Deu bode na festa
O ministro das Cidades usa o cargo e arranca patrocínio estatal para evento no interior da Bahia que promoveu os interesses políticos de sua família.
A exibição do nome dos dois políticos no cartaz de divulgação de uma
festa paga, pelo menos em parte, com verbas oficiais materializa uma
situação delicada para um ministro ou um deputado. A legislação
brasileira proíbe a promoção pessoal no exercício de cargos públicos
(leia o quadro na página 66). Veda também qualquer ato que possa ser
caracterizado como campanha eleitoral antecipada. Para entender o exato
envolvimento do ministro das Cidades com o bode de Paulo Afonso, é
importante reconstituir os antecedentes da festança. O assunto foi
tratado publicamente por Negromonte na manhã do dia 22 de outubro,
durante a inauguração de uma estação de piscicultura em Paulo Afonso,
obra realizada com verbas do Ministério da Pesca e do governo da Bahia.
Acompanhado por Mário Filho, pela mulher, Ena Vilma, prefeita de Glória,
município a 10 quilômetros de Paulo Afonso, e por vários outros
aliados, Negromonte soube na ocasião que seu correligionário Delmiro do
Bode, ex-vereador do PP, tinha dificuldades para obter patrocínio para a
festa.
A boa vontade com a festa de Paulo Afonso é uma novidade na Chesf. A
estatal nunca colocara dinheiro na produção anual de Delmiro. A empresa
tem critérios para patrocínios predefinidos e registrados no portal
oficial. As regras internas impedem contribuições financeiras para
“eventos que possam caracterizar promoção pessoal de autoridades”. As
marcas da BR Distribuidora e do Banco do Nordeste estão no cartaz
indevidamente, segundo as assessorias das duas empresas. No caso da
distribuidora da Petrobras, o projeto de Delmiro do Bode “não se
enquadrava na política de patrocínios”.
O Banco do Nordeste também informou que o pedido não cumpria as
formalidades exigidas pela instituição. Os outros órgãos citados no
cartaz são ligados à Secretaria de Agricultura da Bahia. Disseram a
ÉPOCA que entraram com apoio técnico, palestrantes e inspeção dos
animais. A homenagem a Negromonte nos cartazes, segundo Delmiro, é uma
retribuição a favores prestados pelo ministro. “Ele sempre ajuda com
alguma coisinha, mas neste ano nem vi o ministro”, diz Delmiro. Não é a
primeira vez que Delmiro do Bode põe o nome de Negromonte nos cartazes
de suas festas. Ele fez a mesma coisa em 2009, quando Negromonte se
preparava para disputar mais um mandato de deputado federal. Não foi
repreendido.
ÉPOCA procurou especialistas para ouvir opiniões sobre a exibição do
nome de ministros e deputados na propaganda da festa. “Por si só, o
cartaz com o nome de uma autoridade associada a alguma realização fere o
princípio constitucional da impessoalidade, segundo o qual nenhuma obra
ou realização é fruto do esforço de uma pessoa, mas de um governo, uma
prefeitura”, diz a procuradora da República Janice Ascari, de São Paulo.
Ultrapassar a fronteira da “impessoalidade”, segundo a procuradora, é
um ato de improbidade administrativa, um ilícito sujeito a várias
sanções, inclusive perda do cargo. A lei que trata do assunto obriga as
autoridades “a velar pela estrita observância dos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos
assuntos que lhe são afetos”. O procurador da República Rogério
Nascimento, que já atuou pelo Ministério Público Eleitoral, também tem
preocupações relacionadas à exposição de nome de políticos em cartazes.
“Se adversários se sentirem prejudicados e a situação configurar abuso
de poder econômico e político, independentemente de haver improbidade,
pode ser um caso de propaganda antecipada para o qual a lei prevê
multas”, diz Nascimento.
A promoção da imagem de Negromonte em eventos públicos faz parte da
estratégia de controle político da região pela família do ministro.
