Bom dia amigos do blog, leitores, admiradores e também a aqueles que não gostam do que digo ou escrevo, todos vocês merecem minha total atenção, e quero informá-los que estou de volta, infelizmente com as mesmas perspectivas ruins sobre a política de nosso Brasil.
Passam-se os dias, os meses e os
caciques na aldeia mor chamada Brasília, continuam não se importando com o povo
deste país, a eles só é importante aquilo que lhes proporciona riqueza e bem
estar a custa do erário público, dinheiro do povo brasileiro, com seus salários
aviltantes perante o que ganha a classe trabalhadora, cujo partido que se diz
dos trabalhadores tornou-se o maior ninho de ladrões que já habitaram o governo
federal, liderados pelo líder máximo, Lula o possuidor de diversas alcunhas nenhuma
delas dignas de respeito, que já iniciou sua investida eleitoreira junto aos
seus seguidores infames para que não corram o perigo de deixar o governo em
2014, começaram bem antes do tempo porque as perspectivas não são boas,
enquanto navegaram nas ondas calmas do crescimento proporcionado pelos ajustes
feitos no governo FHC estavam tranqüilos, agora já tendo que maquiarem os números
da economia entre outros, sentem-se ameaçados de perderem a hegemonia de sua
liderança junto ao povo tolerante, sentem-se ameaçados porque o Brasil das
Maravilhas, criado pelos marqueteiros a seu serviço está se mostrando o que é a
realidade e o que é fantasioso, suas criações publicitárias já não superam o
que constatamos em nosso dia a dia, preços subindo, inflação quase sem controle,
industria quase parando, enfim o caos se aproximando e o pior, somos os grandes
culpados pela situação, oposição partidária não existe, o grande partido de
oposição está calado, sem atitude, sem forças tentando esconder seus próprios
erros, não tendo voz para combater esta “nojeira” que se tornou o Congresso e o
Executivo neste país.
Um Congresso que elege para seu comando
alguém acusado de fraudes sucessivas para esconder seu envolvimento antiético,
não pode ser valorizado, um Congresso que compactua com tamanha desfaçatez, não
poder ser confiável, um Executivo que vive de propaganda para tornar seus feitos, que diga-se não são
realizados, obra primas de realizações sem torná-las reais e importantes não é
um Executivo para ser elogiado e aclamado, como conviver com tanta inércia,
tanta incompetência é o que me pergunto, onde estão as lideranças civis deste
país que não fazem nada para tentar mudar uma situação tão degradante, com a
corrupção encravada nos mais significativos órgãos governamentais, com nossa
maior Empresa indo a bancarrota por má gestão e pelo aparelhamento pelos
partidos no poder, uma empresa que antes dava lucros substanciais passou a dar prejuízos
enormes, incalculáveis, até quando isto vai continuar, não sei, espero que até
o povo tomar consciência do que está realmente acontecendo neste Brasil dos
brasileiros, não dos petistas e companheiros.
YOANI xCUBA x ESQUERDA BRASILEIRA
Não falem mal do regime Cubano, ele é o
exemplo a ser seguido pela “cumpanheirada” petista e aliados, tratem mal quem
falar do regime Cubano, ele é o exemplo de povo unido, com alta renda per
capita, com modernidade e tecnologia para todo seu povo, um país altamente
classificado em todos os índices humanitários, que não reprime as vozes
dissidentes, que não prende aqueles que não concordam com este mesmo regime,
que permite o livre transito de seus habitantes para qualquer país sempre que
assim o quiserem e desejarem, enfim que tem todas as virtudes que estamos
buscando com o governo petista e da “cumpanheirada”, assim faremos nosso povo
verdadeiramente feliz e satisfeito, todos iguais, todos satisfatoriamente
atendidos nos hospitais, na educação, na economia, na segurança, com políticos honestos
e que trabalham para e pelo bem do povo, esta é CUBA de Fidel Castro e seu irmão,
o país a ser decantado e admirado por todos nós, assim não devemos aceitar que alguém
venha de lá nos dizer que tudo isto não é verdade, que tudo isto é diferente,
que a realidade não é real, não, não
podemos aceitar que venham nos dizer que estamos fantasiando, que somos
admiradores de um país totalmente diferente, com sua gente acuada pelo regime,
passando necessidades das mais sublimes para o ser humano, mentira, mentiras
devemos gritar, ameaçar a quem diz estas “coisas” de um país tão importante e
sublime, sim, é assim que devemos tratar pessoas como Yoani, que só veio nos
dizer mentiras e falsidades, dizer que em Cuba não há democracia, ora grande
mentira, mas esperem, isto quem diz e afronta assim Yoani não sou eu e sim os
partidos de esquerda brasileiros entre eles o PT, o PCdoB, o PCB e tantos
outros que mostraram a cara na visita desta moça ilustre e corajosa que lutou
durante anos para ter o direito de sair de Cuba e visitar outros países, que
com a ajuda de verdadeiros democratas no mundo afora conseguiu levar ao mais
distantes recantos do planeta as verdades deste país de mentiras tão idolatrado
por nossos “esquerdistas”, ou melhor pelos fascistas e comunistas de
carteirinhas que estão aí enrustidos nos partidos ditos de esquerda que querem
levar o Brasil no caminho e na direção deste grande país, CUBA de Fidel Castro,
pensem nisto brasileiros e decidam se assim o querem.
Juarez
Capaverde
I-
Entrevista
Yoani: 'Tentam me calar porque divulgo a Cuba real'
A blogueira cubana Yoani Sánchez descreve um sistema de saúde à beira do colapso e uma economia na qual, para sobreviver, é preciso roubar do estado
Branca Nunes e Duda Teixeira
“Solidariedade, pluralidade e, principalmente, o
desejo de voltar”. Apesar das manifestações hostis de um grupo de
simpatizantes da ditadura dos irmãos Castro que enfrentou na passagem pelo
Brasil, a frase resume a lembrança que Yoani Sánchez levará do país. O recado aos baderneiros ligados a partidos
de esquerda é igualmente conciso: ela sugere que morem em Cuba para conhecer a
“realidade de um mercado racionado, dualidade monetária, falta de liberdade e
impossibilidade de se manifestar na rua”.
