projeto de governo. Na última quarta-feira, na festa promovida para comemorar “o decênio que mudou o Brasil”, Luiz Inácio Lula da Silva ─ o que é natural ─ e Dilma Rousseff ─ o que é lamentável ─ demonstraram acima de qualquer dúvida que estão mais preocupados com as urnas do que com a solução dos crescentes problemas do País. A festa, minuciosamente planejada pelo marqueteiro oficial dos petistas, João Santana, serviu de palanque para o lançamento, por Lula, da candidatura de Dilma Rousseff à reeleição, daqui a um ano e oito meses. E a presidente da República cumpriu disciplinadamente o papel que o roteiro da festa lhe reservava. Com um discurso populista e sectário, inadequado para quem não deixa de ser chefe de governo e de Estado nem mesmo num evento partidário, Dilma Rousseff sinalizou que daqui para a frente, até outubro de 2014, será sempre mais candidata do que presidente.
Ao antecipar o calendário eleitoral e comunicar ao País que sua pupila vai disputar a reeleição, Lula demonstrou que, ao contrário do que seu tom triunfal sugere, sabe que a vitória em 2014 não são favas contadas, principalmente por conta das incertezas de uma conjuntura econômica que, se até recentemente era favorável, agora é uma grande incógnita no médio prazo. Por essa razão tentará o Partido dos Trabalhadores, o mais cedo possível, “tomar conta” da cena eleitoral e consolidar a imagem da presidente Dilma Rousseff com, mais uma vez, a irrecusável indicação do Grande Chefe. Em circunstâncias normais, esse seria um problema do Partido dos Trabalhadores, que os eleitores resolveriam nas urnas.
Ocorre que quem está genuinamente preocupado com o futuro do País não pode deixar de constatar que o partido hegemônico no âmbito federal opta claramente por se aproveitar das dificuldades nacionais ─ que se acumularam nos últimos dois anos ─, em vez de superá-las em benefício de todos os brasileiros.
Pois é isso que ocorre quando os programas governamentais passam a ser subordinados aos interesses eleitorais, sempre imediatos. Não se governa de cima do palanque. Buscar soluções para questões fundamentais no âmbito da educação, saúde, infraestrutura, segurança, etc., implica frequentemente a prescrição e a aplicação de remédios amargos que só rendem dividendos políticos a longo prazo, provavelmente muito depois da próxima eleição. A presidente Dilma faria muito melhor, portanto, se, em vez de vestir vermelho e recitar num palanque as frases de efeito que lhe são ditadas por seu marqueteiro, se dedicasse a governar bem, que é o que dela se espera.

Mas na festança petista, realizada nas instalações de um hotel de São Paulo, os militantes em geral tinham mesmo muito o que comemorar, depois de 10 anos no poder, numa máquina estatal aparelhada como nunca antes na história deste país. Um aparelhamento, justiça seja feita, compartilhado com um enorme arco heterogêneo de alianças, devidamente representado no palanque por caciques partidários que iam desde os “faxinados” ex-ministros Carlos Lupi (PDT) e Alfredo Nascimento (PR) até o neodilmista Gilberto Kassab (PSD), saudado pela plateia com sonora vaia. Companhias, até para alguns petistas, um tanto indigestas. Mas, como explicou Lula, “ora, não é para casar!”.
A cereja do bolo servido na festa petista foi a participação de mensaleiros condenados pelos mais variados crimes: José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha. Foi-lhes estritamente recomendada uma participação discreta, o que os manteve fora do palanque, mas não os privou de efusivas manifestações de apreço e consideração.
Enquanto isso, a oposição continua em obsequioso silêncio, quebrado pelo solitário discurso de críticas ao governo feito pelo senador Aécio Neves na tarde de quarta-feira. Foi pouco, muito pouco.



VII-



‘Mortalha’, do trovador gaúcho Alamir Longo

ALAMIR LONGO
I

Sombrio é o destino
de povo indolente,
pois será, tão somente,
uma tropa de gado
que perderá o couro!
Porque povo covarde,
mais cedo ou mais tarde
ganhará o matadouro.


II


Quem vende consciência
jamais terá glória.
Sepulta sua história
e seus restos mortais
em cova esquecida!
Vai ser só lembrado
como um fracassado
que passou pela vida.


III


Com passividade
não muda-se nada!
Tem a alma arrancada,
aquele que aceita
o inaceitável!!!
Será tosco fulano,
na mão do tirano
mais um miserável.


