Bom dia, hoje lhes trago
dois textos magníficos e poderemos ao compará-los ver a atitude que deixamos de
tomar quando tivemos a oportunidade de depor Lula o Sujo no episódio do
mensalão e outros afins. Os paraguaios tão desprezados pela maioria dos brasileiros
tomaram a atitude certa e corajosa na deposição de seu Presidente que foi ao
longo dos anos em que governava, mostrando quem de fato era, um líder populista
que usou de sua liderança para usufruir as benesses da côrte, ou seja, do
dinheiro público para seu próprio benefício e de seus aliados, os paraguaios
tão desprezados, tiveram a coragem de fazer o que nós não tivemos, apesar dos
inúmeros motivos apresentados por Lula e seu governo. Em nome da paz,(mas que
paz), deixamos os mal feitos irem acontecendo ao longo dos anos (até hoje
acontecem) sem nos abalar com o pensamento unicamente no nosso bem estar
superficial, os novos participantes da dita classe média estão a beira da
falência, com dívidas impagáveis e perdendo tudo aquilo que almejaram e que com
as mentiras e facilidades apresentadas pelo governo, tiveram a oportunidade de
adquirir, porem, fantasias duram pouco, hoje o reflexo desta mentira se
apresentou e cobra com juros de todos nós o desleixo com que aceitamos tudo. Os
paraguaios tiveram a coragem que não tivemos, os paraguaios tiveram e usaram o
poder do povo para mandar tirar do governo aquele que estava se locupletando de
seu dinheiro, de forma rápida, eficaz e dentro da Lei, poderíamos termos feito
o mesmo, mas não nos acovardamos, e continuamos covardes, toda a roubalheira
deste país leva ao governo e seu partido o PT, mas não fazemos nada, criamos
uma CPI que continua a mentira, e, fingimos acreditar, os administradores do
país não sabem de nada, e fazem a jogada planejada, demitem e fica tudo por
isto mesmo, mas o grana, o produto do roubo, han, este sumiu como recuperá-lo,
não dá, e nós continuamos acreditando, e deixando o tempo passar, é, hoje quem
devem nos chamar de covardes e incapazes são os paraguaios que assistem a tudo
o que aqui acontece sem nenhuma reação deste povo tão correto, os brasileiros,
hoje, nós é que devemos sentir inveja da democracia paraguaia, não da nossa,
cujo Presidente da Câmara vem a imprensa e grita alto, e com deboche e afirma para
imprensa: “Dêem a manchete com letras
garrafais: a Câmara vai conceder reajuste para os servidores dos gabinetes.”, pois soube que a população iria contra, não dando a mínima para os
professores federais que reivindicam reajuste e estão em greve há vários meses,
ele é o Presidente da Casa, porem, age como ditador poderoso, este e outros são
os homens de respeito no partido do governo o PT, Partido dos Trapaceiros.
Salve o Paraguai e Viva os Paraguaios, vocês são de fato uma Democracia com
letras maiúsculas, e devem ser elogiadas não punidas como o querem esta cambada
de Tiranos das Bananeiras da América do Sul, vocês estão de parabéns, e recebam
meu abraço de solidariedade.
Apesar
de longos os textos devem ser lidos na íntegra, valem a pena, tenho certeza que
tirarão proveito e lições deles. Leiam;
Juarez Capaverde
‘A Guarânia do Engano’, por Chiqui Avalos
CHIQUI AVALOS
“A história do Brasil,
vista desde o Paraguai, é outra”
Como num verso célebre de meu inesquecível amigo
Vinicius de Moraes, “de repente, não mais que de repente”, alguns governos
latino-americanos redescobrem o velho e sofrido Paraguay e resolvem salvar uma
democracia que teria sido ferida de morte com a queda de seu presidente. Começa
aí um engano, uma sucessão de enganos, mentiras e desilusões, em proporção e
intensidade que bem serve a que se componha uma melodiosa guarânia, mas de
gosto extremamente duvidoso.
Sucedem-se fatos bizarros na vida das nações em pleno
século XXI. Uma leva de chanceleres, saídos da espetaculosa e improdutiva
Rio+20, desembarca de outra leva de imponentes jatos oficiais no início da
madrugada de um incomum inverno, e ─ quem sabe estimulados pela baixa
temperatura ─ se comportam com a mesma frieza com que a “Tríplice Aliança”
dizimou centenas de milhares de guaranis numa guerra que arrasou a mais
desenvolvida potência industrial da América Latina.
