Bom dia, O ÓDIO DE LULA é latente, se
vê em seu semblante quando fala de seus adversários, em parte a culpa deste
sentimento deve ser o rancor por sua doença recente o que provocou a deteriorização
de seu corpo, antes com tanta vitalidade, e hoje, fraco e dependente de outros
para lhe ampararem, por já ter se comparado a Deus, talvez este sentimento seja
parte dirigido a Ele, e por conseqüência a todos que não seguem seus próprios
preceitos, não comunguem suas idéias ideológicas, adversários não são meros
adversários, são inimigos, e como tal, devem ser exterminados, este é o verdadeiro
LULA, observem suas atitudes, ouçam suas palavras, e terão a confirmação do que
aqui escrevo, abaixo transcrevo e divulgo o artigo do jornalista Reinaldo
Azevedo, cujo texto nos contempla com fatos e cuja constatação melhor os
definiu. Leiam;
IMPRENSA
LIVRE – Outro texto do mesmo jornalista nos leva
ao assunto que transcrevi no blog de ontem, teremos que tomar cuidado, muito
cuidado com as investidas do PT de tentar amordaçar a imprensa, imprensa esta
que está a mostrar os erros e os mal-feitos do governo petista em todas as áreas
que governam, eles não gostam disto, por quererem se eternizar no poder como
seu grande líder LULA o quer, atiram mentiras e inverdades contra esta imprensa
que não reza por sua cartilha, esta imprensa que está nos mostrando quem de
fato são os líderes petistas e suas reais intenções, as de tornarem o Brasil um
ditadura, regida por princípios pragmáticos e ideológicos que se afastam da
verdadeira democracia, querem nos tornar um país subserviente ao Estado que
dita todas as regras delimitando até onde o povo pode ir, o que pode assistir,
o que pode ouvir e o que pode ler, para assim se tornarem os líderes eternos
sem que se possa contrariá-los nem contestá-los como ocorre em países que
admiram como Cuba e outros. Leiam;
SIGILOS
E SEGREDOS – A maioria dos participantes da CPI, claro
petistas e seus aliados, querem que tudo que ocorre nesta CPI seja mantido em
sigilo, em segredo, ora se estamos tendo uma CPI para mostrar a corrupção que
existem em órgãos públicos em todo este imenso país, se tem a máxima de “segredo
de justiça” para o que se está investigando, então para que a CPI, se não for para
mostrar ao povo quem está se beneficiando do dinheiro público, quem são os
corruptores e os corruptos, não haveria necessidade de CPI, bastava que os órgãos
envolvidos como Policia Federal e Ministério Público continuassem e levassem os
acusados à justiça, é brincadeira, tudo escondido assim o quer os Sr. Presidente
Vital do Rego e o Sr. Relator Odair Cunha, e um dos maiores defensores deste
sigilo chama-se, pasmem, Fernando Collor de Melo! Leiam;
CPI
DO CACHOEIRA - Se tudo seguisse o ordenamento natural,
sem a interferência de “cardeais” dos partidos envolvidos, sejam eles do
governo ou da oposição, esta CPI seria de vital importância para o país enfim “arrumar”
a casa e tentar banir a corrupção do meio político, porem já há indícios que
isto não se realizará, principalmente por estarem no comando pessoas envolvidas
com os partidos que serão mais atingidos o PT e o PMDB, infelizmente, para o
povo brasileiro será mais uma pizza gigante feita por este congresso que está a
nos mostrar que não querem mudanças, principalmente mudanças que atinjam muitos
nomes até então tido como insuspeitos. Para que possam continuar a enganar o
povo, tudo farão para que as falcatruas do governo não sejam abertas e
colocadas a público, isto porque se mostraria quem de fato são os líderes
partidários que tudo fazem para se manterem no poder sem de fato estar pensando
no povo e nas suas necessidades, dê-lhes migalhas que estarão felizes, e nós nos
manteremos aqui eternamente, este é o pensamento que os inspira. Leiam;
LULA ESTÁ COM ÓDIO E ABRAÇADO A SEU RANCOR! ELE É HOJE O ÚNICO RISCO QUE ENFRENTA O GOVERNO DILMA. OU: AINDA QUE A GRITARIA SUGIRA O CONTRÁRIO, OS TOTALITÁRIOS JÁ PERDERAM
Considero este texto um dos mais importantes já publicados neste blog. Se gostarem, ajudem a divulgá-lo.
*
Eu não gosto da expressão “passar a história a limpo”. Tem apelo inequivocamente totalitário. Fica parecendo que vivemos produzindo rascunhos e que a história verdadeira nos aguarda em algum lugar. Para tanto, teríamos de nos submeter às vontades de um líder, de uma raça, de uma classe ou de partido para atingir, então, aquela verdade verdadeira. A gente sabe aonde isso já deu. Nos milhões de mortos dos vários fascismos e do comunismo.
Assim, não existe história
a ser “passada a limpo”. Os países que alcançaram a democracia política, como
alcançamos, têm é de lutar para tirar da vida pública os corruptos, os
aproveitadores e os oportunistas. Isso é “passar a limpo”? Não! isso é melhorar
quem somos. Não por acaso, antes que prossiga, noto que Luiz Inácio Lula da
Silva é um dos herdeiros dessa visão totalitária supostamente saneadora — daí o
seu mentiroso “nunca antes na história destepaiz“,
como se fosse o fundador do Brasil.
