Juarez Capaverde
MENSALÃO: como ficarão os difamadores do Supremo, se Dirceu não for condenado?
Dora Kramer:
"Se, por hipótese, José Genoino for considerado mero "mequetrefe" e José Dirceu não puder ser enquadrado na categoria "chefe de quadrilha" por falta de provas? Como ficarão os difamadores do STF?" (Foto: Fábio Pozzebom)
Publicado hoje na editoria de Política do jornal O Estado de S.Paulo
VERGONHA ALHEIA
Tudo bem, o senador Jorge Viana, o presidente da Câmara, Marco Maia, e companhia bela resolveram transitar na contramão, senão da História, porque esta não se faz de imediato, mas da lógica. É um direito que os assiste.
Atacam o Supremo Tribunal Federal, reclamam da imprensa e denunciam “preconceito das elites” sem levar em conta que reagem na realidade às consequências de atos cometidos pelo próprio partido.
Os juízes fazem justamente o que desde sempre se cobra da Justiça: a aplicação rigorosa da lei sem olhar a quem.
Maia chama de falacioso (capcioso, intencionalmente enganador) o voto do relator Joaquim Barbosa que reconhece a existência da compra de apoio de partidos ao primeiro governo Lula.
Viana fala em “golpe” contra o PT e o secretário de comunicação do partido, André Vargas, aponta “risco para a democracia” nas transmissões ao vivo das sessões do STF.
Graças à bem articulada transição democrática da qual o PT se afastou quando renegou o sentido da eleição indireta de Tancredo Neves como ato de imposição de derrota política à ditadura, o País vive desde o século passado em estado de liberdade plena.
Defendem-se quaisquer ideias e teoricamente ninguém tem nada com isso. É sagrado todo direito, inclusive ao esperneio.
Afastada a ameaça à democracia apontada pelo deputado Vargas, uma vez que a transmissões do que se passa no tribunal é garantia do preceito constitucional da transparência, resta sempre o risco do ridículo.
O que dirão os autores das pesadas críticas ao Supremo se ao fim do julgamento houver absolvições inesperadas?
E se não prevalecer totalmente a posição do relator Joaquim Barbosa? Se, por hipótese, José Genoino for considerado mero “mequetrefe” e José Dirceu não puder ser enquadrado na categoria “chefe de quadrilha” por falta de provas? Como ficarão os difamadores do STF?
É uma possibilidade remota? É altamente improvável, mas não impossível.
Nesse caso os detratores virarão defensores da Justiça do Brasil. Portanto, até como precaução – uma vez que parece inútil pedir respeito à Corte – seria conveniente que prestassem atenção ao que fazem.
Tratam o Supremo como uma facção partidária em vias de cometer crimes de lesa-pátria apenas porque seus interesses e expectativas estão sendo contrariados.
Condenações havendo de cima a baixo, que fique bem claro: não terão sido produto de arbítrio, mas de decisão da Justiça. Do mesmo tribunal tão festejado por decisões tidas como inovadoras em outros campos que não o da política (ciência, costumes, direitos sociais), cuja atuação tem ido muito além da guarda da Constituição e da representação da cúpula do Poder Judiciário.
Depois de longos períodos de restrição de autonomia por força de governos arbitrários, desde 1988 o Supremo vem se aperfeiçoando no papel a ele conferido pela nova Carta: a de indutor da construção de um modelo mais avançado de relação entre Estado e sociedade.
É um ganho para todos. Independentemente de governos e partidos. Estes passam, mas a República permanece.
b)
Fantasias perigosas
MERVAL PEREIRA
Se a nota dos partidos aliados do governo petista fosse para repudiar as acusações feitas ao ex-presidente Lula atribuídas pela revista Veja ao lobista Marcos Valério, estaria tudo certo, agiriam dentro do limite de suas responsabilidades e direitos.
Mas quando partem para a insinuação de que o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal é parte de uma manobra da oposição, que quer fazer da ação penal 470 “um julgamento político, para golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula”, aí sim eles jogam contra a democracia, colocando em discussão os resultados do julgamento que está sendo realizado dentro das melhores práticas do Direito e da democracia.