Surpresos? Não é para menos. Éramos ricos, muito
ricos, industrializados, avançados, educados, cultos, europeizados, amantes das
artes, dos livros, das óperas, do desenvolvimento. Nossos antepassados
brilharam na Sorbonne e assinaram tratados acadêmicos, descobertas científicas
ou apurados ensaios literários. A menção de nossa origem não provocava o
deboche ou ironia tão costumeiros nos dias tristes de hoje, mas profunda
admiração e curiosidade dos que acompanhavam nossa trajetória como Nação
vencedora. Não ficamos célebres como contrabandistas ou traficantes, mas como
povo empreendedor e progressista. A organização de nossa sociedade, a intensa
vida cultural, o progresso econômico irrefreável, a bela arquitetura de nossas
cidades, nossos museus e livrarias, a invulgar formação cultural
de nossa elite, a dignidade com que viviam nossos irmãos mais pobres (sem
miséria ou fome) impressionavam e merecem o registro histórico.
A rainha Vitória, que não destinou ao resto do mundo
a mesma sabedoria com que governou e marcaria para sempre a história do Reino
Unido, armou três mercenários e eles dizimaram a potência que, com sua farta e
boa produção e espírito desbravador, tomava o mercado da antiga potência
colonial do lado de baixo do Equador. Brasil, Argentina e Uruguay nos
arrasaram. Nossos campos foram adubados pelos corpos de nossos irmãos em decomposição,
decapitados à ponta de sabre e com requintes de sadismo. O Conde D’Eu, marido
de quem libertaria os negros da escravidão e entraria para a história do
Brasil, comandava pessoal e airosamente o massacre. Os historiadores, essa
gente bisbilhoteira e necessária, registraram seu apurado esmero e
indisfarçável prazer. O nefasto delegado Sérgio Fleury teve um precursor com
quase um século de antecedência…
Nossas cidades terminaram por ser habitadas por
populações majoritariamente compostas de mulheres e crianças. Poucos homens
restaram do genocídio perpetrado. Pedro II, que marcaria a história do Brasil
por sua honradez, comportou-se de forma impressionante nessa obscura página da
história do Brasil, mas inversamente conhecidíssima na história de meu país:
não moveu uma palha ou disse palavra acerca do sadismo de seu genro criminoso.
Documentos por mim revirados no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, mostram a
assinatura do velho Imperador autorizando a compra de barcos, chatas, cavalos e
tudo o que fosse necessário para uma caçada de vida ou morte (mais de morte,
certamente) a Lopez. Não bastava derrotar o déspota esclarecido, o republicano
que os humilhava, o que havia desafiado os impérios da Inglaterra, do Brasil,
da Espanha… Era preciso assinar seu epitáfio e esculpir sua lápide. E assim foi
feito.
Derrotados, nunca mais fomos os mesmos. Passamos a
ser conhecidos por uma República já bicentenária, mas atrasada em comparação
aos vizinhos. Enfrentamos uma guerra cruel com a Bolívia na primeira metade do
século passado. Roubaram-nos importante faixa territorial do Chaco, região
paradoxalmente inóspita e riquíssima. Ganhamos a guerra. Nossos soldados
mostraram a valentia e o patriotismo que brasileiros, uruguaios e argentinos
haviam conhecido mais de meio século antes. Nossa incipiente aviação
militar e seus jovens pilotos assombraram os experts norte-americanos pela
refinada técnica e pelo sucesso de suas ações contra o agressor. Mas, numa
história prenhe de ironias, vencemos a guerra e… jamais recuperamos as terras!
Os bolivianos, que jamais olham nos olhos nem das pessoas nem da história,
certamente se rejubilam em sua “andina soledad” e, como os argentinos depois da
inexplicável Guerra das Malvinas, sabem-se “vice-campeones”…
Mal saímos da Guerra do Chaco e experimentamos a
mesma e usual crônica tão comum a rigorosamente todos os outros países
latino-americanos. Golpes e contra-golpes, instantes de democracia e
hibernações em ditaduras ferrenhas. Presidentes se sucederam despachando
no belíssimo Palácio de Lopez e vivendo na vetusta mansão de Mburuvicha Roga
(“A casa do grande chefe”, em guarani). Uns razoáveis, outros deploráveis.
Nenhum deles, entretanto, recuperou a glória perdida dos anos de riqueza,
opulência e fartura. Um herói da Guerra do Chaco tornou-se ditador e nos
oprimiu por mais de três décadas. Homem duro, mas de hábitos espartanos e por
demais interessante, o multifacético Alfredo Stroessner não recusou o papel
menor de tirano, mas construiu com o Brasil a estupenda hidrelétrica de Itaipu,
a maior obra de engenharia de seu tempo, salvando o Brasil de previsível
hecatombe energética. Foi parceiro e amigo de todos os presidentes do Brasil de
JK a Sarney. Com os militares pós-64 deu-se às mil maravilhas, mas foi de suas
mãos que o exilado João Goulart recebeu o passaporte com que viajaria para
tratar sua saúde com cardiologistas franceses. Deposto, o velho ditador morreu
exilado no Brasil. Nós que o combatíamos (nasci em Buenos Aires, onde meu pai,
empresário de sucesso mas adversário da ditadura, curtia seu exílio) jamais
soubemos de ação qualquer, uma que fosse, do Brasil em seus governos
democráticos contra a ditadura do general que lhes deu Itaipu.