A CPI do Cachoeira poderia
ser — pode ser ainda, a depender do andamento, vamos ver — mais uma dessas
oportunidades em que práticas detestáveis dos subterrâneos da política vêm à
luz, permitindo punir aqueles que abusaram dos cofres públicos, das
instituições e da boa-fé dos brasileiros. Ocorre que há uma boa possibilidade
de que isso não aconteça.
E por quê? Porque Lula está com ódio. Um ódio
injustificado. Um ódio de quem não sabe ser grato. Um ódio de quem não encontra
a paz senão exercendo o mando. É ele quem centraliza hoje os esforços para que
a CPI se transforme num tribunal de acusação da Procuradoria Geral da
República, do Supremo Tribunal Federal e da imprensa independente. E já não
esconde isso de seus interlocutores.
A presidente Dilma Rousseff, cujo governo
não é do meu gosto — e há centenas de textos dizendo por que não — já deve ter
percebido (e, se não o percebeu, então padece de uma grave déficit de atenção
política): o risco maior de desestabilização de seu governo não vem da oposição
ou do jornalismo que leva a sério o seu trabalho. O nome do risco é Lula.
Ele quer se vingar. Mas se
vingar exatamente do quê? Não há explicação racional para o seu rancor, como
vou demonstrar abaixo. Já foi, sim, um elemento que ajudou a construir a
democracia brasileira — não mais do que isto, friso: uma personagem que
participou de sua construção. Nem sempre de modo decoroso.
Em momentos cruciais, para
fortalecer seu partido, atuou como sabotador. Mas o sistema que se queria
edificar era mais forte do que a sua sabotagem. Negou-se a homologar a
Constituição; recusou-se a participar do Colégio Eleitoral; opôs-se ao Plano
Real; disse “não” às reformas que estão hoje da base da estabilidade que aí
está… A lista seria longa.
Mesmo assim, ao participar do jogo
institucional (ainda que sem ter a devida clareza de sua importância), deu a
sua cota. Agora que o regime
democrático está estabelecido, Lula se esforça para arrastar na sua pantomima e
na do seu partido alguns dos pilares do estado democrático e de direito.
Por quê? Seria seu senso de
justiça tão mais atilado do que o da maioria? É a sua intolerância com
eventuais falcatruas que o leva hoje a armar setores do seu partido e da base
aliada para tentar esmagar a Procuradoria, o Supremo e a imprensa? Não! Lamento
ter de escrever que é justamente o contrário: o que move a ação de Lula, infelizmente, é o esforço para proteger os
quadrilheiros do mensalão. Uma coisa é certa: outros líderes,
antes dele, já deram guarida a bandidos. O PT não fundou a corrupção no Brasil.
Mas só Lula e seu partido a transformaram num fundamento ético a depender de
quem é o corrupto. Se aliado, é só um herói injustiçado.
E Lula, por óbvio, deveria estar com o coração pacificado, lutando para fortalecer as instituições, não para enfraquecê-las. Um conjunto de circunstâncias — somadas a suas qualidades pessoais (e defeitos influentes) — fez dele o que é. Em poucas pessoas, o casamento da “virtù” com a “fortuna” foi tão bem-sucedido. O menino pobre, retirante, tornou-se presidente da República, eleito e reeleito, admirado país e mundo afora. Podemos divergir — e como divergimos! — dessa avaliação, mas nada disso muda o fato objetivo. Quantos andaram ou andarão trajetória tão longa do ponto de partida ao ponto de chegada?
Lula deveria ser grato aos
aliados e também aos adversários. Qualquer um que tenha um entendimento mediano
da história sabe como os oponentes ajudam a formar a têmpera do líder,
oferecendo-lhe oportunidades. Não há, do ponto de vista do Apedeuta, o que
corrigir no roteiro. O destino lhe foi extremamente generoso. Sua alma deveria
estar em festa. E, no entanto, ele sai proclamando por aí que chegou a hora de
ajustar as contas. Com quem? Com quê?
Não farei aqui a linha
ingênuo-propositiva, sugerindo que o ex-presidente deixe a CPI trabalhar sem
orientação partidária, investigando quem tem de ser investigado, ignorando que
há forças políticas em ação e que é parte do jogo a sua articulação para se
defender e atacar. Isso é normal no jogo democrático. O que não é aceitável é esse esforço para eliminar
todas as outras — à falta de melhor designação, ficarei com esta — “instâncias
de verdade” da sociedade. Instâncias que são, reitero, instituições basilares
da democracia.
Lula e seus sectários
chegaram ao ponto em que acreditam que o PT não pode conviver com uma
Procuradoria-Geral da República que não seja um braço do partido; com um
Supremo Tribunal Federal que não seja uma seção do partido; com uma imprensa
que não seja uma das extensões do partido. Todos eles têm de ser desmoralizados para que, então, o PT surja no
horizonte realizando a sua vocação: SER A ÚNICA INSTÂNCIA DE VERDADE. Na conversa que manteve
anteontem com petistas, em que anunciou — POR CONTA PRÓPRIA — que o governo vai
avançar sobre a mídia, Rui Falcão, presidente do PT, foi claríssimo:
“(a mídia) é um poder que contrasta com o nosso governo desde a subida do (ex-presidente) Lula, e não contrasta só com o projeto político e econômico. Contrasta com o atual preconceito, ao fazer uma campanha fundamentalista como foi a campanha contra a companheira Dilma (nas eleições presidenciais de 2010).”