Seria cômico, se não fosse a revelação de uma situação política trágica, a tentativa de comparar o quadro atual com os golpes contra os governos populares de Getulio Vargas ou Jango. Como se o julgamento do mensalão fosse uma conspiração da “elite conservadora” contra o governo popular de Lula.
Se não fosse pelo fato de que 8 dos 11 ministros do STF foram nomeados por governos petistas, já não é possível vender a fantasiosa versão de que o mensalão não existiu, até por que em muitos casos, como salientou ontem o presidente do Supremo, ministro Ayres Britto, os pagamentos foram realmente feitos mensalmente.
Além disso, já está amplamente provado que foi montado um esquema sofisticado de compra de apoio político, descrito com detalhes pelo relator Joaquim Barbosa.
Mesmo que seja possível provar que algumas votações coincidiram com os pagamentos, e que, num belo trabalho de reconstituição, o relator tenha recuperado o ambiente político no início do primeiro governo de Lula, demonstrando que muitos dos partidos alvos do assédio governamental haviam apoiado o candidato da oposição na eleição presidencial, nada disso seria necessário.
Todos os réus, com uma ou outra exceção, já confessaram em juízo terem recebido dinheiro através de Marcos Valério, por recomendação de Delúbio Soares, o que, para o entendimento majoritário do Supremo, caracteriza a corrupção passiva, não importando se de fato cumpriram o que prometeram ao venderem seu apoio político.
Como também não importa se gastaram o dinheiro em farras ou em pagamentos de gastos de campanha, e até mesmo se doaram para obras de caridade. A corrupção passiva não se apaga com o destino que foi dado ao dinheiro.
Soou estranho, portanto, o revisor Lewandowski dizer que não havia provas de que os políticos recebedores de dinheiro sabiam da sua origem criminosa.
Ora, se pegavam dinheiro na boca do caixa sem os documentos bancários oficiais, e alguns recebiam até mesmo pelo sistema de “delivery”, em malas ou pacotes em casa e em hotéis, como não saber que o dinheiro tinha origem duvidosa?
Outra discussão que deve tomar conta do plenário quando chegar a hora de os ministros votarem, e que já foi antecipada ontem pelo ministro Marco Aurélio Mello, é a lavagem de dinheiro.
O ministro Joaquim Barbosa condenou todos os políticos até agora por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas Lewandowski e Marco Aurélio discordaram, alegando que uma mesma pessoa não pode ser acusada por dois crimes pelo mesmo ato, que seria a corrupção passiva.
Até o momento não há novidade na disputa, pois quando do julgamento do deputado João Paulo Cunha a maioria do plenário já havia se posicionado a favor da tese de Barbosa.
Ontem mesmo o presidente do Supremo, ministro Ayres Britto, fez uma intervenção no sentido de apoiar o relator. Com o revisor, ficaram anteriormente os ministros Dias Toffoli, Rosa Weber, Cezar Peluso e Marco Aurélio Mello.
Com a saída de Peluso, o plenário está com o placar de 6 a 4 a favor da tese do relator, a não ser que algum ministro mude de posição durante o julgamento.
Esse será um tema que, ao que tudo indica, poderá gerar embargos infringentes mais adiante, na tentativa das defesas de mudar o entendimento do STF, aproveitando-se inclusive da nova formação, pois também o ministro Ayres Britto será substituído em novembro, fazendo com que o placar fique em 5 a 4.