A vez de Fernando Lugo
Depois de duas décadas da derrubada de Stroessner,
nos aparece Fernando Lugo. Sua história é peculiar. Era bispo de San Pedro,
simpaticão e esquerdista, pregava aos sem-terra e parecia não incomodar
ninguém, nem aos fazendeiros da área. Pelos idos de 2007 o então presidente
Nicanor Duarte Frutos, um jovem jornalista eleito pelos colorados, resolve
seguir o péssimo exemplo de Menem, Fujimori e Fernando Henrique, e deixa clara
sua vontade de mudar a Constituição e permanecer na presidência, valendo-se do
instituto inexistente da reeleição. Seu governo era mais que sofrível e ─
desculpem-nos a imodéstia lastreada em nossa história ─ nós, os paraguaios, não
somos dados ao desfrute de mudar nossa Carta Magna ao sabor da vontade de
presidente algum.
O país se levantou contra a aventura e ele, o bispo
bonachão, justamente por não ser político e garantir que não alimentava
qualquer ambição de poder, é escolhido para ser o orador de um grande ato
público, com dezenas de milhares de pessoas reunidas no centro de Assunção.
Pastoral, envolvente, preciso, o Bispo de San Pedro cativou a multidão, deu
conta do recado e catalisou a imensa indignação da cidadania. A
aventura continuísta de Nicanor não foi bem-sucedida, mas, com a sutileza de um
príncipe da Igreja nos intricados concílios que antecedem a fumacinha branca no
Vaticano, nos aparece um candidato forte à presidência da República: ‘habemus
candidatum’! A batina vestia mais que um pastor, escondia um homem frio,
ambicioso, ingrato e profundamente amoral.
Seu primeiro problema foi com a Santa Madre Igreja. A
Santa Sé, certamente por saber algo que nós não sabíamos, vetou sua disposição
política. Não, ele jamais poderia ser candidato. A igreja católica combateu a
ditadura do general Stroessner com imensa coragem e ações firmes, mas não
queria ocupar a presidência do país. “Roma coluta, causa finita” (“Roma falou,
questão decidida”). Mas não para Lugo, que deixou seu bispado, despiu a batina
e virou as costas a quem o educou e acolheu em seu seio. Poucos e
corajosos colegas, bispos e padres, ousaram apoiá-lo abertamente. Na última
sexta-feira, depois de três anos sem vê-lo ou serem por ele procurados, esses
mesmos amigos e apoiadores foram até a residência presidencial pedir ─ em vão ─
que Lugo renunciasse à presidência do Paraguay para que se evitasse
derramamento de sangue. Com frieza, o homem seduzido pelo poder disse não, levantou-se e despachou aqueles
inoportunos portadores da palavra divina.
Candidato sem partido, favorecido pela simpatia da
clara maioria do eleitorado, filiou-se ao centenário e respeitável PLRA, dos
liberais, há mais de 60 anos fora do poder e com a respeitável bagagem de uma
corajosa oposição à ditadura stroessnista. Como um Jânio Quadros, Lugo
filiou-se ao Partido Liberal Radical Autêntico e usou sua bandeira, sua
história e sua estrutura capilarizada em toda a sociedade paraguaia. E depois
deu-lhe um adeus de mão fechada, frio e indiferente.
Eleito, desfez-se de todos os companheiros de
jornada. Um a um. Stalin não apagou tantos nas fotos oficiais do Kremlin como o
ex-bispo o fez. Por sinal, demitiu os mais qualificados. Restaram-lhe os
cupinchas, os facilitadores de negócios e de festinhas íntimas, os “operadores”
e alguns incautos esquerdistas para colorir com as tintas de um risível
‘socialismo guarani’ o governo de um homem que chegou como o Messias e
terminaria como um Judas Escariotes.
Lugo poderia emprestar seu nome e sua vida política
(e pessoal, também) ao mestre Borges e tornar-se uma das impressionantes
personagens da “História Universal da Infâmia”. Um infame, não mais que isso!