“(a mídia) é um poder que contrasta com o nosso governo desde a subida do (ex-presidente) Lula, e não contrasta só com o projeto político e econômico. Contrasta com o atual preconceito, ao fazer uma campanha fundamentalista como foi a campanha contra a companheira Dilma (nas eleições presidenciais de 2010).”
Ou por outra: o bando heavy metal do PT considera que as
instituições da democracia ocupam o seu espaço vital, sufocam-no. Se o partido
foi vitorioso e chegou ao poder segundo os instrumentos democráticos, uma vez
no topo, é preciso começar a eliminá-los. Esses petistas entendem a política
segundo uma linha supostamente evolutiva de que eles seriam os mais aptos.
Qualquer outra possibilidade significa um retrocesso. É um mito da velha
esquerda, herdado, sim, lá do marxismo — ainda que o partido não seja mais
marxista nos fundamentos econômicos. Da velha teoria, herdou a paixão pelo
totalitarismo.
Já vimos isso antes na história. Na América Latina, a Argentina assiste a um processo ainda mais agressivo, conforme revela matéria da VEJA na edição desta semana (falo a respeito em outro post). Os regimes autoritários ou a depredação da democracia não surgem sem justificativas verossímeis e sem o apoio de muitos inocentes úteis e inúteis.
Procedimentos corriqueiros
do jogo democrático e do confronto de ideias começam a ser ideologicamente
demonizados para que venham a ser considerados crimes. Voltem à fala de Rui
Falcão. A simples disputa eleitoral, para ele, é chamada de “manifestação de
preconceito” das oposições. A vigilância que toda imprensa deve exercer numa
democracia é tratada como ato de sabotagem do governo. E ninguém estranha, é
evidente, que VEJA esteja entre os alvos preferenciais dos autoritários.
Aqui e ali alguns tontos se
divertem um tatinho achando que a pinima de Lula e de seus extremistas é com a
revista em particular. Não é, não! É com a imprensa livre. Se VEJA está entre
seus alvos preferenciais, deve ser porque foi o veículo que mais o incomodou.
Então se tira da algibeira a acusação obviamente falsa, comprovadamente falsa,
de que a publicação participou de conspirações contra esse ou aquele. Ora,
digam aí os nomes dos patriotas, com carreiras impolutas, que foram vítimas
desse ente tão terrível (leiam post abaixo). VEJA não convidou os malandros
do mensalão a fazer malandragens. Também não patrocinou as sem-vergonhices no
Dnit. Também não responde pela montanha de dinheiro liberado que não se
transformou nem em estradas nem em obras de reparo.
A revista relatou essas
safadezas. Com quem falou para obter informações que eram do interesse de quem
me lê de outros milhões de brasileiros? Isso não é da conta de Lula! Ele, como
sabemos, só dialoga com a fina flor do pensamento… Só que há uma diferença
importante: um jornalista que se respeita não fala com vigaristas para ser ou
manter o poder. Se o faz, é para denunciar o poder! E assim foi, o que rendeu a
demissão de corruptos e a preservação do patrimônio público.
É claro que isso excita a
fúria dos totalitários. Na Argentina, a tropa de Cristina Kirchner costuma ser
ainda mais criativa — e, em certa medida, grosseira — do que seus pares
brasileiros. Por lá, a agressão à imprensa chegou mais longe. Começou com uma
rusga com o Clarín, que apoiava o casal Kirchner. Agora, trata-se de um confronto
com o jornalismo livre. A exemplo do que ocorre no Brasil, uma verdadeira horda
está mobilizada pelo oficialismo para destruir a democracia. Também lá, a
subimprensa alugada pelo poder, conduzida por anões morais, ajuda a fazer o
serviço sujo.
Lula e seus extremistas estão indo longe demais! Quando um secretário-geral da Presidência reúne deputados e senadores do seu partido, como fez Gilberto Carvalho, para determinar que o centro das preocupações da CPI deve ser o mensalão, esse ministro já não se ocupa mais do governo, mas de um projeto de esmagamento da boa ordem democrática; esse ministro não demonstra interesse em identificar e pedir que a Justiça puna os corruptos, mas em impedir que outros corruptos sejam punidos. E por quê?
Porque Lula está com ódio? De
várias maneiras, o seu conhecido projeto continuísta se mostra, hoje,
impossível. Não é surpresa para ninguém que mais apostavam no naufrágio de
Dilma algumas alas do PT que nunca a consideraram petista o suficiente do que
propriamente a oposição.
Estaria eu flertando com o governo, como
disseram alguns tontos? Ah, tenham paciência! Não mudei um milímetro a minha
avaliação sobre a gestão Dilma Rousseff e sempre escrevi aqui — vejam lá! — que
as denúncias de lambanças feitas pela imprensa livre, seguidas das
demissões, fariam bem à sua imagem e à sua reputação. Está em arquivo. Sei o
que escrevo e tenho, alguns podem lamentar, uma memória impecável. Assim, a
presidente não me decepciona porque eu não esperava mais do que isso. Também
não me surpreende porque eu não esperava menos do que isso.
Contrariados estão alguns
fanáticos do petismo que acreditam que há certos “trancos” na democracia que só
podem ser dados por Lula. Sim, eles têm razão. Infeliz E felizmente, só Lula poderia fazer
certas coisas. E não vai fazê-las. Não se enganem, não! A avaliação de Dilma lá
nas alturas surpreende e decepciona os que apostavam no retorno de Lula. Eu não
tenho nada com isso porque nunca fui dessa religião… Ou melhor: até fui, quando
era menino e pensava como menino, como diria o apóstolo Paulo… Depois eu
cresci.