Os dois novos ministros podem teoricamente reverter a situação dos réus condenados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, retirando da pena final de 3 a 10 anos de cadeia.
c)
Mensalão: agora, Lula se cala - e o PT fica desnorteado
O ex-presidente silencia diante das revelações do empresário Marcos Valério, que o colocou como chefe do esquema. PT, agora, diz que julgamento é golpe
Daniel Pereira e Rodrigo Rangel
TEORIA DA CONSPIRAÇÃO - Lula e Valério: as revelações seriam uma tentativa de “golpe das elites” com a participação dos ministros do Supremo (Juliana Knobbel/Frame/Folhapress e Cristiano Mariz)
O PT fabricou uma manifestação de apoio a Lula por saber que as confissões de Valério podem ser investigadas. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, considerou importantes as revelações e declarou que poderá analisar o envolvimento de Lula no mensalão.
Na edição passada, uma reportagem de VEJA revelou com exclusividade parte das confissões feitas pelo empresário Marcos Valério, o operador financeiro do mensalão, sobre as engrenagens do maior escândalo de corrupção política da história do país. Além de confirmar a participação decisiva no suborno a parlamentares dos petistas José Dirceu e Delúbio Soares, que figuram como réus no processo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), Valério implicou o ex-presidente Lula no esquema -- e no papel de protagonista. Valério diz que Lula era o verdadeiro comandante da organização criminosa denunciada pelo Ministério Público.
Afirma que a quadrilha do mensalão contava com um caixa de 350 milhões de reais, o triplo, portanto, do valor identificado pela Polícia Federal. Além disso, ressalta que desde a eclosão do escândalo, em 2005, teve Paulo Okamotto como interlocutor no PT. Amigo do peito e pagador de contas pessoais do ex-presidente da República, Okamotto era fiador de um acordo que previa a impunidade em troca do seu silêncio. O empresário desabafou: “Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”.
Valério sempre ameaçou relatar em detalhes o funcionamento do mensalão. E sempre foi contido - segundo contou a pessoas próximas - pela promessa do ex-presidente e do PT de ajudá-lo na Justiça. Esse acordo se manteve de pé até o início do julgamento no STF. Já condenado por corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro, crimes que podem resultar numa pena de mais de 100 anos de prisão, Valério resolveu compartilhar seus segredos com um grupo seleto de confidentes.
A revelação dessas conversas por VEJA desnorteou o PT, conforme mostra reportagem publicada na edição desta semana. Lula, um notório entusiasta do debate em público, preferiu o silêncio ao ser confrontado com as novas informações. Não rechaçou o que Valério contou nem tentou desqualificá-lo. Dirceu e Delúbio seguiram o chefe. Não foi à toa. Segundo aliados, Lula não quer desafiar Valério, que não teria mais nada a perder.
Além disso, teme que o empresário revele mais detalhes se provocado. Rebatê-lo agora, sem saber do arsenal à disposição de Valério, seria uma estratégia de altíssimo risco. A palavra de ordem é não comprar briga com o pivô financeiro do mensalão. Contra-ataques, só em cima dos alvos de sempre, aqueles aos quais os petistas recorrem, como uma conveniente muleta, toda vez que são pilhados em irregularidades.
Essa estratégia foi seguida à risca. Na segunda-feira, o PT divulgou uma nota conclamando a militância para “uma batalha do tamanho do Brasil” - no caso, a defesa do partido e do ex-presidente. O texto não faz menção às confissões de Valério. Ou seja: não explica do que Lula deve ser defendido. Na quinta-feira, outra nota foi publicada. Ela retoma a tese de que o mensalão e seus desdobramentos não passam de uma conspiração urdida pela oposição e por setores da imprensa para tirar o PT do comando do país por meio de um golpe. Esse golpe seria alimentado com a divulgação de denúncias sem provas. Quais denúncias? A redação petista não teve coragem, de novo, de citar as confissões de Valério, providencialmente esquecido.
Fala de uma “fantasiosa matéria veiculada pela Revista Veja”. Fantasiosa, por ora, só a nota do PT. Ela foi elaborada pelo presidente da sigla, Rui Falcão. Em seguida, ele ligou para os presidentes de cinco partidos e pediu-lhes que subscrevessem o texto. Não se tratou de uma solidariedade espontânea. Muito pelo contrário. O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp, assinou sem ler e nem sequer consultou seus correligionários -- entre eles, o vice-presidente da República, Michel Temer. “Não concordo com a nota, mas não podia recusar um pedido do presidente Lula”, revelou um dos signatários.