Mal foi eleito e empossado, sucedem-se escândalos e se revela seu procedimento
moral. Filhos impensados para um Bispo supostamente casto. Vários. Todos jamais
reconhecidos ou amparados, gerados com mulheres as mais pobres e sem instrução
alguma, do meio rural, humilhadas depois de usadas, uma delas com apenas
16 anos quando engravidou. Se traíra a sua Igreja, por qual razão não nos
trairia?
Durante seus três anos de governo, não passou um mês
sequer sem viajar a um país qualquer. Com razão ou sem nenhuma, tanto fazia,
lá se ia ele, o alegre viajante para conferências esvaziadas ou
cerimônias de posse de mandatários sem importância para o Paraguay. As pompas
do poder o abduziram como a nenhum déspota de república bananeira do Caribe. Os
comboios de limusines com batedores estridentes, as festas e beija-mãos, os
eternos e maviosos cortesãos do poder, as belas mulheres, as mesas fartas, os
hotéis cinco estrelas, a riqueza, a opulência, os “negócios”. O despojado
ex-bispo tornou-se grande estancieiro, senhor de terras, plantações e
gado. O presidente que tomou posse calçando prosaicas sandálias, símbolo de
humildade, revelou-se um homem vaidoso e fetichista. Como que a vestir a
mentira em que ele próprio se tornou, passou a envergar elegantes e
bem-cortadas túnicas encomendadas a alfaiates da celebérrima e caríssima Savile
Row, templo londrino da moda masculina. No detalhe, o estelionato (mais um):
colarinhos eclesiásticos. Afeiçoou-se a lindas e jovens, digamos, “modelos”,
que floriram sua vida e a imensa banheira Jacuzzi que mandou instalar
na austera e velha residência presidencial. Muitas delas o precediam mundo
afora, esperando-o em hotéis fantásticos e palácios, nas vilegiaturas
internacionais. Viajavam com documentos oficiais. Kaddafi proporcionava
passaportes diplomáticos a terroristas, Lugo, a prostitutas.
O veto de Itaipu
Sua afeição pelos jatinhos e jatões chegou às raias
do fetiche: passou boa parte de seu peculiar mandato a bordo deles. Fretados a
empresas de táxi aéreo de outros países, mandados pelos amigões Hugo Chávez e
Lula, outros emprestados por uns tais e misteriosos amigos. Chocou-se com
o brasileiro Jorge Samek, fundador do PT e competente gestor, que na
presidência brasileira da Itaipu resolveu vetar capricho juvenil do ex-bispo e
delirante presidente: a poderosa binacional compraria um jato para seu uso. Um
Gulfstream estaria de bom tamanho, quem sabe um Falcon, ou até um
brasileiríssimo Legacy, mas ele precisava ardentemente de um jato para chamar
de seu. Depois mandou que o comandante da Força Aérea negociasse um Fokker 100,
adaptado com suíte e ducha. Nada feito, o raio de ação seria pequeno e ele
precisava ganhar o mundo. Por fim, nos estertores de seu governo, entabulava a
compra de um Challenger, usado mas chique, de um cartola do futebol paraguaio.
O preço, como sempre, mais um escândalo da Era Lugo: pelo menos o dobro de um
modelo novo, saído de fábrica…
Obras viárias? Imagine. De infraestrutura? Nenhuma.
Modernização do país? Nem pensou nisso. Crescimento econômico? Sim, mas por
obra de uma agricultura forte, de empresários jovens e ambiciosos, de uma
indústria florescente e de um ministro da economia, Dionísio Borda, que
destoou da regra geral do governo Lugo: competente e austero, imune às vontades
do presidente e distante da escória que o cercava. A cada novo dia, no parlamento,
nas redações, nos sindicatos, nos foros empresariais, nos encontros de amigos,
um novo comentário, uma nova história de mais uma negociata dos assessores
e companheiros de Lugo. Proporcionalmente, nem na ditadura de Stroessner (mais
de três décadas) se roubou tanto quanto no governo pseudo-esquerdista de
Fernando Lugo (menos de três anos). Já com Lugo deposto, seu
secretário mais forte, Miguel Lopez Perito, telefonou à diretoria da Itaipu
solicitando a bagatela de US$ 300 mil para organizar uma manifestação em defesa
do governo. Queria ao vivo e em cores, “na mala”, por fora, não
contabilizado, no “caixa 2″. Que tal? O fato, relatado por um diretor da
binacional, é revelador do modus-operandi da verdadeira quadrilha que comandava
o país.