Com os intermináveis cabelos castanhos presos num
rabo de cavalo, saboreando uma pastilha para aliviar a rouquidão e com a
expressão serena de quem efetivamente acredita no que diz, a jornalista cubana
relatou nesta sexta-feira à reportagem de VEJA um pouco do cotidiano dos
moradores da ilha no Caribe. Leia trechos da entrevista.
Como a
senhora viu as manifestações hostis dos últimos dias? Por um lado
me sinto feliz por estar num país onde existe liberdade democrática e
pluralidade. O problema é quando essas manifestações impedem e boicotam algo
tão pacífico quanto a apresentação de um documentário ou uma sessão de
autógrafos. Acho contraditório usar um espaço democrático para impedir que
alguém se expresse livremente.
A senhora
ficou amedrontada? Não, porque conheço esses métodos do meu país: a
coação e a difamação. Infelizmente, nos últimos anos vivi situações semelhantes
em Havana e outras cidades.
Eles
conhecem a realidade cubana? Lamentavelmente, a maioria não conhece
meu país, minha história ou meus textos. Eles acreditam numa Cuba
estereotipada, uma ilha de esperança, com liberdade para todos. Cuba não vive
um comunismo, mas um capitalismo de estado. Recomendaria que cada um deles
morasse um tempo em Cuba para viver na pele a realidade de um mercado
racionado, dualidade monetária, falta de liberdade, impossibilidade de se
manifestar na rua. Depois desse tempo, duvido que continuem a defender o
governo cubano. Tentam me calar porque divulgo uma Cuba menos parecida com o
discurso político e mais parecida com a rua. Uma Cuba real.
Que Cuba
é essa? Uma Cuba linda, mas difícil. É importante diferenciar
Cuba de um partido, de uma ideologia, de um homem. Ela é muito mais do que
isso. É um país onde as pessoas precisam esconder suas opiniões com medo de
represálias, onde muitos jovens querem emigrar por falta de expectativa, onde o
estado tenta controlar todos os detalhes da vida. Onde colocar um prato de
comida em cima da mesa significa submergir-se diariamente à ilegalidade para
conseguir dinheiro.
Muitas
pessoas de vários países costumam elogiar o sistema de saúde e o sistema
educacional de Cuba. Esses elogios são pertinentes? Nos anos 70
e 80, Cuba viveu o florescimento de toda a estrutura de saúde e educação. Foram
construídas escolas e postos de saúde em toda parte graças aos subsídios
soviéticos. Quando a União Soviética caiu, Cuba teve que voltar à realidade
econômica. Os professores imigraram por causa dos baixos salários, a qualidade
diminuiu e a doutrina aumentou. Exatamente como na área da saúde. Hoje, quando
um cubano vai a um hospital, leva um presente para o médico. É um acordo
informal para que o atendam bem e rápido. Levam também desinfetante, agulha,
algodão, linha para as suturas. O governo usa a existência de um sistema
gratuito de saúde e educação para emudecer os críticos, silenciar a população.
Não passo todos os dias doente ou aprendendo, quero ler outros jornais, viajar
livremente, eleger meu presidente, poder me manifestar, protestar.
Como
funciona o sistema de aposentadoria em Cuba? Esse é um
dos setores mais pobres. Um aposentado ganha cerca de 15 dólares conversíveis
por mês. Como a maioria dos cubanos não vive do salário, mas do que pode roubar
do estado dentro do local de trabalho, quando se aposenta ele perde essa fonte
de renda. Em Havana é possível ver muitos velhos vendendo cigarros nas
ruas.
Que tipo
de racionamento existe em Cuba e como ele funciona? Cada cubano
tem direito a uma cota mensal de alimento com preços subvencionados pelo
estado. Estudos dizem é possível se alimentar razoavelmente bem por duas
semanas com essa cota. Nela existe arroz, açúcar – que por sinal é brasileiro
–, um pouco de café, azeite e, às vezes, frango. Para sobreviver a outra metade
do mês os cubanos precisam ter os pesos conversíveis. O salário médio na ilha é
de 20 dólares. Um litro de leite custa 1,80 dólares. Por isso, as pessoas
apelam para a ilegalidade: roubam do estado e vendem no mercado negro,
prostituem-se, exercem atividades ilegais, como dirigir taxis ou vender
produtos para os turistas. Graças a isso e às remessas enviadas pelos cubanos
exilados é possível sobreviver. Uma revolução que rechaçou esses exilados agora
depende deles.
A senhora
disse que os gritos de ordem dos manifestantes brasileiros já não se escutam
mais em Cuba. Qual lhe surpreendeu mais? “Cuba sim, ianques não”, por exemplo. É
uma expressão fora de moda. Em Cuba não usamos mais a palavra ianque para os
americanos. Ela é usada apenas nos slogans políticos. Falamos yuma, que não pejorativo. Ao contrário,
mostra um certo encanto em relação a eles. A propaganda oficial, de ataques aos
Estados Unidos e ao imperialismo, criou um sentimento contrário ao esperado. A
maioria dos jovens hoje é fascinada pelos americanos. Até acho ruim esse
enaltecimento por outro país, mas é uma realidade.
O que os
cubanos nascidos depois da revolução acham de figuras como Fidel Castro e
Fulgêncio Batista? Nasci em 1975, quando tudo já estava burocraticamente
organizado. Na escola, apresentavam Fidel como o pai da pátria. Era ele quem
decidia quantas casas seriam construídas, o que iríamos vestir. Na juventude,
Fidel passou a ser uma figura distante. Diferente dos nossos pais, que viveram
uma fascinação pela figura de Fidel, minha geração é mais crítica. O Fulgêncio
Batista era o ditador anterior. A revolução tirou um ditador do poder e se
converteu em uma ditadura.