Lula tenta
instrumentalizar essa CPI para realizar a obra que não conseguiu realizar
quando era presidente: destruir de vez a oposição, botar uma canga na imprensa
e “passar a história a limpo”, segundo o padrão do revisionismo petista. Mas a
democracia — e ele tantas vezes foi personagem minúscula de sua construção,
quando poderia ter sido maiúscula — não vai deixar. Não conseguirá arrastar as
instituições em seu delírio totalitário. Tenham a certeza, leitores: por mais
que o cerco pareça sugerir o contrário, esse coro do ódio é expressão de uma
luta perdida. E a luta foi perdida por eles, não pelos amantes da democracia.
Por Reinaldo Azevedo
II-
SIM, O JORNALISMO PRECISA TOMAR CUIDADO PARA NÃO SERVIR AO CRIME ORGANIZADO E ÀQUELES QUE QUEREM DESMORALIZAR A DEMOCRACIA
Uma coisa vocês não podem
negar a este escriba, não é? Desde o primeiro dia, apontei a ação dos petistas
— encabeçados por Lula, José Dirceu e Rui Falcão — para usar as tramoias de
Carlinhos Cachoeira e seu grupo para tentar melar o processo do mensalão e para
intimidar a imprensa. A coisa agora é escancarada! Ontem, Rui Falcão (ver posts abaixo) perdeu qualquer
restinho de pudor e declarou que a “mídia” será o próximo alvo do governo.
Tudo indica que falou
apenas em nome da banda heavy metal
do PT, não do Planalto. Trato do assunto em outro post. Muito bem. “Melar” o
mensalão compreende, entre outras coisas, um esforço para desmoralizar
ministros do Supremo Tribunal Federal e o procurador-geral da República,
Roberto Gurgel. A imprensa independente — aquela que não é financiada com
dinheiro público nem é subordinada a uma rede criminosa montada na Internet
(isso ainda vai dar o que falar, anotem aí) — tem de tomar cuidado para não
fazer, involuntariamente, o serviço da bandidagem. Infelizmente, aqui e ali,
isso está acontecendo. Dado o pano de fundo, exporei aqui um caso emblemático.
Antes de fazê-lo, no entanto, é preciso proceder a uma digressão para
esclarecer algumas coisas.
Começa a digressão
Já escrevi aqui — e Eurípedes Alcântara, diretor de Redação da VEJA, divulgou uma Carta de Princípios a respeito da ética no jornalismo — que a qualidade moral da fonte não faz a qualidade da informação. Uma pessoa decente e muito bem-intencionada pode induzir um repórter ao erro. Um bandido pode dar uma informação relevante. O importante é o jornalista saber para quem está trabalhando. Não tenho receio nenhum de debater abertamente o que alguns vagabundos andam dizendo sobre VEJA. O inquérito que veio a público demonstra que o profissional da revista trabalhava a serviço da verdade e do interesse público. Quanto mais isso fica evidente, mais a corja radicaliza na retórica.
A reportagem recebeu
informações de Cachoeira? Também dele, a exemplo de uma penca de jornalistas.
Ou algum repórter investigativo de Brasília se orgulha de só falar
com beatos e beatas??? Matérias foram feitas só com informações do
dito-cujo? Isso é uma piada, uma fantasia! Tanto as reportagens de VEJA eram
fundamentadas, com dados inquestionáveis, que muitas delas estão, sim, na raiz
da demissão de ministros e servidores.
Mas atenção! Quem demite é a presidente Dilma Rousseff. VEJA não
tem esse poder. Se a primeira mandatária tomou tal decisão, encontrou
certamente razões muito fortes para tanto. Não deve ter sido só
para não deixar chateada a equipe da revista, certo?
Jornalista não tem de fazer
um tribunal de moral e cívica antes de falar com a fonte. Tem é de ter a
certeza de que não trabalha para ela, mas para o interesse público. E tem de
apurar muito bem os fatos, reitero, para não servir a bandidos, como fizeram,
querendo ou não, os que sustentavam a veracidade do Dossiê Cayman. Naquele
caso, sim, em vez de apuração, decidiu-se dar crédito à conversa de vigaristas.
Tentaram, por exemplo, fazer de Luiz Antonio Pagot uma pobre vítima do
inexistente complô VEJA-Cachoeira. Gravações que vieram a público, conforme demonstrei
aqui, mostram o ex-chefão do Dnit
se entendendo com a turma de Cachoeira. Vale dizer: aquela acusação era só uma
vingança dos ressentidos com VEJA. Ressentidos por quê? Alguns porque perderam
a boquinha. Outros porque não se conformam com o fato de o Brasil ser uma
democracia — não é mesmo, Rui Falcão?
Vale dizer: o que dizem
Cachoeira e seus rapazes — ou os seres mais impolutos — não pode ir parar nos
sites, revistas e jornais sem que se verifique a veracidade das acusações. Ou
se corre o risco de, sob o pretexto de combater a bandidagem, agredir
instâncias do estado de direito. Como quer José Dirceu. Como
quer Lula, Como quer Rui Falcão. Fim da digressão.