O impeachment
Seu processo de “Juízo Político” ─ algo como um
processo de impeachment ─ está previsto na Constituição do Paraguay. Não foi
uma travessura histórica de meia dúzia de líderes políticos ou parlamentares,
tampouco um revide às descortesias de Lugo para com os partidos, os
empresários, os paraguayos todos. Que tipo de presidente era esse que teve 73
deputados votando por sua queda contra apenas 1 solitário voto? Que espécie de
chefe da Nação era esse que teve 39 votos contrários no Senado contra
apenas 4 de senadores fiéis ao seu desgoverno? Não teve tempo, apenas duas
horas para defender-se, dizem. Ora, a Constituição não determina tempo, apenas
assegura o direito de defesa, exercido através de competentíssimos advogados,
que fizeram exposições brilhantes na defesa do indefensável. Um deles, Dr.
Adolfo Ferreiro, admitiu claramente que o processo era legal. De outro, Dr.
Emilio Camacho, em imponente ironia da história, os magistrados da Suprema
Corte extraíram em um de seus celebrados livros aqueles ensinamentos
necessários e a devida jurisprudência para rechaçar chicana jurídica do já
ex-presidente contra o processo legal, constitucional e moral que o
defenestrou. C’est la vie, Monsieur Lugo!
Em Curuguaty, num despejo de terras ocupadas pelos
“carperos” (os sem-terra daquí), houve dezenas de mortes de ambos os lados.
Lugo e seu ministro do Interior, o belicoso senador Carlos Filizzola, foram
avisados de que havia uma emboscada pronta para as forças militares. Com a
empáfia e a absoluta irresponsabilidade que os caracterizaram do primeiro
ao último dia, e fiéis aos amigos que manejam o MST daqui e infernizam a vida
de nossos produtores rurais (entre os quais os 350 mil brasileiros que
aqui plantam, colhem e vivem, nossos irmãos “brasiguayos”), ambos ordenaram a
ação que se tornou uma tragédia na história de nosso país. Poderia citar,
também, o EPP (Exército do Povo Paraguaio), guerrilha formada por terroristas
intimamente ligados a Lugo em seus tempos no bispado de San Pedro. Jamais as
forças de segurança puderam fazer nada contra eles. Mapeados, identificados,
monitorados e livres! Lugo se manteve fiel aos bandidos pelos quais mostra
clara e pública afeição. Como o respeitado Belaúnde Terry, no Peru,
que permitiu com seu “democratismo” o crescimento do terror representado pelo
Sendero Luminoso de Abimael Guzmán, o nada respeitável Lugo é o pai e a mãe do
EPP.
Um hiato na história
Fernando Lugo foi um acidente em nossa história.
Necessário, mas sofrido. Seus defeitos superaram suas virtudes. Aqueles eram muitos,
essas muito poucas. Nós que nele votamos, sequiosos de um Estadista, nos
deparamos com um sibarita. Seu legado é de decepção e fracasso. Não choraram
por ele dentro de nossas fronteiras, e os que o defendem fora delas o fazem
muito mais pensando no que lhes pode ocorrer do que por solidariedade ao
desfrutável governante e desprezível homúnculo que cai.
O fim de seu governo dói mais a um já dolorido Chávez
do que a nós. A senhora Kirchner, radical na condenação que nos impõe, se
esquece de nossa parceria na importante e gigantesca usina hidrelétrica de
Yaciretá, e amplia sua lucrativa viuvez acolhendo em seu seio choroso o decaído
amigo. Solidária? Nem tanto, apenas oportunista, e ciente de que se abriu o
precedente para que os parlamentos expulsem os incapazes. Na Bolívia, o
sentimento popular em relação ao sectário e também bolivariano Evo Morales não
é diferente do sentimento dos paraguayos por Lugo no outono de sua aventura
presidencial. É pior. O relógio da história irá tocar as badaladas do fim de
uma aventura improdutiva, raivosa, racista e liberticida.
A posição brasileira
Não compreendemos a posição do Brasil. Ou não
queremos compreender, tamanho é o bem que lhe queremos. O Brasil nos arrasou
como sicário da Rainha Vitória. Nós o perdoamos e juntos construímos o colosso
de Itaipu. Nós o tratamos bem e ele defende a continuidade de uma das piores
fases de nossa história. Em nome do quê? Nega-nos o direito à autodeterminação,
mas se esquece do papelão ridículo que fez em defesa de um cretino como Zelaya,
um corrupto ligado a grupos somozistas de extermínio e que era tão esquerdista
como Stroessner e tão democrata quanto Pinochet.