DEGRADANTE - O mensalão cria constrangimentos à campanha do petista Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo, principalmente diante da aproximação da data de julgamento do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro Delúbio Soares. Os dois serão julgados pelo Supremo por corrupção ativa.
O PT fabricou uma manifestação de apoio a Lula por saber que as confissões de Valério podem ser investigadas. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, considerou importantes as revelações e declarou que poderá analisar o envolvimento de Lula no mensalão, tal qual relatado por Valério, depois do julgamento do processo no STF.
Os petistas também esperam usar a nota assinada por presidentes de partidos aliados no horário eleitoral gratuito. A ideia é alegar que o PT está sendo vítima de uma conspiração de setores conservadores, os quais estariam pressionando o Supremo -- que teve sete dos seus atuais dez ministros nomeados pelo governo petista -- a condenar os réus do mensalão.
O processo no STF tem influenciado de forma negativa o desempenho dos petistas nas disputas municipais. Imposto ao partido por Lula, Fernando Haddad está na terceira colocação na corrida pela prefeitura paulistana. Na semana passada, num recurso à Justiça Eleitoral, a equipe dele disse ser “degradante” a associação da imagem de Haddad à de Dirceu e Delúbio, como tem feito o PSDB. Mais sintomático dos efeitos do mensalão, impossível.
O PT sempre desdenhou dos impactos políticos do caso. Numa conversa com aliados dias antes do início do julgamento no STF, Lula disse que o processo teria “influência zero” sobre o partido e seus candidatos. Com a mesma confiança do líder messiânico que prometera aos réus livrá-los da condenação judicial, Lula lembrou que foi reeleito em 2006, um ano depois de ser acossado pela ameaça de um processo de impeachment, e fez de Dilma Rousseff sua sucessora em 2010. O mensalão seria uma mera “piada de salão”. Piadinha sem graça.
d)
Comparar Getúlio Vargas a Lula é um insulto à memória do presidente suicida
Uma nota oficial encomendada por Lula, redigida por Rui Falcão e subscrita por seis presidentes de partidos governistas comunicou à nação ─ no meio do palavrório que enfileira falsidades, safadezas e vigarices ─ que está em curso uma trama política semelhante à que resultou no suicídio de Getúlio Vargas. Conversa fiada, resumiu o comentário de 1 minuto para o site de VEJA. Só um ajuntamento de palermas, oportunistas e casos de polícia conseguiria vislumbrar conspiradores em ação nos três partidos oposicionistas mais dóceis da história.
Só um bando de cretinos fundamentais ousaria confundir Aécio Neves com Carlos Lacerda, Geraldo Alckmin com Afonso Arinos ou tucanos em sossego no poleiro com militares sublevados nos quartéis. E apenas sócios remidos do clube dos cafajestes se atreveriam a comparar Luiz Inácio Lula da Silva a Getúlio Dornelles Vargas. Coerentes com a folha corrida de cada um, os signatários do besteirol fuzilaram sem clemência, e sem vestígios de rubor na face, a memória do gaúcho que governou o Brasil por quase 20 anos.
“Querem fazer comigo o que fizeram com Getúlio Vargas”, recita o palanque ambulante sempre que se mete em enrascadas de grosso calibre. “Assim foi em 1954, quando inventaram um ‘mar de lama’ para derrubar o presidente Vargas”, reincidiram nesta quinta-feira os carrascos da verdade escalados para o espetáculo da vassalagem. Alguém precisa contar-lhes aos gritos que foi o próprio Getúlio quem usou pela primeira vez a expressão “mar de lama”. Alguém precisa ordenar-lhes aos berros que parem de estuprar os fatos para fabricar mentiras eleitoreiras.