As
gerações mais antigas continuam fiéis à revolução? Existem os
que creem realmente na revolução, sem máscaras nem oportunismo, um pequeno
grupo. Os que já não creem, mas não querem aceitar que se equivocaram, porque
entregaram a ela seus melhores anos, e aqueles que deixaram de acreditar no
sistema e se transformaram em pessoas críticas.
Em 2007,
o governo brasileiro deportou os boxeadores cubanos Guilhermo Rigondeaux e
Erislandy Lara, que tentavam o exílio na Alemanha. Qual sua opinião sobre isso?
O governo brasileiro teve um triste papel neste caso, de cumplicidade.
Quando os atletas retornaram, o governo cubano fez um linchamento público na
imprensa oficial, com vários insultos. Fidel Castro falou na televisão que um
deles foi visto com uma prostituta na praia. Os filhos e a mulher desse homem
foram expostos a isso. Foi um episódio bastante lamentável.
Por que a
ditadura cubana ainda tolera suas críticas? Penso que a
visibilidade que alcancei me protege. Sou vigiada constantemente, meu telefone
é grampeado e existe uma série de mecanismos e estratégias para matar a minha
imagem. Se não podem matar a pessoa, matam sua imagem.
A senhora
é frequentemente acusada de receber dinheiro de governos contrários a Cuba para
manter seu blog. Qual a origem desses rumores? Faz parte
da estratégia de difamação: não discutir as ideias, mas a pessoa. Para ter um
blog é preciso muito pouco dinheiro. O meu está num software livre, o
wordpress, e fica hospedado num servidor da Alemanha que custa 36 euros por
ano. Em 2006, um amigo alemão pagou vários anos a esse servidor. Quanto à
conexão, aprendi alguns truques. Por exemplo, vou a um hotel e compro um cartão
de conexão que custa 6 dólares a hora. Como preparo quatro ou cinco textos em
casa, programo para que sejam publicados em dias diferentes. Com esse método,
consigo me conectar mais de cinco vezes com um único cartão. No twitter,
publico via mensagem de texto.
Que
lembranças levará do Brasil? Muita solidariedade, pluralidade e,
principalmente, o desejo de voltar. O pão de queijo também me encantou. Vou
levar uma mala cheia deles para Cuba.
II-
Cuba
Esquerdistas voltam a interromper evento com Yoani
Blogueira cubana teve de abandonar bate-papo e sessão de autógrafos em uma livraria em São Paulo. "Eles gritam porque não têm argumentos", disse
Jean-Philip Struck
Um grupo de manifestantes esquerdistas voltou
a impedir de maneira agressiva na noite desta quinta-feira um evento com a
presença da ativista cubana Yoani Sánchez. Desta vez, uma mesa
redonda marcada no auditório de uma livraria paulistana foi cancelada meia hora
depois de jovens vestidos com camisestas estampadas por símbolos comunistas
passarem a interromper sistematicamente todas as perguntas feitas à blogueira.
"Fascista, imperialista, mercenária", gritavam.
As ofensas só foram interrompidas por gritos do
restante do público, que pedia silêncio. Yoani se manifestou diretamente aos
agressores. “Gritam quando não têm argumentos”, disse.
A manifestação foi liderada por membros da União da
Juventude Socialista (UJS), um grupo ligado ao PC do B. Antes do evento, nos
corredores de um centro comercial da avenida Paulista, os esquerdistas se
depararam com o protesto
de um grupo estudantes a favor da cubana. Com faixas e cartazes onde se podia
ler “Trocamos Yoani por Zé Dirceu” e “Fidel usa Adidas”, eles ironizaram e
bateram boca com os membros da UJS.
O evento previa que o público mandasse perguntas por
meio de folhas previamente distribuídas. Depois de cinco minutos, o método teve
de ser interrompido porque os militantes não deixavam nem que as perguntas
fossem lidas.
A mediadora do bate papo começou então a ler uma
lista de perguntas que está circulando pela internet e são supostamente
incômodas para blogueira, mas nem isso satisfez os manifestantes, que voltaram
a interromper o evento. “Isso não é um comportamento civilizado”, disse a
mediadora. André Tokarski, presidente da UJS, que estava presente no local e
ficou visivelmente satisfeito quando Yoani abandonou o auditório (leia
entrevista com ele aqui).
Pouco depois, a organização desistiu do
evento e uma sessão de autógrafos do livro de Yoani, De Cuba - Com Carinho, foi montada. A
cubana não chegou a autografar nenhum exemplar porque o grupo impedia a
aproximação de quem havia comprado a publicação. “Isso é um absurdo. Eles falam
em liberdade de expressão, mas não deixam a moça falar. Eles não têm a mínima
ideia do que é uma ditadura. Em Cuba, eles teriam sido fuzilados por promover
uma manifestação dessas”, disse o cubano naturalizado americano Rafael Alvarez,
de 60 anos, que fugiu da ilha aos 12 anos e vive em São Paulo há duas décadas.
Eventos - Mais cedo, Yoani conseguiu finalmente se expressar pela primeira vez em quatro dias sem ser interrompida. Em um debate realizado pela manhã na sede do jornal O Estado de S. Paulo, em que criticou a mudez do governo brasileiro com relação à questão dos direitos humanos em Cuba. "Há muito silêncio", disse a cubana. "Recomendaria uma posição mais enérgica."
Eventos - Mais cedo, Yoani conseguiu finalmente se expressar pela primeira vez em quatro dias sem ser interrompida. Em um debate realizado pela manhã na sede do jornal O Estado de S. Paulo, em que criticou a mudez do governo brasileiro com relação à questão dos direitos humanos em Cuba. "Há muito silêncio", disse a cubana. "Recomendaria uma posição mais enérgica."