Agora o caso
Ontem, o Estadão Online publicou um texto de Ricardo Brito, da Agência Estado, cujo título era: “Grupo de Cachoeira tentou interferir em habeas corpus”. O busílis era o seguinte: o prefeito de Piraquê (TO), Olavo Júlio Macedo, estava preso, e a turma o queria solto. Gleyb e Eney, dois homens do esquema do contraventor, conversam a respeito do caso e dizem que será julgado o habeas corpus. Muito bem. Transcrevo em vermelho um parágrafo da reportagem. Leiam com atenção. Volto em seguida:
Às 15h30 daquele dia, Gleyb
disse, em telefonema a um interlocutor não identificado pela PF, que estava no Senado para se encontrar com Demóstenes
Torres (sem partido-GO), suspeito de envolvimento com
Cachoeira. Às 16h44, o integrante do grupo de Cachoeira afirmou, em nova
ligação, que iria passar em um ministério e no Supremo.
Um minuto depois, Gleyb pergunta, numa ligação para Eney, se há “mais alguma coisa” para conversar. O advogado responde que é preciso manter contato no Supremo, visando liberar o prefeito cujo habeas corpus estava com Gilmar Mendes.
Um minuto depois, Gleyb pergunta, numa ligação para Eney, se há “mais alguma coisa” para conversar. O advogado responde que é preciso manter contato no Supremo, visando liberar o prefeito cujo habeas corpus estava com Gilmar Mendes.
Leram
O que o trecho sugere? O óbvio! Que Demóstenes e o tal Gleyb foram falar com Gilmar Mendes em favor do prefeito. Isso se deu no dia 9 de junho do ano passado. O senador ainda era uma referência de severidade e correção até para seus adversários. Ouvido, o ministro diz que ninguém foi procurá-lo. MAS ATENÇÃO! SE ALGUÉM O PROCUROU OU NÃO, ISSO É IRRELEVANTE. O RELEVANTE VEM AGORA!!!
GILMAR MENDES NEGOU DUAS VEZES A
CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS AO TAL PREFEITO! No
dia 29 de junho e no dia 5 de dezembro de 2011. Muito bem! Agora faço a
pergunta essencial para que avaliemos os riscos que estamos correndo com certo
tipo de apuração e reportagens que andam na praça — mesmo na imprensa que tem
compromisso com a seriedade.
Lá vai:
E SE GILMAR MENDES TIVESSE RECONHECIDO MOTIVOS TÉCNICOS, JURÍDICOS, PARA CONCEDER O HABEAS CORPUS?
Agora o ministro estaria lascado, e aquela fala serviria como evidência de que ele estaria trabalhando para o grupo de Carlinhos Cachoeira. Por sorte, ele entendeu duas vezes que o pedido de habeas corpus era descabido.
Entenderam?
Vocês entenderam a natureza da questão? Uma coisa é o que a gangue diz entre si, suas bravatas, suas demonstrações de influência. Outra, distinta, são os fatos. O repórter afirma: “Esta é a segunda vez que pessoas ligadas a Cachoeira aparecem em grampos telefônicos comentando casos que estão nas mãos Mendes.” Incrível! Mesmo com a evidência de que a decisão do ministro não atendeu às expectativas da turma, mantém-se a sombra da suspeita. Na primeira vez, num caso envolvendo uma estatal de Goiás, Demóstenes faz referência a um procedimento regular de Mendes, que não teve mérito ainda decidido. Revela apenas a sua expectativa. Mesmo assim, o senador apresenta a coisa como decorrência de sua influência.
Ora, ministros do Supremo,
agora, não são mais livres para decidir segundo a lei. Habeas corpus? O jeito
vai ser dizer sempre “não”! Vai que surja uma conversa de alguém: “Ah, já falei
com o ministro X, está tudo certo!” Cada membro do Supremo teria de ter o seu
próprio sistema “Guardião” e grampear o país inteiro. Só assim teriam a certeza
de que sua decisão estaria a salvo de ilações.
O mal que Demóstenes fez
Um episódio como esse dá conta do mal que Demóstenes fez à política — muito maior do que ele imagina, acho. Ele era um medalhão do Senado. Um senador manter conversar com ministros do Supremo, do STJ, ministros de estado, autoridades etc. é parte do jogo. Quem lhe recusaria, em princípio, uma audiência? Que diabos, no entanto, ele dizia a seus interlocutores sobre esses encontros? Num outro pleito seu, já nem me lembro sobre qual assunto, não diz ele que mantinha boa conversa com a ministra do Meio Ambiente? Não se relacionou, também, com autoridades dos ministérios da Educação e da Saúde?
Este caso em que o nome de
Mendes é citado deveria servir de alerta para os jornalistas que lidam com o
material que foi vazado sobre o inquérito — a propósito: suponho que os
vazadores sejam as carmelitas descalças, né? O ministro poderia ter concedido o
habeas corpus de boníssima-fé. E estaria agora encalacrado.
Não estão por aí os
criminosos da Internet a sustentar que as fitas que traziam imagens do “governo
paralelo” de Dirceu — fitas do circuito interno do hotel, reitere-se — foram
passadas à VEJA por Cachoeira em troca de uma reportagem favorável a bingos
eletrônicos? Cadê a reportagem? Se alguém a encontrar, nunca mais escrevo uma
linha!
É bom botar essa bola no
chão. Jornalistas decentes só querem a verdade. E têm de ter claro que há
vigaristas querendo apenas as instituições — para destruí-las.