Na versão malandra do PT e seus parceiros alugados, a procissão de escândalos que afronta os brasileiros honestos desde a descoberta do mensalão não passa de invencionice dos netos da UDN golpista, que se valem de estandartes moralistas para impedir que outro pai dos pobres se mantenha no poder. Se a oposição não sofresse de afasia medrosa, a confraria dos 171 já teria aprendido que não há qualquer parentesco entre os dois Brasis. E não se animaria a inventar semelhanças entre figuras antagônicas.
Em agosto de 1954, Getúlio Vargas era sistematicamente hostilizado por adversários que negavam até cumprimentos protocolares ao ex-ditador que voltara ao poder pela rota das urnas. Não há uma única foto do presidente ao lado de Carlos Lacerda. Passados quase 60 anos, Lula e Dilma lidam com adversários que fizeram a opção preferencial pela covardia e inventaram a oposição a favor. Muitos merecem cadeiras cativas na Irmandade dos Amigos do Cara, dirigida por velhas abjeções que Lula combateu até descobrir que todos nasceram uns para os outros.
Há 58 anos, surpreendido por delinquências praticadas às suas costas, acuado pela feroz oposição parlamentar, sitiado por ódios decorrentes dos horrores do Estado Novo, desafiado por oficiais rebeldes, traído por comandantes militares, abalado pela deserção dos aliados, Getúlio preferiu a morte à capitulação humilhante. No Ano 10 da Era da Mediocridade, o Grande Pastor do rebanho lulopetista só é ameaçado pelo Código Penal, por um STF disposto a cumprir a lei e pela incapacidade de aceitar imposições do destino.
Neste começo de primavera, o que se vê é um populista que se nega a encarar a aproximação do inverno. Os truques do animador de comício não surpreendem mais ninguém. Tornaram-se enfadonhos. Lula é uma caricatura de si próprio. É uma lenda precocemente no ocaso. Daqui a algum tempo, será um asterisco nos livros de história que nunca leu.
Getúlio perdeu a disposição de resistir ao constatar que, sem saber, convivera com criminosos. Na última reunião do ministério, foi defendido por figuras como Oswaldo Aranha e Tancredo Neves. Lula defendeu a permanência de Antonio Palocci e José Dirceu no primeiro escalão infestado de corruptos. E tenta o tempo todo livrar da cadeia bandidos de estimação para mantê-los a seu lado. Depois de tentar inutilmente adiar o julgamento do mensalão, faz o que pode para pressionar ministros que nomeou, desqualificar a Justiça e impedir a consumação do castigo.
Há uma semana, o protetor de pecadores foi empurrado para o meio do pântano pelas revelações de Marcos Valério divulgadas por VEJA. Em vez de rebater as acusações e interpelar judicialmente o acusador, o mais loquaz dos palanqueiros emudeceu. Entre amigos, gasta a voz debilitada em insultos a ministros do Supremo, mensaleiros trapalhões ou advogados ineptos ─ e promete, de meia em meia hora, vinganças tremendas. Em público, pede votos para candidatos amigos e calunia concorrentes.
O suicídio de Vargas, reiterei há um ano, foi um ato de coragem protagonizado pelo político que errou muito e cometeu pecados graves, mas nunca transigiu com roubalheiras, nunca barganhou com assaltantes de cofres públicos nem foi coiteiro de ladrões. Lula fez da corrupção endêmica um estilo de governo e um instrumento de poder. O tiro disparado na manhã de 24 de agosto de 1954 atingiu o coração de um homem honrado. Um saiu da vida para entrar na história. Outro ficará na história como quem caiu na vida.
Getúlio matou-se por ter vergonha na cara. Lula morrerá sem saber o que é isso.
Augusto Nunes
e)
Parlamentares com vergonha na cara reagem a nota absurda tramada por Lula em sua própria defesa
Sim, é claro que existem pessoas com vergonha na cara nos partidos da base aliada, concorde-se ou não com elas. Nem todo mundo de quem discordo é sem-vergonha, é evidente. Há gente decente, embora eu possa considerar equivocada.