Foi deplorável o papel do inexpressivo chanceler
Patriota (que não se perca pelo nome), saracoteando pelas ruas de Assunção em
desabalada carreira, pressionando os partidos Liberal e Colorado em favor de um
presidente que caía. Adentrando o Parlamento ao lado do chanceler de Hugo
Chávez, o Sr. Maduro, para formular ameaças em benefício de um presidente que o
país rejeitava. Ou indo ao vice-presidente Federico Franco ameaçá-lo com imensa
desfaçatez, desconhecendo seu papel constitucional e o fato de que ninguém
renunciaria a nada apenas por uma ameaça calhorda da Unasul (que não é nada) e
outra não menos calhorda do Mercosul (que não é nada mais que uma ficção). O
Barão do Rio Branco arrancou seus bigodes cofiados no túmulo profanado pelo
Itamaraty de hoje.
O que quer o governo Dilma? Passar pelo mesmo vexame
de Lula na paupérrima Honduras? Nós temos imensa disposição de manter uma
parceria que se revelou positiva e decente para ambos os países. Mas a austera
presidente não nos inspira o mesmo terror-medo-pânico que infunde nos
seus auxiliares e ministros. Cara feia não faz história, apenas corrói
biografias. Dilma chamou seu embaixador em Assunção, Cristina fez o mesmo. As
matronas radicais só não sabiam que o embaixador brasileiro é um ausente total,
passando mais tempo em Pindorama do que aqui. O embaixador Eduardo Santos
é tido no Paraguay como alguém que acredita que as melhores
coisas em nosso país são ar condicionado e passagem de volta. Recorda
o ex-embaixador Orlando Carbonar, que foi pego de surpresa em fevereiro de 1989
pelo movimento que derrubou o general Stroessner. Até meus filhos, crianças
naquela época, sabiam que o golpe se avizinhava e que estouraria a qualquer
momento. Só não sabia disso o embaixador brasileiro, que descansava no carnaval
de Curitiba, onde nasceu. Voltou às pressas, num jatinho da FAB, para embarcar
Stroessner rumo ao Brasil. E a Argentina… Bem, a Argentina não tem embaixador
no Paraguay faz alguns meses… Ocupadíssima, Dona Cristina não nomeou seu
substituto. País de necrófilos (amam Gardel, Che, Evita e Maradona, entre
outros defuntos), chamou um embaixador que não existe, um diplomata fantasma,
para consultas na Casa Rosada.
O Paraguay fez o que tinha que fazer. Seguirá
adiante, como seguem adiante as Nações, testadas e curtidas pelas crises que
retemperam a cidadania e reforçam a nacionalidade. O religioso que não
honrou seus votos de castidade e pobreza e traiu sua igreja foi por ela
rejeitado. O presidente que não honrou nossos votos e nos traiu por nós foi
deposto. Deposto por incapaz, por mentiroso, por ineficiente, por desonesto.
Mas principalmente por ter traído as esperanças de um país e de um povo que
precisaram dele e nele confiaram. Por isso, Lugo não voltará.
(*) Chiqui Avalos é um conhecido escritor e
jornalista paraguaio. Combateu a ditadura de Stroessner e apoiou a candidatura
de Fernando Lugo. É editor de “Prensa Confidencial”,
influente boletim digital editado em Assunção.
Quando falta vergonha, não há limite — Memorial “Eu Me Amo”, de Lula, será erguido com dinheiro público em terreno público. É a privatização da história, da democracia, do patrimônio coletivo e do dinheiro dos pobres!
Lula, o
sem-limites, agora quer dinheiro público — incentivo da Lei Rouanet — para
erguer o seu “Memorial da Democracia”. Ele já ganhou um terreno em São Paulo. É
a privatização de uma área pública, da nossa grana e da história. Lembram-se
quando afirmei que era errada a ideia de que ele e Paulo Maluf são seres
constrastantes? Leiam. Debatam. Passem adiante.
*
Se o historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), fundador do PT e autor de “Raízes do Brasil”, vivo fosse, estaria diante de uma excelente oportunidade para refletir sobre as relações de compadrio, familismo e patrimonialismo que remanescem na política brasileira, só que agora sob o comando e o controle do partido que ele ajudou a criar. Talvez se deprimisse: se um dos filhos, Chico Jabuti, compôs, por assim dizer, a trilha sonora da mistificação partidária, uma das filhas, Ana de Hollanda (com dois “eles”) será a operadora de um assalto aos cofres públicos.
Bernardo Mello Franco informa na Folha de hoje que a ministra da Cultura decidiu que o
Instituto Lula poderá captar recursos da Lei Rouanet para criar o tal “Memorial
da Democracia”. É aquela iniciativa para a qual o prefeito Gilberto Kassab,
atendendo a um pedido expresso do Babalorixá de Banânia, doou um terreno no
centro de São Paulo, com aprovação da maioria da Câmara dos Vereadores.