Durante a tarde, ela gravou uma
participação no programa Roda Viva,
da TV Cultura. Durante a gravação Yoani disse que não acredita que o ditador
Raúl Castro vai promover reformas profundas no governo autoritário do país.
“Eu não acredito que o sistema cubano
seja capaz ou queira a reforma. É um sistema baseado no imobilismo. É como uma
casa velha que já resistiu à falta de manutenção, a dezenas de ciclones, mas na
hora em que alguém vai fazer um pequeno reparo, ela desaba por completa. Se
Raul Castro reformar, ele mata sua própria criatura”, disse.
A blogueira também disse não esperar
que a população se revolte à exemplo do que aconteceu durante a recente
“Primavera Árabe”, quando ditaduras do Oriente Médio foram derrubadas por
revoltas populares. Há uma frase em Cuba que diz que ‘um jovem prefere mostrar
sua valentia enfrentando um tubarão a caminho da Flórida, do que enfrentando a
repressão’”.
Yoani também reclamou da campanha de
difamação que vem sofrendo, dentro e fora de Cuba, que repetidamente a acusa de
ser uma agente da CIA ou trabalhar para o imperialismo americano.
“É uma estratégia para desviar a
atenção. É uma estratégia fabricada. Chega a ser infantil. Quando comecei o
blog, vários jornalistas me procuraram, e as pessoas chegavam e me diziam ‘ele
é agente da CIA’. Eu ficava com medo e não falava. Mais tarde, quando o governo
passou a me acusar da mesma coisa, eu vi que era tudo mentira, que eles eram
inocentes como eu”, disse.
III
23/02/2013
às 5:54
Silêncios vergonhosos.
Vocês leram o que disse a direção da ABI
(Associação Brasileira de Imprensa) sobre os atos covardes perpetrados contra a
blogueira Yoani Sánchez? Não? Compreendo. É que a ABI não disse nada. Na última
vez em que a entidade frequentou o noticiário, tinha cedido seu auditório no
Rio para José Dirceu comandar um ato contra o Poder Judiciário brasileiro.
Estava presente, desrespeitando a lei, o embaixador da Venezuela no Brasil,
Maximilien Arveláiz.
Vocês leram o que disse a direção da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre as ações ilegais que constrangeram a
cubana no Brasil? Viram o que afirmou o Conselho Federal sobre o fato de uma
embaixada organizar atos de caráter político e confessar que espiões de um país
estrangeiro transitam livremente pelo país? Não? Compreendo. É que a OAB não
disse nada. Na última vez em que frequentou o noticiário, o comando da entidade
enunciou que estava disposto a verificar se a delação premiada é mesmo
inconstitucional, como pretendem dois doutores que trabalham para mensaleiros:
o notório Kakay (Antonio Carlos de Almeida Castro) e José Luiz de Oliveira Lima
(o querido “Juca” de alguns jornalistas), que tem como cliente José Dirceu,
aquele que comandou um ato contra o Judiciário em pleno território da ABI.
Essas duas ausências dão conta do estado
miserável do que já se chamou “sociedade civil” no Brasil. As duas omissões são
igualmente graves porque os ataques à blogueira remetem mesmo à razão de ser de
cada uma delas. A principal tarefa da ABI é zelar pela liberdade de expressão e
pela preservação dos valores éticos da profissão de jornalista. A filóloga
Yoani Sánchez é também jornalista. A palavra é a sua matéria-prima. Em Cuba,
luta por um regime de liberdades democráticas, por pluralismo político, por
respeito aos direitos humanos. Esses valores constituem a essência da história
da associação. A única ABI que expressou seu repúdio às agressões foi a Associação
Baiana de Imprensa. A Federação Nacional dos Jornalistas, conforme o esperado,
também se calou. Nem poderia ser diferente. A Fenaj tentou criar no país o
Conselho Federal de Jornalismo, que colocaria o trabalho da imprensa sob
censura, a exemplo do que ocorre em Cuba, que essa gente ama tanto.
O que dizer, então, da OAB? É a entidade
que, em tese, vigia, em nome da sociedade, a, por assim dizer, saúde jurídica
do país. Não tem função meramente cartorial. Ao contrário: a Ordem sempre foi
um organismo político, buscando zelar, como expressão da sociedade civil, pela
qualidade do estado democrático e de direito. Os constrangimentos a que s
arruaceiros — PAREM, SENHORES DA IMPRENSA, DE CHAMAR PESSOAS QUE PROMOVEM
AQUELA BAIXARIA DE “MANIFESTANTES”! — submeteram Yoani até agora desrespeitam a
ordem legal, violam-na. Como é que a OAB ousa — a palavra essa! — ficar muda?
Eis mais um sintoma de uma sociedade em
que um campo ideológico está hipertrofiado (tenha ele o nome que se queira dar:
esquerda, vigarice, oportunismo) em prejuízo de outro, que está acuado. Que
“outro” é esse? O dos defensores da democracia representativa, da ordem legal e
democrática, do estado de direito. OAB e ABI já se manifestaram sobre casos com
muito menos gravidade do que esse.
Não se trata de superestimar o caso
Yoani. A rigor, nem cumpre falar em assegurar a “pluralidade” porque mal se
ouviu o que ela tinha a dizer. A questão é ainda anterior: trata-se de
assegurar o direito à voz. Se esses vândalos fazem isso agora com uma visitante
de um país estrangeiro, não tarda, e estarão fazendo também com os
nacionais.
Por Reinaldo Azevedo
IV-
A selvageria contra Yoani e o método dos brucutus relatados por quem estava lá. Ou: “Eu sou fã do Stálin sim! Stálin matou um monte de alemão!”