Por Reinaldo Azevedo
III-
Ai, ai… Vamos a um debate em que todos falam, e ninguém tem razão? Ou: Sigilos, vazamentos selecionados e crimes
O senador Fernando Collor (PTB-AL) entrou numa altercação com seus colegas de CPI por conta do sigilo do inquérito e das informações que circulam e vão circular na comissão. Reproduzo trechos do que relatam Gabriela Guerreiro e Rubens Valente na Folha Online. Volto em seguida.
*
O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) cumpriu nesta quarta-feira (2) a promessa de agir na CPI do Cachoeira como uma espécie de “guardião” do sigilo do inquérito que investiga o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), encaminhado hoje à comissão.
Ao falar na CPI, Collor
disse que o presidente, o relator e todos os integrantes da comissão podem ser
responsabilizados judicialmente se houver vazamento do inquérito - apesar do
seu conteúdo estar disponível na internet. Collor trocou farpas com o
senador Pedro Taques (PDT-MT), ex-procurador de Justiça, que defendeu a
abertura de todos os documentos. “Estamos em brincadeira da carochinha. Esse
inquérito inteiro está na internet. A Constituição afirma que o sigilo é a
exceção. A regra é a publicidade”, disse Taques.
Collor, por sua vez, afirmou
que a decisão foi tomada pelo presidente da mais alta Corte do país, por isso
não podem ocorrer vazamentos. “Não é uma decisão de juiz de primeira instância.
Vossa Excelência, bem como o senhor relator, são responsáveis primeiros por
qualquer vazamento que haja, e estarão passíveis de receberem punição pelo
rigor da lei.”
Taques e o senador Álvaro Dias (PSDB-PR)
pediram ao presidente da CPI, senador Vital do Rego (PMDB-PB), para solicitar
ao STF o fim do sigilo –uma vez que o inquérito está público na internet.
(…)
(…)
Ao rebater a posição de Taques, Collor afirmou que o Supremo foi “taxativo” ao determinar o sigilo. “O presidente do STF é presidente de um Poder. O Ministério Público, diferentemente do que alguns achem, pensem ou idealizem, não se constitui um quarto Poder. Fala pelo Judiciário o presidente daquela mais alta Corte de Justiça do país.” (…)
Num ataque à imprensa e a
colegas, o senador disse que “hipócritas são aqueles que fornecem informações
por debaixo dos panos a alguns confrades, e fazem dessas informações o uso que
lhes convier”. Ao criticar a atuação de jornalistas, Collor disse que existe
uma “coabitação criminosa entre confrades e alguns parlamentares” do Congresso
que fornecem informações “em troca da publicação de notícias favoráveis”.
Na defesa da posição de
Taques, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) disse que manter o sigilo do
inquérito seria proteger o investigado –no caso, o empresário do ramo de jogos
ilegais Carlos Cachoeira. “Pode vir o despacho da mais ilustre autoridade do planeta,
mas a minha posição está subordinada à Constituição”, afirmou Teixeira.
(…)
(…)
Leram
Eita! Collor também já me processou. A Justiça não acolheu o seu pleito. Assim, deixo claro, de saída, que não somos da mesma enfermaria, como costumo brincar. Estivéssemos debatendo questões de mérito, qualquer advogado minimamente informado diria que ele tem razão. Se a Justiça determinou o sigilo do inquérito, sigiloso ele tem de ser. Se há vazamento, quem vazou cometeu um crime.
Também é verdade essa espécie de conluio que
ele apontou. Vazamentos são sempre selecionados e atendem aos interesses dos
vazadores. Mas aqui cabe uma ressalva importante: jornalistas não são guardiões
de sigilo. Sua obrigação é publicar o que sabem, não esconder. Quem tem
autoridade funcional de preservar o segredo de Justiça que o faça. Os
repórteres tentarão sempre furar a couraça.
É evidente que, também
nessa área, o país vive numa baita esculhambação. Sigilos não duram cinco
minutos. Sua decretação, por incrível que pareça, em vez de proteger a
investigação e torná-la imune a pressões, acaba servindo ao banditismo. Se a
fala de Collor (não ele necessariamente) tem razão no mérito, não a tem na
ordem prática das coisas. O que estou dizendo? Sigilo praticamente não existe.
O melhor mesmo é dar um fim
oficial a essa prática. Pronto! Ou, caso seja preservada, que o estado
brasileiro se organize para punir vazadores — deixando os jornalistas fora de
qualquer ação restritiva. Sua função será sempre tentar saber!
O caso do inquérito de
Demóstenes Torres é um exemplo de sigilo pernicioso. Por mais de um mês, antes
do vazamento da íntegra do inquérito, prosperou na esgotosfera (no “JEG” e na
“BESTA”) a fantasia mentirosa — a partir de vazamento de trechos de
diálogos fora de qualquer contexto — segundo a qual jornalista da VEJA estaria
mancomunado com Cachoeira etc e tal.
Agora que se conhece a íntegra do
inquérito, tem-se o quê? Nada! Ou melhor: tudo! Tem-se um atestado de correção
profissional. VALE DIZER: UMA ALA DOS VAZADORES ESTAVA INTERESSADA APENAS EM
ATACAR A IMPRENSA INDEPENDENTE. Nada mais! A íntegra do inquérito trouxe a
evidência de que o esquema Cachoeira tentou foi abafar uma reportagem da VEJA
que começava a desvendar o enigma Delta.
O SIGILO PRECÁRIO E NÃO
GARANTIDO É MUITO PIOR DO QUE SIGILO NENHUM! A fala de Collor traz um
fundamento que deveria, com efeito, ser seguido. Não haveria jurista no país
que pudesse dizer o contrário. Enquanto o sigilo existir, ele tem de
ser preservado.