O tal memorial vai reunir elementos que
estejam ligados, ora vejam!, diretamente à trajetória de… Lula! Isto mesmo: a
história do Apedeuta é agora a história universal. Privatiza, assim, um terreno
que pertence ao povo de São Paulo, o dinheiro público e a própria democracia!
Ana de Hollanda estava entusiasmada. Acusada de ser imprecisa e hesitante,
ontem ela se mostrou direta e firme ao garantir que será o dinheiro público a
irrigar o “Memorial Eu Me Amo”, orçado, inicialmente, em R$ 100 milhões. “Claro que vai poder ter captação pela Lei
Rouanet. Pode sim, claro! Nada impede. Abri todas as possibilidades
institucionais possíveis”, disse a improvável filha de Sérgio, mas
certamente irmã de Chico.
É uma vergonha! Lula já havia anunciado
que seu instituto seria construído sem dinheiro público. Não é o caso, e nunca
foi, de confiar nas suas palavras.
O que haverá no acervo?
Já escrevi sobre esse memorial algumas vezes. Acrescento a perguntas antigas algumas novas. Lula vai reunir no acervo as evidências de que tentou chantagear um ministro do Supremo Tribunal Federal para livrar a cara dos mensaleiros? Lembrará que decidiu criar uma CPI com o propósito único de intimidar o Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria Geral da República e a imprensa? A foto ao lado de Paulo Maluf fará parte da “história da democracia”? Num post do dia 15 de fevereiro, já havia feito algumas perguntas.
Constituição — A negativa dos petistas em
participar da sessão homologatória da Constituição de 1988, uma das atitudes
mais indignas tomadas até hoje por esse partido, fará parte do “Memorial da
Democracia”, ou esse trecho será aspirado da história?
Expulsões — A expulsão dos três
deputados petistas que participaram do Colégio Eleitoral que elegeu Tancredo
Neves, pondo fim à ditadura — Airton Soares, José Eudes e Bete Mendes —
fará parte do “Memorial da Democracia”, ou isso também será aspirado da
história? Em tempo: vi dia desses Soares negar na TV Cultura que tivesse sido
expulso. Diga o que quiser, agora que fez as pazes com a legenda. Foi expulso,
sim!
Governo Itamar — A expulsão de Luiza
Erundina do partido porque aceitou ser ministra da Administração do governo
Itamar, cuja estabilidade era fundamental para a democracia brasileira, entra
no “Memorial da Democracia”, ou esse fato será eliminado da história?
Voto contra o Real — A mobilização do partido
contra a aprovação do Plano Real integrará o acervo do “Memorial da
Democracia”, ou os petistas farão de conta que sempre apostaram na estabilidade
do país?
Guerra contra as privatizações —
As guerras bucéfalas contra as privatizações — o tema anda mais atual do
que nunca — e todas as indignidades ditas contra a correta e necessária
entrada do capital estrangeiro em setores ditos “estratégicos” merecerá uma
leitura isenta, ou o “Memorial da Democracia” se atreverá a reunir como
virtudes todas as imposturas do partido?
Luta contra a reestruturação dos bancos —
A guerra insana do petismo contra a reestruturação dos bancos públicos e
privados ganhará uma área especial no “Memorial da Democracia”, ou os petistas
farão de conta que aquilo nunca aconteceu? Terão a coragem, já que são quem
são, de insistir na mentira e de tratar, de novo, um dos pilares da salvação do
país como um malefício, a exemplo do que fizeram no passado?
Ataque à Lei de Responsabilidade Fiscal — Os
petistas exporão os documentos que evidenciam que o partido recorreu à Justiça
contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, tornada depois cláusula pétrea da
gestão de Antônio Palocci no Ministério da Fazenda?
Mensalão — O “Memorial da Democracia” vai expor,
enfim, a conspiração dos vigaristas, que tiveram o desplante de usar dinheiro
sujo para tentar criar uma espécie de Congresso paralelo, alimentado por
escroques de dentro e de fora do governo? O prédio vai reunir os documentos da
movimentação ilegal de dinheiro?
Duda Mendonça na CPI — Haverá no “Memorial da
Democracia” o filme do depoimento de Duda Mendonça na CPI do Mensalão, quando
confessou ter recebido numa empresa no exterior o pagamento da campanha
eleitoral de Lula em 2002? O museu de Lula terá a coragem de evidenciar que ali
estava motivo o bastante para o impeachment do presidente?
Dossiê dos aloprados — O “Memorial da Democracia”
trará a foto da montanha de dinheiro flagrada com os ditos aloprados, que
tentavam fraudar as eleições — para não variar —, buscando imputar a José
Serra um crime que não cometera? Exibirá a foto do assessor de Aloizio
Mercadante, que disputava com Serra, carregando a mala preta?