Flávio Morgenstern é articulista do
site Implicante e tradutor. Ele me envia, acompanhado de fotos e vídeo, um relato
da baixaria que aquelas derivações teratológicas dos chimpanzés promoveram
contra Yoani Sánchez nesta quinta-feira, na livraria Cultura. Leiam o seu
relato. Ah, sim: já vimos nos jornais e sites muitos cartazes contra
Yoani. Os deste post são favoráveis à democracia.
*
Encontrei um pessoal da USP (daquelas pessoas que tomam banho e leem livros) e chegamos com uma hora e meia de antecedência e não havia muitas pessoas por ali. Pegamos nossas pulseiras e, enquanto conversávamos, uma moça se aproximou de nós e perguntou: “Vocês são do Solidariedade?”. Ignorante que sou, perguntei: “O Solidariedade da Polônia?”. Poxa, sou muito burro pra presumir que a cidadã falava do Solidariedade polonês, o movimento que acabou com o comunismo… Essa minha mania de achar que pessoas “politizadas” sabem quem é Leszek Kolakowski ou pelo menos o Lech Walesa… Ela virou as costas sem nem dar tchau.
Encontrei um pessoal da USP (daquelas pessoas que tomam banho e leem livros) e chegamos com uma hora e meia de antecedência e não havia muitas pessoas por ali. Pegamos nossas pulseiras e, enquanto conversávamos, uma moça se aproximou de nós e perguntou: “Vocês são do Solidariedade?”. Ignorante que sou, perguntei: “O Solidariedade da Polônia?”. Poxa, sou muito burro pra presumir que a cidadã falava do Solidariedade polonês, o movimento que acabou com o comunismo… Essa minha mania de achar que pessoas “politizadas” sabem quem é Leszek Kolakowski ou pelo menos o Lech Walesa… Ela virou as costas sem nem dar tchau.
Fui comprar o livro da Yoani (um imenso
pecado! comprar livros! lê-los antes de criticar a blogueira que nenhum deles
tentou ler antes de criticar! ter idéias e informações, essa coisa
subversiva!), e quando voltei para a entrada da livraria, onde tudo acontecia,
o caos já reinava.
Pegamos nossos cartazes e fomos também
dar nossa voz.
O que ouvi foram pessoas gritando pela
“liberdade” de Cuba. Estranho. Liberdade para quem? Para o Fidel? Para o Raúl?
Não ouvi uma palavra sobre liberdade de voto para o povo cubano. Sobre
liberdade de expressão. Sobre liberdade de um cubano usar um Facebook ou
Twitter (esse regime deve ser tão frágil que tem medo até do Twitter, aquele
negócio que serve pra todo mundo ficar comentando o Big Brother Brasil…). Sobre
liberdade para… Yoani Sánchez.
Se é liberdade que querem, é liberdade
para agredir o outro. Para impedir que alguém que não quer que a totalidade do
poder político esteja concentrada unicamente nas mãos deles se manifeste.
Por isso levaram apitos e tambores. Cada
vez que alguém pronunciava algo, tentava dar uma entrevista para um repórter ou
simplesmente dizer: “Ei, peraí…”, era obtemperado com ruídos primitivos.
Schopenhauer certamente tinha razão em determinar que pode averiguar o grau
civilizatório de uma pessoa na razão inversa de sua tolerância a ruídos…
Não era só a expressão que tentavam
vetar. Também se concentraram com força exatamente na entrada do Cine Livraria
Cultura, onde aconteceria a palestra com Yoani, e impediam as pessoas de
entrar, ou mesmo de passar pelo centro do corredor. Ora, é essa a “liberdade”
que defendem? A liberdade de impedir pessoas de andarem por onde eles
determinaram que não querem que elas andem?
Todavia, essa turma está acostumada ao
fascismo de massas, em que andam em bando e nem a polícia pode fazer nada
contra suas agressões, mas não com pessoas civilizadas, banhadas, vacinadas e
usando desodorante, reclamando seus direitos óbvios de poderem existir, andar e
falar sem serem impedidas. Gritávamos: “Ô Yoani, pode falar! Aqui não tem Fidel
pra te calar!” – mas erramos um pouco. Fidel não estava. O PT, o PCdoB e o PCB
estavam.
Aliás, por que essa turminha reclama de
Yoani receber salário do El País e prêmios internacionais por criar o blog mais
influente da raça humana se eles são financiados por fundos partidários
milionários tomados à força do nosso bolso, sem que perguntem se apoiamos
ditaduras e ditadores ou não?
O método deles é sempre o da “agressão
mínima” – agridem sem partir pra porrada desabrida. Esperam que alguém revide.
Eu discuti com um fascistóide que tentava me impedir de andar na frente da
entrada. Enquanto isso, disfarçadamente, um menininho pequeno pisava no meu pé
a intervalos regulares. Obviamente que a uma pisadinha minha de volta (que,
admito, pelo tamanho do menino, deve tê-lo deixado mancado por meia hora), a
pancadaria começou, vários chutes foram dados no ar, o empurra-empurra quase
virou violência generalizada, até que a velha-guarda, acostumada a protestar só
contra velhinhas da “burguesia”, apaziguou ânimos.
Tentei me aproximar mais uma vez. Um
cidadão me barrou com o corpo e disse: “Sai daqui, pra cá você não vai vir”.
Saquei o celular e comecei a filmá-lo. Lembrei-lhe: “Eu vou para onde eu
quiser, por que eu vivo numa democracia, Fidel não vai me censurar aqui não!”.
A resposta dele foi, disfarçadamente, dar uma cabeçada (que encostou no
celular, mas não em mim, embora foi o momento da minha vida em que mais corri o
risco de pegar piolho). Claro, esperava outra resposta. E agride no canto,
escondido. Felizmente, filmei tudo.