Mas chegou a hora de mudar: exceção feita
a inquéritos que digam respeito, eventualmente, à segurança nacional e cuja
divulgação poderia pôr em risco a segurança da coletividade, não vejo por que
decretar sigilo. Vamos parar de fingir! Mas noto no
arremate: também nesse caso, não defendo impunidade, não! A lei ainda não
mudou. E os vazadores têm de ser identificados e punidos — o que não vai
acontecer.
Por Reinaldo Azevedo
IV-
Uma CPI para investigar a farra entre o público e o privado
Comissão criada para mapear o crescimento da construtora Delta e seus negócios nebulosos com políticos em todo o país tem a chance de fazer a maior faxina desde o escândalo do mensalão
Daniel Pereira,
Otávio Cabral e Rodrigo Rangel - Veja
INTERESSES -Alvo da CPI, Fernando Cavendish, dono da construtora Delta (no centro), é
amigo e cliente de muitos políticos. Na festa ao lado, em Paris, ele
acompanhava o governador Sérgio Cabral, do Rio, onde fatura bilhões em obras.
A CPI para investigar as relações do
contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlos Cachoeira, com políticos e empresas
que têm contratos com a administração pública saiu do papel em alta velocidade.
A gravidade dos fatos levantados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público
— o pagamento de propina a autoridades, a troca de favores entre a máfia do
jogo e parlamentares e a assinatura de contratos públicos azeitados à base de
tráfico de influência — produziu um fato raríssimo: a instalação da CPI contou
com o apoio de governistas e oposicionistas.
O Congresso deu mostras de disposição
para fiscalizar a aplicação dos recursos públicos, uma de suas mais nobres
missões. Se nasceu sem dores, a CPI começou a caminhar com dificuldades.
Aprovado na quarta-feira passada, o plano de trabalho da comissão apenas
tangencia o epicentro das irregularidades apontadas pelos policiais federais e
pelos procuradores.
A CPI decidiu ouvir os coadjuvantes das
malfeitorias, mas, por enquanto, vacila em chamar para depor deputados e
governadores suspeitos de manter relações promíscuas com Cachoeira e a
empreiteira Delta, um colosso da construção civil com obras contratadas por
governos do PT, do PSDB e do PMDB.
A desenvoltura multipartidária da Delta
explica o começo claudicante da CPI que nasceu com o potencial de fazer uma
faxina pública como não se via desde que o escândalo do mensalão foi
destrinchado, em 2005, com o indiciamento de cerca de uma centena de pessoas.
O deputado petista Odair
Cunha, relator da CPI, tentou limitar geograficamente as investigações sobre a
Delta e suas obras no Centro-Oeste. O ex-diretor da empreiteira para aquela
região, Cláudio Abreu, está preso. O plenário da comissão, no entanto, arrancou
do relator a promessa de investigar a atuação da Delta em todo o território
nacional. Está pronto para votação o requerimento de convocação do dono da
Delta, Fernando Cavendish, e de diretores regionais da empresa.
De olho no Mensalão - Petistas
incentivaram a convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel,
apenas para tentar constrangê-lo
"A base governista foi
derrotada. Vamos investigar os aditivos nos contratos da Delta com o Dnit,
principalmente aqueles assinados em períodos eleitorais", avisa o deputado
Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Quando isso será feito — e se realmente será feito,
devido às ligações também multipartidárias de Cavendish — ainda não está
definido.
A comissão ouvirá neste mês os
depoimentos de delegados e procuradores envolvidos na investigação, seguidos de
Cachoeira e seus comparsas presos. O único político com depoimento marcado é o
senador goiano Demóstenes Torres, o, por enquanto, mais notório membro do
esquema de Cachoeira. O Senado abriu um processo por quebra de decoro contra ele,
que pode comparecer à comissão já na condição de parlamentar cassado. Ou seja:
tem-se definida apenas a primeira fase da investigação, que tratará de temas e
personagens cujos feitos e malfeitos são de conhecimento público. Nada além
disso.
Segundo o presidente da CPI, senador
Vital do Rêgo (PMDB-PB), a segunda fase aumentará a temperatura dos trabalhos.
Nela, será travada a "grande batalha" pela convocação das autoridades
de maior calibre. "O vazamento das informações impede a costura de
acordões para abafar a investigação ou poupar autoridades", diz Vital.
Além de Fernando Cavendish,
os governadores Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo
Queiroz (PT-DF) e pelo menos cinco deputados federais ainda não foram
convocados para prestar esclarecimentos. Sobre muitos deles há uma fartura de
indícios de envolvimento com o esquema. Por enquanto, a CPI vai se concentrar
no que já foi revelado. Mas não há garantia de que o universo da apuração fique
restrito. O plano de trabalho de Odair Cunha deixa brechas para investir sobre
qualquer tema: políticos, procuradores, empreiteiras e até a imprensa.
Não está
fechada, portanto, a porta aberta pelo PT para desqualificar o procurador-geral
da República, Roberto Gurgel, defensor da condenação dos mensaleiros no Supremo
Tribunal Federal, e a parte da imprensa que, segundo o ex-presidente Lula, ajudou
a montar a "farsa do mensalão"
.
"Todas as pessoas que foram corrompidas ou cooptadas pela organização
criminosa têm de ser investigadas. Não haverá blindagem nem proteção a quem
quer que seja", disse Odair.