E os decentes começam a reagir àquela nota absurda, assinada por seis partidos, tramada por Lula, levada a efeito por Rui Falcão e assinada por seis presidentes de legendas da base aliada. Acusa a imprensa de golpista por, supostamente, estar se mobilizando contra Lula. Ainda que esta segunda acusação fosse verdadeira (também é falsa), cabe a pergunta: o Apedeuta, por acaso, é chefe de estado? Se verdadeiro, o ataque a ele seria “golpismo” por quê? A presidente da República, salvo melhor juízo, se chama Dilma Rousseff. Leia trecho de reportagem de EugênIa Lopes, no Estadão Online:
Integrantes do PMDB e do PDT reclamaram neste sábado da decisão dos presidentes Valdir Raupp e Carlos Lupi de assinar nota, idealizada pelo PT, na qual seis partidos da base aliada defenderam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e acusaram a oposição de tentativa de golpe. Divulgada na quinta-feira, a nota faz ataques ao PSDB, DEM e PPS, após a oposição ameaçar pedir apuração sobre a suposta relação do ex-presidente com o mensalão.
Senador Cristóvam e Senador Taques
“É um exagero. A oposição não está sendo golpista. Não existe golpe contra ex-presidente”, disse no sábado o senador Cristóvam Buarque (PDT-DF). Ele e o senador Pedro Taques (PDT-MT) divulgaram nota reclamando por não terem sido consultados sobre o desagravo a Lula. “Se tivéssemos sido consultados seríamos contra”, afirmaram os dois senadores, na nota. “Além de ser um direito inerente às oposições fazer críticas, em nenhum momento tocaram na presidenta Dilma. Consideramos mais ameaçadoras à democracia as consequências dos imensos gastos publicitários feitos pelos governos”, escreveram.
Dirigentes do PMDB também condenaram a atitude do presidente do partido, senador Valdir Raupp (RO), de assinar a nota em defesa de Lula. “Ele (Raupp) puxou para o colo do PMDB o mensalão. Nós não temos nada com isso”, argumentou um peemedebista. Na época do mensalão, o PMDB não era da base de apoio do governo Lula. “O PMDB era de oposição e depois do mensalão é que o governo veio atrás da gente”, observou outro integrante do partido. “O Raupp renegou fatos históricos ao tomar uma posição dessas e assinar a nota sem nos consultar.”
Segundo um parlamentar peemedebista, o presidente do PT, Rui Falcão, teria pego Raupp de surpresa com a nota já assinada pelos outros cinco partidos. Sem saída, Raupp chancelou a “Carta à Sociedade” e, depois, comunicou o vice-presidente da República, Michel Temer, sobre o documento de solidariedade a Lula. “O Raupp não teve capacidade de reagir”, reclamou um peemedebista.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
f)
A VENEZUELA É AQUI
por Mary Zaidan
Menos marketing e mais política. Menos números de obras feitas, mais contato direto, consistente e persistente, ao longo do tempo, com o eleitor. Esses são alguns ensinamentos que já podem ser colhidos das eleições 2012. E, nisso, a campanha em São Paulo, onde a elite dos marqueteiros esbarrou em Celso Russomano, um candidato com menos de dois minutos por dia no rádio e na TV, é didática.
Abençoado como defensor do consumidor, o afilhado da Igreja Universal apareceu assiduamente na TV Record no último ano como quem resolve injustiças terrenas, daquelas que não adiantam apelar para o bispo. Construiu, dia após dia, a imagem do protetor dos fracos e desprotegidos. Com isso, primeiro comeu pelas beiradas e agora parece ter abocanhado de vez o doce do PT, roubando votos da periferia que Lula julgava ter no bolso.
O petista Fernando Haddad e o tucano José Serra tropeçaram em erros quase idênticos: fizeram o velho jogo dos marqueteiros de apostar todas as cartas no horário eleitoral dito gratuito. Não conseguiram perceber que a exposição na telinha durante a propaganda eleitoral não tem mais o dom de substituir a presença e a intimidade que o eleitor passou a exigir para lhe confiar o cada vez mais desconfiado voto.