O curioso é que as poucas pessoas que
entraram para ver a palestra sofreram uma revista séria dos seguranças. “Cadê o
cartaz? Levanta a camisa! Vira de costas!” Todavia, ao entrar no auditório,
toda a turminha da UJS (braço de porrada do PCdoB estava lá, gritando, cheios
de cartazes. Meu amigo Thomaz Martins reclamou com o segurança. Aí o discurso
mudou: “Ah, a gente não pode fazer nada, você sabe…” Até a PM por lá apenas
observava, mas não se mexeu muito nem nos momentos mais tensos.
Enfim, vi apenas fascistas que tentam
proibir que o outro fale. Até um aprendiz de genocida com camiseta do Stálin.
Outro partiu para cima de um amigo meu gritando: “Eu sou fã do Stálin sim!
Stalin matou um monte de alemão!” (sic) Por mais que se odeie Hitler, parece
estranho admirar alguém apenas pelas mortes causadas. Ou alguém aí é fã do
Churchill por ele ter “matando um monte de alemão”?
Qual o argumento deles para isso? Bem,
apitar, gritar e entoar coros como “Quem não pula é fascista!”, seguido de
pulinhos. Reinaldo, o sr. está pulando? Pois, se não estiver, serei obrigado a
desconfiar que o sr. é um fascista…
Num ponto hei de concordar com os
moçoilos. Também gritavam: “A América Latina será toda socialista!”. É, de
fato, um perigo. Vide o que diz o mocinho abaixo (para quem é da turma “Sou
petista, mas…” e jura que a ditadura cubana não tem nada a ver com o modo de
comprar poder político do mensalão petista, suas palavras falam pelo Partido):
Outro ponto em que sou obrigado a
concordar com eles é sobre o embargo. Ora, há muitas razões para ele (inclusive
a máfia cubana em Miami, que assassina dissidentes a rodo, e nunca vemos essas
notícias por aqui quando lemos sobre Cuba). Mas livre comércio é paz. Bacana
que algum dia acabem com o embargo. Poderiam instalar um sinal wi-fi gigantesco
sobre Cuba, e sobrevoá-la jogando iPhones dos aviões. Quero ver quanto tempo
dura essa ditadura.
Agora, por que são contra o embargo
(mesmo que o país com o qual Cuba mais comercie hoje seja, justamente, a
América! Basta acabar com o nome do negócio, mas essas pessoas também só
entendem palavras, não o conceito real que designam)? Por que não são
favoráveis logo ao comércio pacífico? Cuba é uma porcaria por causa do embargo?
Taí a prova de que o comércio enriquece ao invés de explorar!
Reinaldo, o sr. está pulando? Ainda estou
de olho…
Por Reinaldo Azevedo
V-
Reynaldo-BH:
‘A oposição também é culpada pela decomposição moral do país’
REYNALDO ROCHA
Acompanhei – e incentivei – o pedido de impeachment
de Renan Calheiros feito por petição online na Internet. Como reconheceu o
próprio autor da ideia, o ato é mais político que jurídico. As leis de
iniciativa popular não abrangem esse tipo de solicitação.
O que me moveu foi a criação do fato político. Um
senador eleito com 840.000 votos em Alagoas consegue mais de 1.500.000
assinaturas pedindo sua renúncia. Melhor, exigindo.
Resolvi telefonar aos gabinetes de senadores do PSDB
para ao menos informa-los do que estava acontecendo na Internet.
Obviamente, não consegui falar com nenhum dos cinco
que escolhi: Aécio Neves, Álvaro Dias, Lúcia Vânia, Aloísio Nunes Ferreira e
Flexa Ribeiro (por fazer parte da mesa emporcalhada).
Tentei os assessores. Os de Aécio estavam almoçando
(às 15 horas). Os de Flexa Ribeiro, ausentes. Fui muito bem atendido pelos
assessores de Álvaro Dias, Aloísio Nunes Ferreira e Lúcia Vânia.
Todos solicitaram que enviasse por mail as
observações que expus, longamente, nos telefonemas. O de Álvaro Dias até me
enviou um mail solicitando o que prometi.
A todos apresentei algumas questões: será necessária
uma petição online solicitando que HAJA oposição no Brasil? Questionei a
tibieza e covardia dos que apoiaram o Cangaceiro das Alagoas. Expressei minha
indignação com o PSDB , que não assume a OPOSIÇÃO REAL que 44% da população do
Brasil imaginavam existir. Tratei com TODOS da petição online e da inusitada
adesão.
E de todos os assessores ouvi palavras que variavam
do desânimo à revolta. Um me informa que o senador pensa até mesmo em mudar de
partido. A pergunta que ambos fizemos foi: para qual partido? Outro diz que o
chefe foi voto vencido no encontro entre os senadores do PSDB. Todos admitiram
que a situação decorrente deste apoio era insustentável. Só um sabia da
petição da WEB.
Por que resolvi agir assim? Não creio que
argumentos éticos, morais e de decência política façam alguma diferença quando
exigidos dos petistas e da base alugada. Eles se sabem podres. E estão
confortáveis na pocilga moral em que se escondem, com os focinhos de fora,
entre montes de fezes e lama. Seria pregar no deserto. Eu não sou personagem
bíblico…
O que nos resta é tentar fazer com que a oposição
(mesmo que adormecida e anestesiada) entenda que existe uma parcela cada vez
maior dos eleitores que não se sentem infimamente representada pelas oposições
consentidas.
Grande parte da responsabilidade pelo estado de
decomposição moral, ética e política que vivemos está com a oposição.
O estado de direito só é preocupação de quem não está
nos parlamentos. Nós.
O aparelhamento estatal só é uma vergonha para
alguns. Nós.
A corrupção só é ofensiva para nós. Eles fazem
acordos para que CPI´s poupem os seus (deles).
Os senadores deveriam ter um ombudsman. Ao menos um
poderia fazer a experiência! Algum teria coragem?
Um assessor em linha direta com os eleitores. Que
pudesse aferir como o trabalho de cada um é visto e avaliado.