Eleito deputado federal pela quinta vez em 2010, Negromonte demonstra
interesse em manter sua influência na área para as próximas disputas
eleitorais. Além da mulher, Ena Vilma, prefeita de Glória, Negromonte
trabalha com afinco para eleger o filho prefeito de Paulo Afonso, maior
cidade da região. Isso explica a constante presença de Mário Filho nas
aparições públicas dos pais, muitas vezes associadas a verbas federais.Com mais de 100 mil habitantes, Paulo Afonso é o domicílio eleitoral de Negromonte e o objeto de seu desejo político. A cidade tem hoje como prefeito Hamilton Bastos Pereira (PDT), adversário do ministro. Para divulgar o nome do filho, Negromonte se desloca nos fins de semana para Paulo Afonso, onde faz reuniões políticas e negocia candidaturas para as eleições municipais do ano que vem. Mário Filho circula pela Bahia, a tiracolo do pai, em cerimônias de inauguração de obras e equipamentos comprados com recursos federais. Cercados de aliados, os dois chegam às cidades com estardalhaço até para atos de assinaturas de protocolos de intenção.
Para dar conta das longas distâncias na Bahia, Negromonte viaja em
pequenos aviões que, segundo ele, são pagos com dinheiro do próprio
bolso. Ele ganha R$ 26.700 brutos e, segundo declarou à Justiça
Eleitoral em 2010, tem uma lista de bens avaliados em R$ 975 mil, sem
referência a qualquer valor significativo em aplicações financeiras. Nas
viagens em que busca apoio para seus planos políticos, Negromonte não
impõe um filtro seletivo ao perfil de seus aliados. Foi num desses
aviões fretados que ele aterrissou, no início do ano, em Chorrochó,
município baiano de 10 mil habitantes, comandado por um amigo enrolado, o
prefeito Humberto Gomes Ramos (PP). Ramos chegou a ser afastado da
prefeitura por um período, acusado pelo Ministério Público de ter
contratado um morto para fazer transporte escolar.
Procurado por ÉPOCA, Negromonte disse que telefonou para a Chesf para
“dar um testemunho” da importância da Festa do Bode, da qual participa
há muitos anos. Afirmou também ter solicitado a análise da pretensão dos
organizadores, em tramitação na empresa. Quanto ao nome nos cartazes,
disse que foram colocados “sem autorização, sem solicitação e sem
conhecimento prévio” do pai e do filho. Segundo Negromonte, a situação
não configura promoção pessoal por ter sido uma iniciativa indevida dos
responsáveis pela festa. Sobre o uso de avião para a viagem a Chorrochó,
o ministro afirmou que a aeronave pertence a um empresário amigo do
filho e só pagou pelo combustível.
Negromonte se tornou ministro das Cidades no início do governo da
presidente Dilma Rousseff. Entrou no lugar de Márcio Fortes, também
filiado ao PP, depois de uma briga interna no partido, que ainda hoje
continua rachado. Márcio Fortes não queria sair e tinha a preferência de
Dilma, mas Negromonte obteve o apoio da maioria da bancada do PP e
atropelou o correligionário. Nos últimos meses, ele entrou na lista dos
auxiliares indesejados pela presidente, aqueles que ela prefere ver
longe da Esplanada. Por enquanto, a data prevista para a saída de
Negromonte é a reforma ministerial, prevista para o início do próximo
ano. É, a festa do Bode, deu bode! E aí sra. Presidente, como fica tudo isto, da mesma maneira como está o caso do sr. Lupi? Sem nenhuma atitude com respeito a punição para os parceiros, continuarão nos ministérios sem que a senhora nada faça? Eles usam e abusam do dinheiro público, usam e abusam de sua posição no governo para promoção pessoal e a senhora nada faz? Quando fará? A cada dia verifico que a senhora, infelizmente é só Presidente no nome, já que não tem o poder mesmo estando com ele, para tomar atitudes necessárias para promover de fato uma faxina nesta corrupção que se instalou no mundo político do Brasil, claro, como já citei várias vezes, a senhora é réfem de seus pares, de seu partido, de sua falta de atitudes, que se fossem tomadas seriam aplaudidas pelo povo brasileiro que lhe daria todo o apoio necessário para que a senhora de fato pudesse governar este país, mas não, demonstra apenas com suas atitudes a covardia implícita para mudar o rumo, onde está a guerrilheira que dizem, se insurgiu contra a ditadura, onde está a mulher forte, com pulso de ferro, a nova Margaret Thatcher da política mundial? Estou acreditando que como tudo que parte do PT foi apenas cortina de fumaça para enrrolar os bobos, os brasileirinhos sem cultura que acreditam na propaganda do governo, então sra. Presidente, quando irá de fato assumir o cargo para que foi eleita?
Até amanhã.
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