A ambos, a cobrança é política.
Serra, que chegou ao governo do Estado no primeiro turno com mais votos na Capital do que quando se elegeu prefeito, se viu enrascado porque não tratou do assunto ao longo dos anos, antes de virar candidato. Agora, come o pão que o diabo amassou.
Mais uma criação de Lula, Haddad, coroado por Dilma Rousseff, a bem sucedida invenção de Lula, resiste em emplacar. Nada mudou nem com o apoio da ex-prefeita Marta Suplicy, que só para gravar palavrinhas de apoio e sair numa carreata ali outra acolá ganhou o Ministério da Cultura, em um dos mais descarados usos da coisa pública em benefício de um partido político.
João Santana, aclamado como mago ao reeleger Lula pós mensalão e a neófita eleitoral Dilma, tem preferido poucas luzes. Patina nas duas principais campanhas do PT, em São Paulo e em Belo Horizonte.
Sucessor e ex-sócio de Duda Mendonça – afastado dos holofotes, mas não dos contratos milionários com o governo federal -, Santana, no dia 7 de outubro, estará recolhendo fichas em duas bancas. Aqui e na Venezuela.
Lá, conduz a campanha da re-re-reeleição de Hugo Chávez com o mote paz e amor, o mesmo que Duda, acusado de lavagem de dinheiro e evasão de divisas no processo do mensalão, usou para eleger Lula em 2002.
Uma cópia quase inocente se comparada à que Lula e sua turma fazem de Chávez. Assim como o “revolucionário bolivariano”, pregam que qualquer condenação ao PT é golpe. Mais grave: que a Suprema Corte age sob pressão das forças conservadoras.
Chavismo puro. Ou pior.
Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan
g)
Um barril de confusões
Miriam Leitão, O Globo
A indústria de petróleo do mundo reunida no Rio e o ministro das Minas e Energia preferiu anunciar em Brasília a nova rodada de concessões de áreas de exploração.
A ausência de autoridades na Rio Oil & Gas é só um sinal dos erros nessa área. Perdeu-se tempo sem fazer novas concessões, o modelo de partilha é confuso, a produção estagnou e a Petrobras teve prejuízo.
O governo garantiu que o petróleo é o nosso passaporte para o futuro, mas o Brasil tem importado cada vez mais gasolina, a Petrobras perdeu, em cinco anos, 20% do seu valor de mercado, enquanto a Ecopetrol subiu mais de 100%.
O site MSN Money disse que a Petrobras teve nos últimos dois anos a pior performance em bolsa entre as grandes petrolíferas. A área prospectada em regime de concessão está minguando e, se nada fosse feito, em 2016 poderia acabar. Isso porque a última licitação aconteceu em 2008. Esse intervalo já está perdido.
Estranho, porque como disse em sua coluna o jornalista George Vidor, só em bônus de assinatura o governo pode receber US$ 1 bilhão. O especialista Adriano Pires, do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), calcula que o governo perdeu entre US$ 4 bi a US$ 6 bi de 2008 a 2012.
Uma parte desses constantes adiamentos no leilão foi provocada pela decisão de alterar o marco regulatório. Ainda há dúvidas sobre como funcionará esse novo modelo, nem tudo foi aprovado no Congresso. Uma nova estatal no setor preocupa até a Petrobras.
Os números indicam que alguma coisa está fora da ordem: a produção de petróleo de janeiro a julho aumentou apenas 0,7% em relação ao mesmo período de 2011. Ficou estagnada. A produção da Petrobras desde março é menor do que a do mesmo mês do ano passado. A produtividade da Bacia de Campos está caindo e a exportação de petróleo recuou.
Na área de derivados, o país teve déficit na balança comercial de US$ 10 bilhões em 2011. A exportação de derivados cai a quatro anos seguidos, enquanto a importação subiu 90% de 2007 a 2011.