Foi uma experiência assustadora. E deprimente, em que
pese a atenção (ou mesmo revolta) demonstrada por alguns assessores.
Dias antes do Carnaval, nenhum dos senadores estava
em Brasília. Com um PIB em queda, uma inflação disparada, Renan em um Spa,
co-presidentes em articulações para a continuidade do pesadelo e um Brasil sem
esperanças.
Uma oposição inerte, domesticada, que dá a impressão
de concordar com os ladrões e usurpadores do poder, que dominaram o Executivo,
tentaram intimidar o Judiciário e compraram o Legislativo.
O distanciamento destes senadores da WEB (blogs,
opiniões de comentaristas-eleitores que se expõem diariamente em espaços como
este aqui, redes sociais e comunicação intergrupos) é quase didático.
Demonstram não terem consciência da Primavera Árabe,
da primeira eleição de Obama, dos indignados da Espanha, da geração à rasca de
Portugal, da indignação com os estupros consentidos na Índia entre tantos
exemplos.
Parecem ser os senhores do castelo dos horrores. Na
Casa do Espanto, já não se espantam com nada. De costas para o país, continuam
no dialeto estéril e bolorento: eles entendem tudo. Mas só eles entendem.
Não se trata de ameaça, mas constatação. Quem
sequer ouve 1.500.000 brasileiros exigindo que se reveja o tapa que nos foi
dado na cara certamente é surdo para qualquer alerta do que acontecerá a cada
ano.
Algum dia, um enlouquecido e desequilibrado
desconhecido – do qual Renan era assecla! – conseguiu ser presidente do Brasil
com um discurso da “não-política” e do desprezo ao Legislativo. Suplantou
Ulisses, Brizola e até o Imperador de Garanhuns. E ninguém parece ter aprendido
nada.
Não existe vácuo. Muito menos em política.
Temo pelo ovo de serpente que possa estar sendo
gestado em algum canto deste país. Que não se culpe os eleitores por outra
escolha equivocada.
A culpa será exclusiva de quem, devendo ser oposição,
se contenta em ser cronista de vulgaridades falando para um plenário vazio.
A oposição somos nós. Que não queremos mandatos nem
cargos públicos.
Exigimos somente um pouco de vergonha na cara!
VI-
‘Não se governa de um palanque’
editorial do Estadão
PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA SEXTA-FEIRA
Uma das críticas recorrentes e mais contundentes que
até notórios simpatizantes como Frei Betto fazem ao Partido dos Trabalhadores é
a de que, após chegar ao Palácio do Planalto, em 2003, o partido passou a
priorizar seu ambicioso projeto de perpetuação no poder, a ele condicionando o
projeto de governo. Na última quarta-feira, na festa promovida para comemorar
“o decênio que mudou o Brasil”, Luiz Inácio Lula da Silva ─ o que é natural ─ e
Dilma Rousseff ─ o que é lamentável ─ demonstraram acima de qualquer dúvida que
estão mais preocupados com as urnas do que com a solução dos crescentes
problemas do País. A festa, minuciosamente planejada pelo marqueteiro oficial
dos petistas, João Santana, serviu de palanque para o lançamento, por Lula, da
candidatura de Dilma Rousseff à reeleição, daqui a um ano e oito meses. E a
presidente da República cumpriu disciplinadamente o papel que o roteiro da
festa lhe reservava. Com um discurso populista e sectário, inadequado para quem
não deixa de ser chefe de governo e de Estado nem mesmo num evento partidário,
Dilma Rousseff sinalizou que daqui para a frente, até outubro de 2014, será
sempre mais candidata do que presidente.
Ao antecipar o calendário eleitoral e comunicar ao
País que sua pupila vai disputar a reeleição, Lula demonstrou que, ao contrário
do que seu tom triunfal sugere, sabe que a vitória em 2014 não são favas
contadas, principalmente por conta das incertezas de uma conjuntura econômica
que, se até recentemente era favorável, agora é uma grande incógnita no médio
prazo. Por essa razão tentará o Partido dos Trabalhadores, o mais cedo
possível, “tomar conta” da cena eleitoral e consolidar a imagem da presidente
Dilma Rousseff com, mais uma vez, a irrecusável indicação do Grande Chefe. Em
circunstâncias normais, esse seria um problema do Partido dos Trabalhadores,
que os eleitores resolveriam nas urnas.
Ocorre que quem está genuinamente preocupado com o
futuro do País não pode deixar de constatar que o partido hegemônico no âmbito
federal opta claramente por se aproveitar das dificuldades nacionais ─ que se
acumularam nos últimos dois anos ─, em vez de superá-las em benefício de todos
os brasileiros.
Pois é isso que ocorre quando os programas
governamentais passam a ser subordinados aos interesses eleitorais, sempre
imediatos. Não se governa de cima do palanque. Buscar soluções para questões
fundamentais no âmbito da educação, saúde, infraestrutura, segurança, etc.,
implica frequentemente a prescrição e a aplicação de remédios amargos que só
rendem dividendos políticos a longo prazo, provavelmente muito depois da
próxima eleição. A presidente Dilma faria muito melhor, portanto, se, em vez de
vestir vermelho e recitar num palanque as frases de efeito que lhe são ditadas
por seu marqueteiro, se dedicasse a governar bem, que é o que dela se espera.
Mas na festança petista, realizada nas instalações de
um hotel de São Paulo, os militantes em geral tinham mesmo muito o que
comemorar, depois de 10 anos no poder, numa máquina estatal aparelhada como
nunca antes na história deste país. Um aparelhamento, justiça seja feita,
compartilhado com um enorme arco heterogêneo de alianças, devidamente
representado no palanque por caciques partidários que iam desde os “faxinados”
ex-ministros Carlos Lupi (PDT) e Alfredo Nascimento (PR) até o neodilmista
Gilberto Kassab (PSD), saudado pela plateia com sonora vaia. Companhias, até
para alguns petistas, um tanto indigestas. Mas, como explicou Lula, “ora, não é
para casar!”.