Hoje, há pelo menos duas ofensivas em
marcha para pôr cabresto na CPI. A presidente Dilma Rousseff não quer que a
comissão seja usada com os fins estritamente políticos planejados pela
falconaria petista. Ela tem dito que teme que a comissão domine a agenda
política, paralise o Congresso e prejudique ações do governo. Além disso,
afirma não ter receio de que as investigações atinjam seu governo e lembra que,
se atingirem, não se furtará a demitir os envolvidos com culpa provada — aliás,
como vem agindo desde o início do mandato, o que é um dos motivos de sua
expressiva aprovação popular.
A Delta tem contratos com governos de
todas as cores. Algumas dessas relações já foram reveladas, o que deixou na
berlinda políticos de primeira grandeza do PT, PMDB, PSDB e DEM. O campo já era
fértil para um acordo velado, que vinha sendo costurado às sombras. Mas a
entrada de Sérgio Cabral no palco das investigações tornou as negociações para
abafar o escândalo político mais explícitas.
Há dez dias, o blog do deputado Anthony
Garotinho (PR-RJ), adversário político de Cabral, publica fotos e vídeos de
viagens do governador, sua mulher e seus secretários mais próximos com Fernando
Cavendish a Paris e Mônaco. Em hotéis e restaurantes de luxo, o grupo comemora
aniversários, noivados, casamentos e conquistas políticas e comerciais. Cabral,
considerado um estranho no ninho do PMDB, teve de procurar a cúpula do partido
na semana passada para pedir socorro.
Em conversas com o presidente do Senado, José
Sarney, e com os líderes Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves, ele disse
não estar preocupado com uma investigação policial, pois os vídeos não
comprovam irregularidades. Mas deixou claro que teme o estrago político que uma
exibição desse material, seguida de um depoimento à CPI, possa provocar. "Preciso da ajuda do partido. Se eu tiver de depor na
CPI, não será bom para ninguém", ponderou Cabral. A cúpula
do PMDB aproveitou o pedido do governador para tentar negociar um armistício
com o PT e o PSDB.
Nas conversas, já surgiu até uma
manobra jurídica para empastelar as investigações. A tese que será levantada é
a de que uma CPI do Congresso não tem poder legal para investigar governadores.
Os foros para esse tipo de apuração seriam as assembleias legislativas, não por
acaso controladas pelos governadores. É pouco provável que uma argumentação tão
frágil prospere se a CPI tiver mesmo disposição de elucidar os fatos
denunciados.
Muito provavelmente, o fator
de diminuição do escopo da CPI virá não da Justiça, mas da política. O senador
José Sarney já recomendou ao PT que "controle os radicais",
argumentando que "ninguém tem a ganhar se essa CPI começar a sair do
controle". O recado tem endereço certo: a turma que vê na CPI uma chance
única de desmoralizar o julgamento do mensalão. A primeira ofensiva desse grupo
foi dada na sessão da semana passada, com a tentativa de convocação do
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para depor na CPI.
Sob o argumento de que ele
deve explicar por que retardou a abertura de uma investigação contra Demóstenes
Torres, os petistas querem colocá-lo no banco dos réus da CPI para tentar
desmoralizá-lo. A imprensa é outro alvo que, na estratégia dos radicais,
precisa sair chamuscada da CPI. O presidente do PT, Rui Falcão, deixou mais uma
vez clara essa convicção na sexta-feira quando, em discurso feito em São Paulo,
voltou a defender o projeto de regulamentação dos meios de comunicação, um
eufemismo para a tentativa de controlar a imprensa idealizado pelo ex-ministro
da Comunicação Social Franklin Martins. Para Falcão, "a mídia é um poder
que está conjugado ao sistema bancário e financeiro" e "produz
matérias e comentários não para polarizar o país, mas para atacar o PT e nossas
lideranças".
O cenário inicial da CPI do Cachoeira é
muito semelhante ao da CPI dos Correios, instalada em 2005 a partir da gravação
na qual Maurício Marinho, diretor da estatal, cobrava 3 000 reais de propina, o que deu origem à descoberta
de novos fatos envolvendo dinheiro público e compra de apoios pelo governo.
Aquela CPI nasceu com o intuito de blindar os aliados do governo e era
controlada por parlamentares fiéis ao Palácio do Planalto. Exatamente como
agora. Também tinha o mesmo prazo de atuação: 180 dias. Mas, logo no início dos
trabalhos, depoimentos bombásticos, como o do deputado Roberto Jefferson e o do
marqueteiro Duda Mendonça, incendiaram a comissão e provocaram uma indignação
popular que impediu qualquer tipo de acordo.
A atual comissão também tem fios desencapados
e personagens que podem contar muita coisa. Cachoeira e Cavendish, por exemplo.
Com uma matéria-prima mais modesta do que a produzida pelas operações da PF, a
CPI dos Correios produziu a denúncia do mensalão, a cassação de José Dirceu e
Roberto Jefferson e a renúncia de meia dúzia de políticos, além de tisnar a
imagem imaculada de virgem ética do PT. A CPI do Cachoeira, com seu farto
material, tem potencial ainda maior. Basta que não se torne refém de arranjos
políticos.
Voltei
É isto aí, vamos ver até
onde chegará à hipocrisia dos partidos e pessoas envolvidas neste esquema de
roubalheira que está aparecendo, o desenrolar desta história nos mostrará quem é
quem neste país.
Até amanhã
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