A indefinição e a incerteza sobre o setor afastaram o investidor que há alguns anos achava que o Brasil era uma nova fronteira. Hoje, ele está dividido entre várias áreas interessantes que surgiram no mundo nos últimos anos.
— De 2008 para cá, foram feitas grandes descobertas na Colômbia, Estados Unidos e na África. Enquanto o Brasil ficou parado, esses lugares andaram e atraíram parceiros — disse Pires.
Obras da Refinaria Abreu Lima
Entre os vários erros cometidos na excessiva politização do setor está a construção da refinaria Abreu e Lima, formatada também para refinar o petróleo da Venezuela. O país vizinho não contribuiu com os custos da construção, a Petrobras até agora bancou sozinha, e o orçamento do projeto deu um salto ornamental. Prevista para custar US$ 2,3 bilhões, custará mais de US$ 20 bilhões.
Mas a lista de tropeços é maior: a capitalização derrubou as ações da Petrobras. A mudança do regime de concessão sobrecarregou a empresa de investimentos e aumentou a obrigatoriedade de compras de conteúdo nacional. O consumo de gasolina subiu, mas ela não pode elevar os preços, arcando com o prejuízo das importações.
A nova diretoria da Petrobras tem o grande mérito da sinceridade. Isso fez com que a ação subisse no dia em que a presidente, Graça Foster, estava anunciando o prejuízo.
Mas o presidente do conselho de administração da empresa, o ministro Guido Mantega, deu entrevista neste fim de semana dizendo que os combustíveis não podem subir toda hora. Ou seja, o principal produto da companhia terá sempre o preço no valor e na hora que a Fazenda decidir.
FRASE DO DIA
“Quando pressionam a mais alta Corte do País, o STF, estão preocupados em fazer da ação penal 470 um julgamento político, para golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula”.
Trecho da nota assinada pelos presidentes de seis partidos governistas ─ PT, PSB, PMDB, PCdoB, PDT e PRB ─ ensinando que a democracia é ferida de morte e as conquistas de um governo deixam de existir sempre que Supremo Tribunal Federal condena algum atropelador do Código Penal a serviço da quadrilha apadrinhada pelo ex-presidente Lula.
Até amanhã;
As fotos inseridas nos textos o foram pelo blogueiro. Juarez Capaverde
O verdadeiro Lula e o P.T.
ResponderExcluirNos meus 75 anos vi e convivi com muitos políticos que se diziam salvadores da pátria, tivemos Janio Quadros, o qual se fantasiava de mendigo, tivemos o Collor de Melo o famoso caçador de marajá germinado pela rede globo e enfiado goela a baixo do povo brasileiro, mas igual a este ultimo político populista, o qual despontou na política como a salvação do Brasil, este é demais engana com tanta facilidade, não só o povo sem escolaridade ou recebedores do bolsa família, ele continua ainda a enganar até pessoas de um nível intelectual mais elevado. Assisti a um vídeo e enviei aos meus contatos, neste vídeo Helio Bicudo um eminente advogado que esteve dentro do P.T. conhece bem a historia e o procedimento deste partido que fugiu totalmente de suas origens, neste vídeo ele mostra todas as falcatruas, as falsidades destes políticos que se dizem salvadores do Brasil, mas na verdade tomaram o poder para se locupletarem da montanha de dinheiro que é arrecadado nos inúmeros impostos escorchantes do nosso país. Este populista que me refiro, hoje virou vedete ficou rico e também enriqueceu toda sua família e também seus companheiros. Eles reformaram suas vidas de pobres passaram a serem ricos, mas as reformas necessárias que é a reforma política, reforma tributária, e muitas outras reformas não foram nem cogitadas em serem feitas, mas o povo continua a pensar que este partido irá ainda mudar o Brasil, eu digo mudar por eles só se for para pior. Procurem acessar no Youtube o vídeo de Helio Bicudo sobre o Lula e o P.t. não tenham preguiça é só 35 minutos, mas é bastante esclarecedor. Vocês verão no vídeo a falsidade do tão badalado Lula.
Paulo Luiz Mendonça.