IV


Povo servil
é massa falida!
covarde…vencida,
sem brio pra lutar
uma só batalha!
Sem futuro, sem dente…
a cavar sorridente
sua própria mortalha!



VIII-



‘Cínico’, por Ricardo Noblat

 

PUBLICADO NO GLOBO DESTA SEGUNDA-FEIRA

RICARDO NOBLAT


Há limite para tudo ─ até mesmo para os direitos fundamentais das pessoas. Por exemplo: você é livre para dizer o que quiser. Mas você não pode dizer tudo o que queira. A lei considera crime determinadas coisas. Ela também deveria punir quem abusa do cinismo ─ e por abusar; ofende a sociedade. Foi o caso recente de Renan Calheiros (PMDB-AL), há pouco eleito presidente do Senado. Abusou de ser cínico.
Um manifesto que pede o impeachment de Renan é o sucesso do momento nas redes sociais. Atraiu até agora mais de um milhão e meio de assinaturas. No dia em que for encaminhado ao Senado, seu destino será a lata do lixo. Milhares de assinaturas obrigam o Congresso a examinar propostas de leis ordinárias, mas o afastamento de um dos seus dirigentes… Esqueça. Não me pergunte por que é assim. Simplesmente é.
O Congresso, que em 2007 absolveu Renan contra todas as evidências de que prevaricara, jamais o condenará. A cara do Congresso e igual ao focinho de Renan. Expressiva fatia dos votos que elegeu Renan presidente do Senado pela segunda vez tem a ver com a tranquilidade que ele inspira aos seus pares. Quem esteve com a cabeça a prêmio tudo fará para que seus camaradas sejam poupados de experiência tão angustiante.
Renan governará o Senado por dois anos. E talvez por mais dois. Enquanto ali estiver, respirem em paz os senadores que temem ser alvo de uma ação moralizadora de origem interna ou externa. O controle que Renan exerce sobre o Senado é acachapante. O corregedor do Senado, encarregado de zelar pelo bom comportamento dos senadores, será uma figura da inteira confiança de Renan.

A Presidência do Conselho de Ética caberá a outro homem de confiança de Renan. Ou do PT, o que não fará diferença. Só terá assento ali quem representar a sólida garantia de que defenderá Renan acima de qualquer coisa, bem como todos os que desfrutem da condição de aliados fiéis dele. No passado, acusado de quebra de decoro, Renan foi condenado pelo Conselho de Ética e absolvido pelo plenário. A história não se repetirá.
Portanto, tudo bem até aqui e a perder de vista ─ para Renan, os seus e aqueles que não se importam com essa coisa comezinha chamada ética. Tudo bem, nada! Mas o que fazer se o Congresso (Câmara dos Deputados e Senado) está todo dominado? Nem mesmo isso, contudo, assegura a Renan o direito de ser cínico. Excessivamente cínico. Abusivamente cínico. Descaradamente cínico. Insolentemente cínico.
Prefiro “insolentemente” cínico. Lembra-me um professor do curso ginasial que bradava com os alunos: “Não sejam insolentes” Pois Renan foi ao comentar o pedido de impeachment dele. Primeiro chamou de “lícita e saudável” a mobilização na internet para recolher mais assinaturas contra ele. Depois subverteu seu significado. Disse que a mobilização tem por objetivo tomar o Congresso mais ágil e preocupado com os cidadãos.
Por fim, desdenhou do movimento. “O número de assinaturas não é tão importante quanto a mensagem” E lembrou que fora líder estudantil. E que também se valera de todos os meios para obter o que desejava. O número de assinaturas é tão ou mais importante, sim, do que a mensagem. Se não fosse grande jamais Renan comentaria o assunto. Nada há de estudantil na iniciativa.
O comentário atende à recomendação de assessores para que Renan não pareça presunçoso. Presunçoso? Taí uma coisa que ele definitivamente não parece. Em compensação… Deixa pra lá.



Pois como lemos nos textos de diversos veículos e colunistas, tudo continua igual neste país, o tal de Brasil das Maravilhas descritos pelos petistas no poder não é real, então o que dizer, continuamos a enfrentar os desafios que a cada dia se tornam maiores, até quando? Só nós o povo brasileiro poderemos responder...

Juarez Capaverde


Até amanhã




As fotos inseridas nos textos o foram pelo blogueiro. Juarez Capaverde

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