Dossiê da Casa Civil — Esse magnífico “Memorial da
Democracia” trará os documentos sobre o dossiê de indignidades elaborado na
Casa Civil contra FHC e contra, pasmem!, Ruth Cardoso, quando a titular da
pasta era ninguém menos do que Dilma Rousseff, e sua lugar-tenente, ninguém
menos do que Erenice Guerra?
Censura à imprensa — o “Memorial da Democracia”
reunirá as evidências das muitas vezes em que o PT tentou censurar a imprensa,
seja tentando criar o Conselho Federal de Jornalismo, seja introduzindo no
Plano Nacional de Direitos Humanos mecanismos de censura prévia?
Imprensa comprada e vendida —
Teremos a chance de ver os contratos de publicidade do governo e das estatais
com pistoleiros disfarçados de jornalistas, que usam o dinheiro público para
atacar a imprensa séria e aqueles que o governo considera adversários nos
governos dos estados, no Legislativo e no Judiciário?
Novo dossiê contra adversário — O
“Museu da Democracia” do Instituto Lula reunirá as evidências todas das novas
conspiratas do petismo contra o candidato da oposição em 2010, com a criação de
bunker para fazer dossiês com acusações falsas e a quebra do sigilo fiscal de
familiares do candidato e de dirigentes tucanos?
Uso da máquina contra governos de adversários —
A mobilização da máquina federal contra o governo de São Paulo em episódios
como o da retomada da Cracolândia e da desocupação do Pinheirinho entrará ou
não no “Memorial da Democracia” como ato indigno do governo federal?
Apoio a ditaduras — O sistemático apoio que os
petistas empenham a ditaduras mundo afora estará devidamente retratado no
“Memorial da Democracia”? Veremos Lula a comparar presos de consciência em Cuba
a presos comuns no Brasil? Veremos Dilma Rousseff a comparar os dissidentes da
ilha a terroristas de Guantánamo?
Poderia passar aqui a noite listando as
vigarices, imposturas, falcatruas e tentativas de fraudar a democracia
protagonizadas por petistas e por governos do PT. As que se leem são apenas as
mais notórias e conhecidas.
NÃO! ERRAM AQUELES QUE ACHAM QUE QUERO
IMPEDIR LULA — E O PT — DE CONTAR A HISTÓRIA COMO LHE DER NA TELHA.
QUEM GOSTA DE CENSURA SÃO OS PETISTAS, NÃO EU! O Apedeuta que conte o mundo
desde o fim e rivalize, se quiser, com Adão, Noé, Moisés ou o próprio Deus,
para citar alguém que ele deve julgar quase à sua altura. MAS NÃO HÁ DE SER COM
O NOSSO DINHEIRO.
A conversa de que o memorial será uma
instituição suprapartidária é mentirosa desde a origem. Supor que Paulo
Vannuchi — JUSTAMENTE O RESPONSÁVEL POR AQUELE PLANO SINISTRO QUE DIZIA
SER DE DIREITOS HUMANOS E QUE PREVIA CENSURA PRÉVIA — e Paulo Okamotto
possam ter qualquer iniciativa que não traga um viés petistas é tolice ou
má-fé.
Herói é você, leitor!
Espalhe de novo este texto. Herói é você, que sobrevive no Brasil mesmo com a classe política que aí está, não Lula. Ele é só um contumaz sabotador de governos alheios, que agora pretende, com a privatização de terreno e dinheiro públicos, erguer o Museu das Imposturas. De resto, basta que ele estale os dedos, e haverá empresários em penca dispostos a lhe encher as burras de grana.
Por que essa verdadeira compulsão pelo
nosso dinheiro, Lula?
Por Reinaldo Azevedo
Frase do Dia
Deboche
“Deem a manchete com letras garrafais: a Câmara vai conceder reajuste
para os servidores dos gabinetes.”
Marco Maia (PT-RS), presidente da
Câmara, confirmando que a partir de 1 de julho a verba de gabinete dos
deputados aumentará de R$ 60 mil para R$ 78 mil
Espero tenham lido os dois textos e aproveitado as
lições nele inclusas, digam-me se o que Reinaldo Azevedo nos mostra no segundo
que grifei em vermelho, mais da metade dos fatos já não seriam dignos de
deposição deste partido sujo e de seu líder do lugar que estão hoje, e,
acredito concordam comigo que covardes somos nós, incapazes somos nós, e não como
a maioria acredita, ser os paraguaios, história contadas com verdades mostram
que nem tudo é o que parece. Reflitam.
Juarez Capaverde
Até amanhã
As fotos inseridas o foram
pelo blogueiro. Juarez Capaverde
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