A cereja do bolo servido na festa petista foi a
participação de mensaleiros condenados pelos mais variados crimes: José Dirceu,
José Genoino e João Paulo Cunha. Foi-lhes estritamente recomendada uma
participação discreta, o que os manteve fora do palanque, mas não os privou de
efusivas manifestações de apreço e consideração.
Enquanto isso, a oposição continua em obsequioso
silêncio, quebrado pelo solitário discurso de críticas ao governo feito pelo
senador Aécio Neves na tarde de quarta-feira. Foi pouco, muito pouco.
VII-
‘Mortalha’, do trovador gaúcho Alamir Longo
ALAMIR LONGOI
Sombrio é o destino
de povo indolente,
pois será, tão somente,
uma tropa de gado
que perderá o couro!
Porque povo covarde,
mais cedo ou mais tarde
ganhará o matadouro.
II
Quem vende consciência
jamais terá glória.
Sepulta sua história
e seus restos mortais
em cova esquecida!
Vai ser só lembrado
como um fracassado
que passou pela vida.
III
Com passividade
não muda-se nada!
Tem a alma arrancada,
aquele que aceita
o inaceitável!!!
Será tosco fulano,
na mão do tirano
mais um miserável.
IV
Povo servil
é massa falida!
covarde…vencida,
sem brio pra lutar
uma só batalha!
Sem futuro, sem dente…
a cavar sorridente
sua própria mortalha!
VIII-
‘Cínico’, por Ricardo Noblat
PUBLICADO NO GLOBO
DESTA SEGUNDA-FEIRA
RICARDO
NOBLAT
Há limite para tudo ─ até mesmo para os direitos
fundamentais das pessoas. Por exemplo: você é livre para dizer o que quiser.
Mas você não pode dizer tudo o que queira. A lei considera crime determinadas
coisas. Ela também deveria punir quem abusa do cinismo ─ e por abusar; ofende a
sociedade. Foi o caso recente de Renan Calheiros (PMDB-AL), há pouco eleito
presidente do Senado. Abusou de ser cínico.
Um manifesto que pede o impeachment de Renan é o
sucesso do momento nas redes sociais. Atraiu até agora mais de um milhão e meio
de assinaturas. No dia em que for encaminhado ao Senado, seu destino será a
lata do lixo. Milhares de assinaturas obrigam o Congresso a examinar propostas
de leis ordinárias, mas o afastamento de um dos seus dirigentes… Esqueça. Não
me pergunte por que é assim. Simplesmente é.
O Congresso, que em 2007 absolveu Renan contra todas
as evidências de que prevaricara, jamais o condenará. A cara do Congresso e
igual ao focinho de Renan. Expressiva fatia dos votos que elegeu Renan
presidente do Senado pela segunda vez tem a ver com a tranquilidade que ele
inspira aos seus pares. Quem esteve com a cabeça a prêmio tudo fará para que
seus camaradas sejam poupados de experiência tão angustiante.
Renan governará o Senado por dois anos. E talvez por
mais dois. Enquanto ali estiver, respirem em paz os senadores que temem ser
alvo de uma ação moralizadora de origem interna ou externa. O controle que
Renan exerce sobre o Senado é acachapante. O corregedor do Senado, encarregado
de zelar pelo bom comportamento dos senadores, será uma figura da inteira
confiança de Renan.
A Presidência do Conselho de Ética caberá a outro
homem de confiança de Renan. Ou do PT, o que não fará diferença. Só terá
assento ali quem representar a sólida garantia de que defenderá Renan acima de
qualquer coisa, bem como todos os que desfrutem da condição de aliados fiéis
dele. No passado, acusado de quebra de decoro, Renan foi condenado pelo
Conselho de Ética e absolvido pelo plenário. A história não se repetirá.
Portanto, tudo bem até aqui e a perder de vista ─
para Renan, os seus e aqueles que não se importam com essa coisa comezinha
chamada ética. Tudo bem, nada! Mas o que fazer se o Congresso (Câmara dos
Deputados e Senado) está todo dominado? Nem mesmo isso, contudo, assegura a
Renan o direito de ser cínico. Excessivamente cínico. Abusivamente cínico.
Descaradamente cínico. Insolentemente cínico.
Prefiro “insolentemente” cínico. Lembra-me um
professor do curso ginasial que bradava com os alunos: “Não sejam insolentes”
Pois Renan foi ao comentar o pedido de impeachment dele. Primeiro chamou de
“lícita e saudável” a mobilização na internet para recolher mais assinaturas
contra ele. Depois subverteu seu significado. Disse que a mobilização tem por
objetivo tomar o Congresso mais ágil e preocupado com os cidadãos.
Por fim, desdenhou do movimento. “O número de
assinaturas não é tão importante quanto a mensagem” E lembrou que fora líder
estudantil. E que também se valera de todos os meios para obter o que desejava.
O número de assinaturas é tão ou mais importante, sim, do que a mensagem. Se
não fosse grande jamais Renan comentaria o assunto. Nada há de estudantil na iniciativa.
O comentário atende à recomendação de assessores para
que Renan não pareça presunçoso. Presunçoso? Taí uma coisa que ele
definitivamente não parece. Em compensação… Deixa pra lá.
Pois como lemos nos textos de diversos veículos e colunistas, tudo continua igual neste
país, o tal de Brasil das Maravilhas descritos pelos petistas no poder não é real, então o
que dizer, continuamos a enfrentar os desafios que a cada dia se tornam
maiores, até quando? Só nós o povo brasileiro poderemos responder...
Juarez Capaverde
Até
amanhã
As
fotos inseridas nos textos o foram pelo blogueiro. Juarez Capaverde
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