Bom dia,
sem fazer muitos comentários, transcrevo o texto do Jornalista João Mellão Neto
publicado no Estadão desta sexta-feira. Ao final entenderão porque sempre
perguntei em muito de meus blog quando a Sra. Dilma iria assumir de fato o
governo, é a constatação que faz também o Sr. Mellão Neto, leiam e nas palavras
escritas, verão que existe de fato esta preocupação entre as “cabeças”
pensantes de nível no país;
“Dilma já está no Outono”, de João Mellão Neto
JOÃO MELLÃO NETO
Eu me recordo bem dos anos 1970, foi
neles que passei toda a minha juventude. E me lembro, por exemplo, da passagem
do governo do general Garrastazu Médici ao general Ernesto Geisel. A despeito
de nuvens negras no horizonte, a autoconfiança nacional era inabalável.
Enquanto o ministro do Planejamento, Reis Velloso, tratava de redigir o Segundo
Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) ─ tão megalomaníaco quanto o PAC 2
─, o novo ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, declarava solenemente
que o Brasil era “uma ilha de tranquilidade em meio a um mar revolto”.
Quanto ao mar revolto, não havia a
menor dúvida. A então famosa Organização dos Países Exportadores de Petróleo
(Opep) estabeleceu um aumento de quatro vezes no preço do petróleo e pegou todo
o mundo de surpresa. Lembro-me de que até então gasolina era barata. Eu morava
no interior de São Paulo, possuía um Ford Galaxie que fazia 4 km por litro na
estrada e sempre que nosso grupo ia participar de um baile em alguma cidade
próxima todo mundo se oferecia para pagar o combustível. De repente isso
acabou. Até o Galaxie, que tratei de vender por uma mixaria.
Bem, apesar da promessa de bonança, o
fato é que a tempestade demorou um pouco, mas nos pegou em cheio. O Brasil
produzia apenas 20% do petróleo que consumia e não eram poucos os que diziam
que a “Petrobrás só era um gigante do chão para cima”. De fato, a empresa tinha
time de futebol, vôlei, basquete e muitos outros esportes, reunidos em seu
departamento desportivo. Explorava hotéis e restaurante, indústrias e comércio.
Tinha monopólio na aquisição de petróleo e derivados e também no refinamento. A
única coisa que não fazia ─ ou fazia pouco ─ era explorar petróleo.
Como hoje, naquela época não
acreditávamos que a crise chegaria até nós. E, de fato, seu impacto foi
atenuado por um axioma da economia: para algum lugar o dinheiro vai. O dinheiro
fez um caminho tortuoso, mas acabou voltando para nós. O seu trajeto foi o
seguinte: com a multiplicação dos preços do petróleo, os países da Opep ficaram
com os cofres abarrotados. Como não tinham onde aplicar centenas de bilhões de
dólares em seus próprios territórios, eles trataram de colocá-los nos bancos
europeus. Estes tinham de garantir alguma remuneração aos capitais aplicados. E
a opção deles foi oferecer crédito em abundância aos países do então Terceiro
Mundo.
O dinheiro, dessa forma, acabou
voltando para nós, só que na forma de dívidas. A aposta do governo Geisel foi a
de que, realizados todos os projetos previstos no II PND, o Brasil teria
recursos suficientes para quitar as dívidas assumidas sem comprometer o
desenvolvimento. Mas a aposta falhou. Em 1981, por uma série de razões,
iniciou-se nova crise do petróleo e os preços se multiplicaram novamente. Aí
não tinha mais jeito. O Brasil mergulhou numa recessão, da qual só viria a sair
mais de uma década depois.
Se há alguma lição nessa história, é a
de que quando há uma crise mundial nenhum país sai ileso dela.
Agora, uma nova crise econômica se
aproxima de nós: ela se iniciou nos Estados Unidos, multiplicou-se pela Europa,
contagiou o Japão e atinge até mesmo a China. É ingenuidade acreditar que não
aportará por aqui. O índice de crescimento do nosso produto interno bruto (PIB)
em 2010 (7,5%) ficou acima da média histórica nacional, mas não alcançou os
índices de países vizinhos como Argentina, Peru e Chile. O que houve por aqui
foi muita propaganda ufanista. A queda em 2011, agora para 2,7%, é um prenúncio
de que nuvens carregadas estão chegando por aí.
Como fica o governo Dilma nessas
circunstâncias?
Se estivéssemos num regime
parlamentarista, uma crise econômica de tal magnitude com certeza derrubaria o governo.
O povo não está disposto a oferecer “sangue, suor e lágrimas”. O que todos
esperam do governo é que continue a proporcionar bonança e prosperidade para
todos. Mas no Brasil tudo se dá de forma diferente.
A presidente Dilma Rousseff conta com a
maior base parlamentar da História recente da Nação. Anteriormente, só no
regime militar algo similar foi possível. Proporcionalmente, o seu arco de
apoios no Legislativo é maior que o de Hugo Chávez, na Venezuela. Não obstante,
Dilma vem colhendo seguidas derrotas no Parlamento. O Senado rejeitou até mesmo
uma indicação do Executivo para o preenchimento de um cargo numa agência
estatal. Por um acordo de cavalheiros, indicações desse naipe são aprovadas sem
nenhum questionamento. Que eu me recorde, a última vez que vexame semelhante
ocorreu foi quando o então presidente Jânio Quadros indicou um nome para
preencher uma embaixada. Esse fato selou o rompimento definitivo entre o
Executivo e o Legislativo. E logo em seguida Jânio renunciou à Presidência.
A impressão que fica é a de que o
Senado, bem como a Câmara dos Deputados quiseram passar um recado muito duro à
presidente: apesar de seus 55 milhões de votos, não dá para ela governar
sozinha. Mais cedo ou mais tarde, vai precisar do Congresso Nacional. E quando
o procurar, vai ouvir o sinal de ocupado.
Dilma parece não pensar assim. Escorada
em estratosférica popularidade, a presidente faz questão de demonstrar a sua
ojeriza aos políticos e realçar a sua condição de “técnica”. Reside aí um
imenso equívoco. Técnicos do nível dela existem milhares. Em condições de
exercer a Presidência da República, no momento, só existe ela. Afinal, ela foi
eleita para isso.
Enquanto a borrasca não vem, o governo,
ao que parece, não acredita que ela chegue aqui. Já faz um ano e três meses que
este governo tomou posse e de efetivo nada aconteceu.
Com todo o respeito à sra. presidente,
quando é ela que pretende começar a governar?
Voltei
Como já sitei no inicio, não tecerei
comentários, já os venho fazendo há algum tempo, fica mais um alerta a quem
confia neste governo que criou o País das Maravilhas e vive iludido em sua
própria criação sem ver a realidade do que se aproxima. Já começou a derrocada,
o Congresso já está virando as costas e como sabemos isto é perigoso.
Até amanhã.
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